Autor:
João Maximiano
Crescimento
e desenvolvimento funcional do feto
Inicialmente
o desenvolvimento da placenta e das membranas fetais é muito mais rápido do que
o desenvolvimento do próprio feto. Nas 3 primeiras semanas o comprimento do
feto permanece microscópico e, a partir daí, passa a crescer em uma proporção
linear à idade gestacional (IG). O peso, por sua vez, permanece diminuto nas 12
primeiras semanas e tem um alavanco apenas a partir da 23° semana, onde a
evolução será aproximadamente a IG elevada ao cubo.
Classificação intrauterina da IG
Desenvolvimento dos sistemas de órgãos
Um
mês após a fertilização, os diferentes órgãos do feto já começaram a
desenvolver suas características mais gerais, e durante 2 a 3 meses seguintes,
os órgãos do feto são em geral iguais a do recém-nascido. No entanto, ainda são
necessários 5 meses para um desenvolvimento satisfatório dos órgãos em formação
e, mesmo ao nascer determinas estruturas, particularmente sistema nervoso, rins
e fígado, ainda carecem de desenvolvimento completo.
Sistema cardiovascular
Circulação placentária
Sangue
desoxigenado chega à placenta pelas artérias umbilicais. No local em que o
cordão se une à placenta, estas artérias se dividem em varias artérias
coriônicas, dispostas radialmente, que se ramificam amplamente na placa
coriônica, antes de penetrarem nas vilosidades coriônicas. Nestas vilosidades,
os vasos sanguíneos formam um extenso sistema arteriocapilar venoso levando
sangue fetal para bem próximo do sangue materno onde, este sistema cria uma
superfície muito grande para as trocas de produtos metabólicos e gasosos entre
as correntes sanguíneas materna e fetal. Normalmente, não há mistura de sangue
fetal com materno.
O
sangue fetal agora bem oxigenado nos capilares fetais passa para as veias de
paredes delgadas, que acompanham as artérias coriônicas até o local da união do
cordão umbilical, onde convergem formando a veia umbilical.
Adaptação
fetal X efeito Bohr
O que é curva de dissociação de
oxigênio-hemoglobina: em linguagem simples esta curva é a
quantidade de pressão de O2 necessária para a saturação em % da
hemoglobina. Sabe-se que esta curva reage diante de variações no pH. Um pH
ácido desloca a curva para direita e para baixo, enquanto que, um pH básico
desloca a curva para esquerda e para cima.
·
Curva
desloca para direita e para baixo: quando isso ocorre se faz
necessário mais pO2 para
saturar hemoglobinas.
·
Curva
desloca para esquerda e para cima: : quando isso ocorre se faz
necessário menos pO2 para
saturar hemoglobinas.
Hemoglobina fetal: Nos fetos, a obtenção de oxigênio a partir do sangue da mãe é conseguida devido ao desenvolvimento da hemoglobina fetal. Duas das quatro cadeias da hemoglobina fetal e do adulto (cadeias alfa - α) são idênticas mas a hemoglobina no adulto tem duas cadeias β (beta), enquanto que o feto tem duas cadeias gama (γ).
As cadeias β normais ligam-se ao difosfoglicerato, o seu regulador natural, que participa na libertação do oxigénio. As cadeias γ não se ligam da mesma forma ao difosfoglicerato e por consequência têm uma maior afinidade para com o oxigénio. Num ambiente pobre em oxigénio, como é o da placenta, o oxigénio é libertado da hemoglobina da mãe e o do feto “capta-o” e liga-se a ele. Esta pequena diferença na afinidade medeia a transferência de oxigénio da mãe para o feto. No feto, a mioglobina do músculo possui uma afinidade ainda maior para o oxigénio, de forma que as moléculas do oxigénio passam da hemoglobina fetal para serem armazenadas e usadas no músculo. A hemoglobina fetal não é prejudicial na infância, e nos humanos, a reposição da hemoglobina fetal pela hemoglobina adulta não se completa antes dos 6 meses de vida.
Informações
técnicas sobre a circulação fetal
·
140bpm
·
PAS:
48mmHg
·
PA
do recém nascido primeiro dia de vida: 70/50 mmHg
·
Baixa
resistência vascular.
Hematopoiese fetal
As
hemácias começam a ser formadas no saco vitelino e nas camadas mesoteliais da
placenta em torno da terceira semana do desenvolvimento fetal, seguida, 1
semana depois (em 4 a 5 semanas), pela formação de hemácias não nucleadas pelo
mesênquima fetal e também pelo endotélio dos vasos sanguíneos fetais. Em 6
semanas , o fígado começa a formar células sanguíneas e, no terceiro mês, o
baço e outro tecidos linfoides do corpo também começam a formar células sanguíneas.
A partir do terceiro mês, a medula óssea gradativamente torna-se a principal
fonte de hemácias, bem como da maioria dos leucócitos, exceto pela produção
contínua de linfócitos e plasmócitos no tecido linfoide.
Sistema respiratório
Não
ocorre respiração na vida fetal, até mesmo pois não existe ar, e também porque
mesmo que existe os pulmões ficariam repletos de liquido placentário. Os
pulmões passam basicamente por quatro fases de desenvolvimento, sendo elas:
·
Período pseudoglandular (5 a 17 semanas):
formam-se os elementos principais exceto alvéolos pulmonares.
·
Período canalicular (16 a 25 semanas): ocorre
espeçamento da luz dos bronquíolos e vascularização intensa, também se
formam os ductos alveolares e alguns
alvéolos terminais.
·
Período saco terminal (24 semanas até o
nascimento): marcado pelo desenvolvimento de alvéolos terminais e produção de
surfactante pelos pneumócitos II.
·
Período alveolar (período fetal até a
infância): amadurecimento dos alvéolos e intensificação na produção de
surfactante.
Sistema gastrointestinal
Na
metade da gravidez, o feto ingere grande quantidade de líquido amniótico, e
durante os últimos 2 a 3 meses, a função gastrointestinal aproxima-se à de um recém-nascido
normal. Nessa época, grandes quantidades de mecônio são formadas continuamente
no trato gastrointestinal e excretadas pelo ânus no líquido amniótico.
·
Composição do mecônio: em parte pelos
resíduos de líquido amniótico deglutido e em parte por muco e outros resíduos
de produtos excretórios da mucosa e das
glândulas gastrointestinais.
Quando forma: o
intestino primitivo forma-se na 4° semana a partir de parte do saco vitelino
incorporada ao embrião.
Divisões do intestino primitivo:
·
Intestino
anterior: origina estômago, duodeno, fígado, pâncreas e a maior
parte do esôfago.
·
Intestino
médio: parte do duodeno, intestino delgado, ceco e apêndice,
cólon ascendente e metade do transverso.
·
Intestino
posterior: metade do colon transverso, cólon descendente, sigmóide,
reto e porção superior do canal anal, epitélio da bexiga urinária e a maior
parte da uretra.
O
sistema digestivo é anatomicamente formado com 20 semanas e funcionalmente até
a infância. Com 33 semanas é
possível nutrição enteral e a motilidade, peristaltismo e produção de mecônio
com 16 semanas
Fígado: 1)
funciona como órgão hematopoiético na vida fetal, 2) realiza gliconeogênese, 3)
é imaturo na produção de bilirrubina e 4) produz fatores de coagulação.
·
Inferência
clínica: após o nascimento alguns recém-nascidos, principalmente
prematuros, tem que tomar fototerapia para quebrar a bilirrubina.
Metabolismo fetal
·
Vitamina
K: é
usada pelo fígado fetal na formação do fator VII, protrombina e vários outros
fatores de coagulação. A medida em que grande parte da vitamina K é formada por
ação bacteriana no cólon materno. O recém-nascido não dispõe de fontes
adequadas de vitamina K sendo necessário uma reserva proveniente da mãe para
evitar hemorragias.
·
A principal fonte de energia do feto é a
glicose
·
Os aminoácidos são fundamentais tanto para
gliconeogênese como para o crescimento fetal.
Sistema endócrino
·
Os hormônios FSH e LH são detectáveis no feto
a partir da décima semana de gestação.
·
O FSH é maior em mulheres que em homens
·
A tireóide é a primeira glândula endócrina
que se desenvolve na vida fetal. No final do primeiro trimestre a tireóide é
capaz de concentrar iodo, sintetizar
hormônios, assim como a hipófise já é capaz de produzir TSH. No entanto, a
produção fetal é pequena e a passagem de T4 materna através da placenta que
supri a quantidade necessária para o desenvolvimento fetal. No terceiro
trimestre a passagem placentária reduz bastante passando o suprimento de
hormônio T4 ser fetal.
·
A camada interna da supra-renal que permanece
relativamente pequena até o parto é responsável pela produção de catecolaminas.
A camada externa produz hormônios esteróides, sendo que a DHEA tem participação
ativa na fisiologia da gravidez por seu papel de esteroidogênese da gestante.
Sistema renal
No
inicio, a localização renal é pélvica, mas gradualmente ascendem no abdome. Os
néfrons surgem com cerca de 10 semanas gestacionais, após surgirem ramificações
do broto ureteral, mas a produção de urina só começa no inicio do segundo
trimestre. Antes de 16 semanas gestacionais, os rins contribuem pouco para o
volume do líquido amniótico. A partir daí, uma avaliação da quantidade de
líquido amniótico pode inferir indiretamente nha função renal. Antes da 16°
semana, mesmo na ausência da função renal, pode ocorrer quantidade razoável de
liquido amniótico.
Sistema
imunológico
O sistema imunológico e
linfático desenvolve-se associado ao venoso, a partir da oitava semana de
gestação.
·
Linfonodos:
provem
dos sacos linfáticos que são invadidos por células mesenquimais.
·
Linfócitos:
inicialmente
são provenientes de células troncos do mesenquima do saco vitelino,
posteriormente o fígado e o baço passam a ser sua principal fonte. Após um
tempo a medula óssea assumirá o papel. Os linfócitos presentes nos linfonodos
antes do nascimento são provenientes do timo e iniciam a migração para estes
linfonodos a partir da 14° semana. Ao final do primeiro trimestre já é possível
detectar linfócitos B no sangue fetal.
Obs1: como
não há estimulo imunológico no ambiente intrauterino as imunoglobulinas são as
IgG transportadas por via placentária a partir de 16 semanas de gestação.
Obs2: caso
o feto seja estimulado ele poderá produzir IgM, o que indica que está ocorrendo
uma infecção.
·
Células NK, granulócitos e neutrófilos são
produzidos no primeiro trimestre.
UNIFENAS RESUMIDA
gostei
ResponderExcluir