GT3: HORMÔNIOS
ADRENOCORTICAIS
1. Glândulas
adrenais:
As duas adrenais
localizam-se no pólo superior dos rins. Cada glândula é composta por duas
partes distintas, a medula e o córtex.
Medula
adrenal: está
relacionada ao Sistema Nervoso Simpático, e sob a ação deste sistema secreta
epinefrina e noroepinefrina.
Córtex
adrenal: secreta
hormônios chamados de corticosteróides que são sintetizados a partir do
colesterol esteróide.
Camadas
do córtex adrenal:
·
Zona
glomerulosa (mais externa)= produz aldosterona (mineralocorticóide)
·
Zona
fasciculada (média) = produz cortisol e androgênios ---- controle realizado
pelo eixo hipotalâmico – hipofisário através do hormônio adrenocorticotrófico
(ACTH).
·
Zona
reticular (mais interna) = androgênios adrenais: DHEA e androstenediona.
Hormônios
adrenocorticais são derivados do colesterol:
Sabe-se que 20% do colesterol
utilizado pelas adrenais na produção de seus hormônios é produzido por ela
mesmo a partir de acetato, os outros 80% provem do LDL circulante. O LDL
liga-se a receptores específicos contidos em estruturas chamadas de depressões
revestidas nas membranas das células adrenais. Tais depressões são então internalizadas por endocitose e liberam
o colesterol para as células adrenais. Este colesterol sob os mais diversos
estímulos (ACTH, angiotensina II etc) é, na mitocôndria, convertido em
pregnenolona que será enfim utilizada especificamente em cada camada na
produção dos hormônios.
Observe o esquema abaixo que ilustra o
texto:
2. Principais
hormônios glicocorticóides
·
Cortisol – responsável por 95% da atividade
glicocorticóide;
·
Corticosterona – 4 % da atividade glicocorticóide;
·
Cortisona
·
Prednisona (4 X mais potente que o cortisol)
·
Metilprednisona (5 X mais potente que o cortisol)
·
Dexametasona (30 X mais potente que o cortisol)
3. Os
hormônios adrenocorticais ligam-se a proteínas plasmáticas
90 a 95% do cortisol
plasmático se liga a proteínas plasmáticas, dentre elas, a globulina ligadora
de cortisol e a albumina. Isso leva as seguintes decorrências: 1) reduz a
velocidade de eliminação do cortisol do plasma elevando sua meia vida para 60 –
90 minutos e 2)diminui as rápidas flutuações nas concentrações de hormônios
livres como poderia ocorrer, por exemplo, com o cortisol durante períodos de
stress e secreção episódica de ACTH.
4. O
fígado metaboliza os hormônios adrenocorticais
Os esteróides adrenais são
degradados principalmente no fígado formando ácido glicurônico e, em menor
quantidade, sulfatos. Estes compostos são por conseguinte secretados na bile
(25%) e filtrados pelos rins (75%).
5. Efeito
do cortisol no metabolismo dos carboidratos
a) Estimulo
da gliconeogênese: ocorre
por duas ações principais 1) o cortisol aumenta as enzimas necessárias para a
conversão de aminoácidos em glicose pelas células hepáticas (isso é possível,
uma vez que, o cortisol aumenta a transcrição de RNAm no núcleo da célula
hepática que dessa forma pode produzir enzimas em maior escala) e 2) O cortisol provoca a mobilização de
aminoácidos dos tecidos extra-hepáticos disponibilizando mais aminoácidos no
plasma para serem utilizados pelas células hepáticas na gliconeogênese.
b) Redução
da utilização celular de Glicose: o
cortisol retarda diretamente a velocidade de utilização de glicose em algum
ponto entre sua entrada nas células e sua degradação final. Um modelo proposto
consiste no fato de que os glicocorticóides reduzem a oxidação de NADH em NAD+.
Como Tal oxidação é necessária no processo de glicólise fica claro que todo o
processo de utilização de glicose fica comprometido.
c) Diabetes
adrenal: diante da
gliconeogênese e da baixa utilização de glicose ocorre um aumento significativo
da glicose circulante o que aumenta a liberação de insulina pelo pâncreas. No
entanto, sabe-se que os glicocorticóides diminuem a sensibilidade dos músculos
e do tecido adiposo à insulina comprometendo, dessa forma, o armazenamento
desta glicose e gerando um quadro de diabete adrenal
O esquema a seguir procura realizar
uma retomada no que foi dito acima:
6. Efeito
do cortisol no metabolismo das proteínas
a) Redução
das proteínas celulares: realiza
tal ação pelos seguintes mecanismos: 1)redução da transcrição de RNA em quase
todas as células extra-hepáticas o que acarreta na diminuição da síntese
protéica e 2) aumento do catabolismo das proteínas já presentes nas células
b) Cortisol
aumenta as concentrações plasmáticas e hepáticas de proteínas: o cortisol estimula o transporte o
transporte de aminoácidos para o interior das células hepáticas e também a
síntese protéica nestas células. As proteínas são então em parcela liberadas
pelo fígado diretamente no plasma.
No esquema ficará claro a participação do cortisol no metabolismo das
proteínas:
7. Efeito
do cortisol no metabolismo de lipídios
Mobilização
de ácidos graxos: em
processo semelhante ao que acontece com as proteínas no músculo, no tecido
adiposo ocorre uma mobilização de ácidos graxos. Mecanismo: 1) aumento da
oxidação de ácidos graxos nas células e 2) devido a menor quantidade de α-glecerolfosfato
(necessita de glicose) nas células adiposas os ácidos graxos não formam triglicérides
para armazenamento e são liberados na corrente sanguínea. Em momentos de jejum
e de outros estresses os ácidos graxos são a principal fonte de energia
utilizada pelas células.
8.
Estresse e cortisol
Sabe-se que em situações
de stress ocorre uma liberação maciça de cortisol na corrente sanguínea e isso
é possível, pois durante o stress ocorre a liberação também brusca de ACTH pela
hipófise anterior. Situações que poderiam provocar essa secreção exarcebada:
·
Traumas
·
Infecção
·
Variações
intensas de temperatura
·
Injeção
de noroepinefrina ou de outras drogas adrenérgicas
·
Cirurgia
·
Injeção
de substâncias necrosantes sobre a pele
·
Restrição
dos movimentos de um animal
·
Qualquer
doença debilitante.
9. Efeitos
anti-inflamatórios dos altos níveis de cortisol
O cortisol pode agir de
duas formas gerais na atenuação do processo inflamatório, sendo elas: 1)
impedindo o desenvolvimento da inflamação e 2) provocando a resolução da
inflamação. Ambos serão analisados a seguir:
Impedindo
o desenvolvimento da inflamação: isso
é possível graças aos seguintes acontecimentos:
a)
O
cortisol estabiliza a membrana dos lisossomos o que diminui a liberação das
enzimas proteolíticas típicas da inflamação.
b)
O
cortisol diminui a permeabilidade capilar, diminuindo dessa forma: 1) eritema,
2) edema, 3) passagem de leucócitos para o tecido.
c)
Redução
da formação de prostaglandinas e leucotrienos o que diminui a permeabilidade
capilar e a vasodilatação reduzindo, portanto todos os 3 fatores constatados no
item b.
d)
Supressão
do sistema imune principalmente no que diz respeito a linfócitos T,
responsáveis por processos inflamatórios.
e)
Atenua
a febre e consequêntemente a vasodilatação. Isso é possível, pois reduz a
liberação de IL-1 responsável pela estimulação da febre.
Promovendo
a resolução da inflamação:
a)
Bloqueio
da maior parte dos fatores que promovem a inflamação;
b)
Aumento
da taxa de regeneração.
10. Outros
efeitos do cortisol
a)
Cortisol
bloqueia a resposta inflamatória em reações alérgicas evitando o choque
anafilático;
b)
O
cortisol causa imunosupressão decaindo em muito os linfócitos e eosinófilos
presentes na circulação;
c)
O
cortisol aumenta a produção de eritrócitos. Um déficit na secreção de cortisol
pode gerar anemia.
11. Mecanismo
de Ação celular do cortisol
Os processos envolvidos
envolvem a seguinte sequência: 1) o cortisol por ser lipossolúvel passa
automaticamente pela membrana celular, 2) no citoplasma se liga a um receptor
intracelular específico de colesterol (formado pelas proteínas HSP56 e HSP90),
3) o complexo hormônio – receptor, sob o auxilio de fatores de transcrição,
interagem com sequencias regulatórias específicas do DNA denominadas elementos de resposta a glicocorticóides que
agora poderão induzir ou reprimir a transcrição.
Observe na figura abaixo a
atuação dos glicocorticóides (GC) com os receptores (RG):
12. Regulação
da Secreção de Cortisol pelo hormônio adrecorticotrófico (ACTH): para estudar este processo regulatório
dividirei o processo em duas etapas: 1) mecanismos até a liberação do ACTH e 2)
ação do ACTH na adrenal.
Primeira
etapa: nesta primeira
etapa se faz necessário a produção e liberação do ACTH pela hipófise. Tudo ocorre
na seguinte sequencia: 1) síntese de ACTH pela adenohipófise, 2) produção, pelo
núcleo paraventricular do hipotálamo, de fator
liberador de corticotrofina (CRF), 3) liberação do CRF no plexo capilar
primário do sistema porta hipofisário com subseqüente encaminhamento deste hormônio
para a adenohipófise, 4) o CRF estimula a liberação do ACTH inicialmente
sintetizado na hipófise anterior.
Obs.
O núcleo
paraventricular recebe conexões nervosas do sistema límbico e do tronco
cerebral inferior.
Segunda
etapa: nesta etapa
temos a atuação do ACTH na síntese de hormônios adrenocorticais através de
mecanismo de segundo mensageiro. Tudo ocorre na seguinte seqüência: 1) o ACTH
ativa a adeniliciclase na membrana
celular das células adrenais, 2) isso induz a formação de AMPc, 3) o AMPc
atuará como segundo mensageiro ativando enzimas intracelulares que levam a
formação dos hormônios adrenocorticais.
Obs. Uma das enzimas ativadas pelo AMPc é
a proteína quinase A, responsável
pela conversão de colesterol em pregnenolona.
13. Feedback
negativo de controle
O cortisol exerce um
efeito inibitório sobre o núcleo paraventricular reduzindo a produção de CRF e
sobre a adenohipófise reduzindo a secreção de ACTH.
14. Influencia
do circo circadiano
A liberação de CRF e ACTH
é influenciada diretamente pelo circo circadiano. A secreção desses hormônios é
maior no período da manha (20µg/dl) e menores anoite (5 µg/dl).
15. Ação
da epinefrina, noroepinefrina e sistema nervoso simpático (SNS) no metabolismo
da glicose:
A epinefrina, segundo a
literatura, possuí um efeito 5 a 10 vezes mais potente que a noroepinefrina. A
epinefrina aumenta a glicogenólise no fígado e no músculo com conseqüente liberação
de glicose na corrente sanguínea.
A adrenal é estimulada por
fibras simpáticas provenientes do sistema nervoso central e liberam epinefrina
e noroepinefrina na corrente sanguínea que dentre outras funções farão um
feedback positivo com a própria adrenal.
REFERENCIAS
UTILIZADAS
GUYTON TRATADO DE FISIOLOGIA MÉDICA
CAP 77
CAP 60
MAX
Qualquer deficiência no resumo pode ser corrigida caso o leitor participe deixando seu comentário!!
Parabéns pelo resumo do conteúdo! Os fluxogramas ficaram excelentes!
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