GT
1: FISIOLOGIA REPRODUTIVA
AUTOR: JOÃO MAXIMIANO
AUTOR: JOÃO MAXIMIANO
Anatomia envolvida
a)
Hipotálamo: pequena estrutura neural situada
na base do encéfalo, acima do quiasma óptico e abaixo do terceiro ventrículo. Está
conectado diretamente à hipófise e faz parte do encéfalo, que é o local de
origem de muitas secreções hipofisárias. O hipotálamo atua por diferentes feedbacks
com alças longas (hormonios de circulação sistêmica), curtas
(hipotálamo – hipófise) e ultra-curtas (hipotálamo – hipotálamo). Os principais
produtos secretados pelo hipotálamo são os fatores de liberação hipofisários,
dentre os quais no atual estudo é de extrema importancia o GnRH que atua estimulando
a liberação de FSH e LH pela hipófise anterior.
b)
Hipófise: é dividida em tres lobos:
anterior (adenohipófise), intermédio e posterior (neurohipófise). A hipófise
possui células de coloração acidófila secretoras de: GH e prolactina e, em gráu
variável, ACTH. As gonadotrofinas são secretadas por células basófilas, e o TSH
é secretado por cromófobos.
Hormônios reprodutivos do SNC
a)
GnRH (hormônio liberador de gonadotrofina): é um decapeptídeo produzido por neurônios cujos
corpos celulares estão localizados principalmente no núcleo arqueado do
hipotálamo. Esses neurônios projetam axônios que terminam nos vasos porta na
eminência mediana, onde o GnRH é secretado para ser transportado até a hipófise
anterior.
O gene que codifica o GnRH produz uma proteína
precursora de 92 aminoácidos, contendo não apenas o decapeptídeo GnRH, mas
também um peptídeos de 56 aminoácidos associado ao GnRH, ou GAR. O GAR estimula
a liberação de gonadotrofinas e inibe a secreção de prolactina (PRL).
Forma de
secreção do GnRH: o GnRH deve ser
secretado de forma pulsátil. Quando o hormônio é secretado de forma contínua
ocorre um fenômeno denominado “modulação negativa”, no qual o número de receptores de GnRH dos gonadotrofos é
reduzido. No entanto, quando ocorre a secreção pulsátil o fenômeno de “modulação
positiva” predomina aumentando o número de receptores.
A secreção pulsátil é uma propriedade intrínseca ao
hipotálamo e deve ser contínua, pois o GnRH tem uma meia vida muito curta (4
minutos).
Ocorre ainda, uma variação da secreção pulsátil de
GnRH ao longo das fases do ciclo menstrual: 1) a fase folicular é caracterizada
por pulsos frequentes, de pequena amplitude, no final desta fase ocorre aumento
da frequência e da amplitude dos pulsos, 2) durante a fase lútea, porém, há
aumento progressivo do intervalo entre os pulsos. A amplitude é maior que a da
fase folicular, mas diminui progressivamente no período de 2 semanas.
Essa variação na frequência de pulso permite a
variação do LH e do FSH durante o ciclo menstrual. Abaixo segue um exemplo do
que ocorre ao final da fase lútea:
Opióides
endógenos e seus efeitos sobre a secreção de GnRH: opióides endógenos são três famílias relacionadas a
substância naturais produzidas no SNC que representam os ligantes naturais para
os receptores dos opióides. As classes de opióides endógenos são: 1)
endorfinas, 2) encefalinas e 3) dinorfinas.
Sabe-se que as endorfinas tem um importante papel
em inibir a liberação de GnRH no hipotálamo, resultando na inibição da secreção
de gonadotrofinas. Os esteroides sexuais ovarianos, por sua vez, podem aumentar
a secreção de endorfinas reduzindo ainda mais os níveis de gonadotrofinas.
Os níveis de endorfina variam muito durante todo o
ciclo menstrual, com níveis máximos na fase lútea e um nível mínimo durante a
menstruação. A disforia experimentada por algumas mulheres na fase
pré-menstrual do ciclo pode estar associada a uma abstinência de opiáceos
endógenos. Essa fase é conhecida como tensão pré-menstrual (TPM).
b)
Gonadotrofinas (FSH e LH): são produzidas pelos gonadotrofos da hipófise
anterior e são responsáveis pela estimulação folicular ovariana. O FSH e o LH
possuem estrutura semelhante igualando-se na sua subunidade α e diferindo na
subunidade β, que conferem especificidade ao receptor.
Ciclo
menstrual normal
Um ciclo menstruação normal dura de 21 a 35 dias,
com dois a seis dias de fluxo e perda sanguínea média de 20 a 60 ml.
O ciclo menstrual humano normal pode ser dividido
em duas partes: 1) ciclo ovariano e 2) ciclo uterino.
a)
Ciclo ovariano: o ciclo ovariano é subdivido em: 1) fase folicular e 2) fase lútea. A
primeira é caracterizada por um feedback hormonal
que promove o desenvolvimento ordenado de um único folículo dominante que deve
estar maduro no meio do ciclo e preparado para a ovulação. A duração média da
fase folicular humana varia de 10 a 14 dias. A fase lútea, por sua vez,
corresponde a período desde a ovulação até o inicio da menstruação, com duração
média de 14 dias.
Variações
hormonais
1)
Inicio do ciclo
menstrual normal: níveis baixos de esteroides gonadais que vem diminuindo desde
o fim da fase lútea anterior.
2)
O desaparecimento
do corpo lúteo marca o inicio da elevação do FSH levando a um recrutamento de
um grupo de folículos em crescimento. Cada um desses folículos secreta níveis razoáveis
de estrogênio, à medida que crescem durante a fase folicular. Por sua vez, o
estrogênio estimula a proliferação do endométrio.
3)
Níveis crescentes
de estrogênio produzem feedback negativo
sobre a secreção hipofisária de FSH, que começa a diminuir no meio da fase
folicular. Alem disso, os folículos em crescimento produzem inibina – B, que
também suprime a secreção de FSH pela hipófise.
4)
No fim da fase
folicular (logo antes da ovulação), há receptores para LH induzidos pelo FSH
nas células granulosas e, com estimulação do LH, modulam a secreção de
progesterona.
5)
Após um grau
suficiente de estimulação estrogênica, é deflagrado o pico hipofisário de LH,
que é a causa imediata da ovulação que ocorre 24 a 36 horas depois. A ovulação
anuncia a transição para a fase lútea-secretora.
OBS1 :
normalmente sabemos que o estradiol (principal
estrogênio) causa um efeito feedback negativo
na liberação tanto de LH como de FSH pela adenohipófise. No entanto, por
motivos ainda não conhecidos o estradiol no período próximo à ovulação inverte
este feedback de negativo para
fortemente positivo o que origina este pico abrupto de LH.
6)
O nível de
estrogênio diminui no inicio da fase lútea, quando começa a aumentar novamente
em virtude da secreção do corpo lúteo. Da mesma forma a inibina – A é produzida
pelo corpo lúteo.
7)
Os níveis de
progesterona aumentam subtamente após a ovulação.
8)
A progesterona, o
estrogênio e a inibina-A atuam em nível central para suprimir a secreção de
gonadotrofinas e o crescimento de nvos folículos. Esses hormônios permanecem
elevados durante toda a vida do corpo lúteo e depois diminuem com sua extinção,
assim estabelecendo o estágio para o próximo ciclo.
Útero
– alterações cíclicas do endométrio
Os dois terços superficiais do endométrio são a
zona que prolifera, sendo finalmente eliminada a cada ciclo se não houver
gravidez. Esta porção do endométrio é conhecida como decídua funcional e é
formada por uma zona intermediária profunda (estrato esponjoso) e uma zona
compacta superficial (estrato compacto). A decídua basal é a região mais
profunda do endométrio que, não apresenta proliferação mensal significativa,
mas é fonte de regeneração endometrial após cada menstruação.
a)
Fase proliferativa: por convenção o primeiro dia do sangramento vaginal
é denominado o primeiro dia do ciclo menstrual. A fase proliferativa é
caracterizada por crescimento mitótico progressivo da decídua funcional diante
das quantidades crescentes de estrogênio. Histologicamente, nesta fase, as
glândulas endometriais inicialmente retas, estreitas e curtas são transformadas
em glândulas mais longas e tortuosas. Seu padrão colunar baixo migra para um
padrão pseudo-estratificado, sendo que, isso ocorre antes da ovulação.
b)
Fase secretora: nesta fase a progesterona irá ter atuação predominante e efeito
antagonista de estrogênio, o que reduzirá o numero de receptores de estrogênio
nas células endometriais. Isso ocasionará uma diminuição da mitose celular
induzida pelo estrogênio. Nesta fase ocorre a nítida presença de produtos secretores
ricos em proteína eosinofílica na luz glandular.
O estroma da fase secretora permanece inalterado
até aproximadamente o 7 dia pós ovulação onde ocorre um aumento progressivo de
edema.
c)
Menstruação: na ausência de implantação a secreção glandular cessa e ocorre uma
decomposição irregular da decídua funcional. O resultado é a eliminação dessa
cama em um processo denominado menstruação. A causa presumida é a involução do
corpo lúteo para corpo albicans com queda na produção de estrogênio e progesterona.
A falta destes hormônios causa um forte espasmo da artéria espiral que causa
isquemia endometrial. Simultaneamente ocorre ruptura dos lisossomos e liberação
de enzimas proteolíticas, que promovem destruição local adicional do tecido.
Alem disso as prostaglandinas produzidas durante o ciclo aumentam sua
concentração durante a menstruação causando vasoconstrição arteriolar adicional
e isquemia do endométrio.
Desenvolvimento folicular ovariano
É um processo dinâmico que ocorre da menarca até a
menopausa. O processo destina-se a permitir o recrutamento mensal de um grupo
de folículos e, por fim, a liberação de um único folículo dominante maduro
durante a ovulação mensal.
Folículos
primordiais
O recrutamento e crescimento iniciais dos folículos
primordiais são independentes de gonadotrofina e afetam um grupo durante vários
meses. Logo após o recrutamento inicial o FSH assume o controle da
diferenciação e do crescimento folicular e permite que um grupo de folículos
continue a diferenciação. As primeiras alterações observadas são:
·
Crescimento do
ovócito
·
Expansão da única camada
de células granulosas foliculares em múltiplas camadas de células cúbicas.
A diminuição da produção de estrogênio,
progesterona e inibina-A do ciclo que passou permitem a liberação de FSH que
estimulara o crescimento folicular.
Folículo
pré-antral
O crescimento continua guiado pelo FSH. O ovócito
em crescimento então secreta uma substância denominada zona pelúcida que o
separa das células granulosas circundantes (exceto pela junção comunicante).
Ocorre a proliferação mitótica continua das células granulosas. Concomitantemente
ocorre proliferação das células tecais no estroma que fazem limite com as
células granulosas. Os dois tipos celulares tem ação sinérgica, produzindo estrogênio
secretado para circulação sistêmica.
-- Teoria das
duas células – das duas gonadotrofinas –
Em geral, a maior parte da aromatase (para produção
de estrogênio) está nas células granulosas. A atividade da aromatase é
promovida pela estimulação de receptores de FSH nas células granulosas.
Entretanto, as células granulosas não possuem enzimas que ocorrem mais cedo na
via esteroidogênica e exigem androgênios como substratos para aromatização. Os
androgênios, por sua vez, são sintetizados principalmente em resposta à
estimulação pelo LH, e as células tecais possuem a maioria dos receptores de LH
para este estágio. Portanto o LH estimula as células tecais a produzir
androgênios (em especial androstenediona), que são transferidos para as células
granulosas para aromatização, estimulada pelo FSH, com formação de estrogênios.
O estrgênio juntamente com o FSH criam um microambiente favorável ao
crescimento e nutrição.
Folículo
pré-ovulatório
Caracterizados por um antro cheio de líquido,
composto de plasma com secreções das células granulosas. Neste ponto as células
granulosas se diferenciam ainda mais formando uma população heterogênea. O
ovócito permanece ligado ao folículo por um pedúnculo de granulosa
especializada, conhecido como cumulus
oophorus.
Os níveis crescentes de estrogênio possuem um
efeito de feedback negativo na secreção de FSH. Inversamente, o LH sofre
regulação bifásica pelos estrogênios circulantes. Isso levará a um pico de LH. Concomitante
a isso as interações FSH-estrogênio locais no folículo dominante induzem
receptores para LH nas células granulosas. Assim a exposição a altos níveis de
LH produzem os seguintes efeitos: 1) luteinização das células granulosas, 2) produção
de progesterona e 3) ovulação.
Inibinas e
ativina
A inibina é secretada pelas células granulosas de
duas formas: inibina-A e inibina-B. A primeira é ativa na fase lútea e a
segunda na folicular. As duas formas inibem a síntese e a liberação de FSH.
O segundo peptídeo, a ativina, estimula a liberação
de FSH e potencializa sua ação no ovário.
Ovulação
O pico de LH promove: aumento das concentrações
locais de prostaglandinas e enzimas proteolíticas na parede do folículo. Essas
substancias enfraquecem progressivamente a parede do folículo e acabam
permitindo que haja uma perfuração com a saída do ovócito.
Fase lútea
Após a ovulação o revestimento flicular
remanescente é transformado no regulador primário da fase lútea. O corpo lúteo.
Ocorre a produção maciça de progesterona, estrogênio e inibina-A pelas células
granulosas. Alem disso ocorre a angiogênese local que permite o lançamento de
grande quantidade de hormônios lúteos na circulação sistêmica.
A queda nos níveis de LH causam a involução do
corpo lúteo para corpo albicans. Caso ocorra a gravidez o corpo lúteo será mantido
pelo HCG placentário mantendo elevado os níveis de progesterona.
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UNIFENAS RESUMIDA
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