domingo, 25 de março de 2012

INTRODUÇÃO À PATOLOGIA




SEMINÁRIO 4
Introdução à patologia geral/mecanismos básicos de lesão celular”

1.      Conceito de patologia: ciência que estuda as causas das doenças, os mecanismos que as produzem, as sedes e as alterações morfológicas e funcionais que apresentam”.
2.      Outros conceitos importantes:
o    Saúde: estado de adaptação do organismo ao ambiente físico, psíquico e social em que vive, sentindo-se bem (saúde subjetiva) e sem apresentar sinais ou alterações orgânicas evidentes (saúde objetiva).
o    Doença: estado de falta de adaptação ao ambiente físico, psíquico e social o qual o indivíduo sente-se mal (doença subjetiva) e apresenta alterações orgânicas evidenciáveis (doença subjetiva).
o    Normalidade: o normal é estabelecido a partir da média de varias observações de um determinado parâmetro, utilizando-se para o seu cálculo métodos estatísticos.
o    Etiologia: estudo das causas da doença;
o    Patogênese: estudo dos mecanismos da doença;
o    Anatomia patológica: estudo das alterações morfológicas dos tecidos que, em conjunto recebem o nome de lesões)
o    Fisiopatologia (estudo das alterações funcionais dos órgãos afetados)

O fluxograma a seguir reflete a relação entre muitos dos conceitos acima:




3.      Lesões morfológicas: lesão ou processo patológico é o conjunto de alterações morfológicas, moleculares e/ou funcionais que ocorrem nos tecidos após agressões.
– Como podem ser observadas as alterações morfológicas: 1) com a vista desarmada (alterações macroscópicas) ou 2) com auxilio de um microscópio (alterações microscópicas).
– Os transtornos funcionais manifestam-se por alterações na função de células, tecidos e órgãos e representam os fenômenos fisiopatológicos já conhecidos.
– Qual o destino de uma lesão: uma lesão começa, evolui e tende a segui um de dois caminhos sendo eles: 1) cura ou 2) cronicidade.
– O principal alvo dos agentes agressores são as macromoléculas. Portanto toda lesão inicia a nível molecular.
– Em consequência de que surgem alterações morfológicas: 1) modificações na estrutura da membrana, 2) modificações do citoesqueleto, 3)acumulo de substancias nos espaços intracelulares.
– Mecanismos de ação dos agentes agressores: 1) ação direta, por meio de ações moleculares, que se traduzem em modificações morfológicas e 2) ação indireta, através de mecanismos de adaptação que, ao serem acionados para neutralizar ou eliminar a agressão, induzem alterações moleculares que resultam em modificações morfológicas. Desse modo os mecanismos de defesa do nosso organismo podem levar a lesões.
4.      Classificação das lesões
– Lesões celulares: as lesões celulares podem ser subdivididas em dois grupos: 1) não-letais e 2) letais. No primeiro caso a lesão é compatível com a recuperação do estado de normalidade após cessada a agressão. As lesões letais todavia são representadas pela necrose (morte celular seguida de autólise) e pela apoptose (morte celular não seguida de autólise). Normalmente o que caracteriza a letalidade são: a qualidade, a intensidade e a duração da lesão.
– Alterações do interstício: engloba modificações da substancia fundamental amorfa e das fibras colágenas, reticulares e elásticas devido a deposição de substancias formadas em situ ou provenientes da circulação além de mudanças estruturais.
– Distúrbios da circulação: incluem 1) hiperemia, oligoemia e isquemia, 2) trombose, 3) embolia, 4) hemorragia e 5) edema.
– Alterações da inervação
5.      Métodos de estudo em patologia
a) exame citológico: este exame é essencial para a detecção de neoplasias, agentes infecciosos e parasitários.
– O material para análise pode ser obtido através de raspados, líquidos, e por punção aspirativa.
– A amostra de células deve ser corretamente afixada sendo o fixador mais utilizado o álcool etílico.
– O resultado do exame citológico é fornecido em termos do diagnóstico morfológico das doenças e complementando, quando possível, pela etiologia do processo.
b) Exames anatomopatológicos: as biópsias podem ser feitas para diagnóstico e/ou tratamento. São ablativas (quando se faz extirpação da lesão). Podem ser incisionais (quando se retira apenas parte da lesão)
b.1) Análise morfológica: no laboratório de Anatomia Patológica, o patologista faz a dissecação, o exame macroscópico das amostras e a retirada de fragmentos representativos para o estudo histopatológico.
c) Necrópsia: sinônima de autópsia, significa o exame sistemático dos órgãos ou de parte deles para determinar a causa da morte e conhecer as lesões e doenças existentes no indivíduo.
6.      Causas de lesões : didaticamente as causas das lesões são divididas em: exógenas (do meio ambiente) e endógenas (do próprio organismo). As causas exógenas estão relacionadas a fatores físicos, químicos, biológicos e desvios da nutrição, e as endógenas a patrimônio genético, resposta imunitária e fatores emocionais.
Os agentes lesivos podem produzir lesões por forma direta ou indireta. Por forma direta age sobre inúmeros alvos: inibe enzimas, quebra macromoléculas, altera sua conformação espacial, exerce ação lítica sobre membrana etc. Por ação indireta (predominante): perturbam o fornecimento de oxigênio, interferem nos mecanismos de produção e inativação de radicais livres, desencadeiam respostas locais e sistêmicas capazes de causar lesões celulares ou tecidual.
a) Hipoxia e anoxia: hipoxia refere-se a diminuição do fornecimento de oxigênio às células. Anoxia refere-se a parada total desse suprimento. Diversa causas causam redução do fluxo sanguíneo (oligoemia, com hipoxia) e outras a parada (isquemia, com anoxia). Dependendo da intensidade e da duração do fenômeno as células podem morrer.
Alterações decorrentes da hipoxia:
– A diminuição da síntese de ATP leva a: 1) acumulo de FADH2 e NADH2 que reduzem a atividade do ciclo de Krebs causando elevação de acetil-Coa o que favorece a síntese de ácido graxo, 2) acumulo de ADP e AMP que estimulam a glicólise anaeróbica. Produção excessiva de ác. Lático que reduz o pH intracelular, 3) desligamento das bombas eletrolíticas principalmente Na+/K+ ATPase. O que ocasiona a entrada maciça de Na+ concomitante a H2O levando a tumefação da célula e de suas organelas (degeneração hidrópica).
– A redução do pH intracelular provoca condensação da cromatina, principalmente junto da membrana nuclear, dificultando a transcrição gênica.
– Aumento da síntese de triglicerídeos devido ao excesso de acetil-Coa disponível para a síntese de ácido graxos. Isso pode levar a esteatose.
– as membranas se alteram pela perda estrutural e pela incapacidade de recomposição.
– Os lisossomos tornam-se tumefeitos e liberam hidrolases que iniciam o processo de autólise.
b) Radicais Livres: são moléculas que apresentam um elétron não-emparelhado no orbital externo o que os torno muito reativos. Radicais livres podem iniciar reações em cadeia que levam à formação de outros radicais livres potencializando o dano. O oxigênio molecular é a principal fonte de radicais livres na célula. Os radicais livres causam lesões celulares por poderem reagir com lipídeos, proteínas e ácido nucleicos. Com isso fica fácil compreender uma possível lesão de membrana e lesões ao DNA, bem como a todos estruturas proteicas da célula.
Os radicais não são só danosos ao organismo. Podem atuar como reguladores de atividades celulares. Podem funcionar como sinalizadores como é o caso do H2O2. Muitas enzimas se tornam ativas, fatores de transcrição inativos podem ser ativados e receptores podem ser controlados após peroxidação por radicais livres.
c) Resposta imunológica: quando um agente agressor é antigênico, o sistema imunitário o reconhece e monta uma resposta que, ao lado de defender o hospedeiro contra a agressão, pode resultar em lesões. A produção de anticorpos pode: 1)bloquear ou estimular uma função celular ligando-se a epitopos localizados em receptores ccelulares., 2) Formação de complexos Ag – Ac e fixação do complemento, levando à liberação de fatores quimiotáticos (dai o início de uma reação inflamatória) ou agressão direta a células alvo, 3)células com capacidade citotóxica (linfócitos, macrófagos, neutrófilos etc) reconhecem o fragmento Fc de anticorpos presentes na célula alvo e a lesam.
– A produção de perfurinas e granzimas também contribuem para a lesão tecidual.
7.      Agentes físicos como causa de lesões: 1) força mecânica, 2) variações da pressão atmosférica, 3) variações de temperatura, 4) eletricidade, 5) radiações e 6) ondas sonoras.
a) Força mecânica: produz sobre o organismo vários tipos de lesões, únicas ou múltiplas, genericamente denominadas lesões traumáticas. Ao atingir o tecido o agente traumático induz a ação inflamatória bem como hemorragias, espasmo muscular e trombose. Choques neurogênicos e hipovolêmicos bem como embolia gordurosa por ruptura óssea são comuns.
b) Variações da pressão atmosférica: o organismo humano tem a capacidade de se adaptar facilmente a pequenas variações da pressão atmosférica. Um indivíduo suporta o aumento da pressão em até 3 vezes o normal. A diminuição, por sua vez, pode ser em no máximo 50%.
Sindrome de descompressão: sob altas pressões os gases existentes no ar se dissolvem no plasma. Quando ocorre uma descompressão rápida ocorre a formação de bolhas que são embolos gasosos.
c) Varições de temperatura: um membro submetido por tempo prolongado a a baixa temperatura apresenta : vasoconstrição, oligoemia, hipoxia e lesões degenerativas recorrentes da redução do fornecimento de oxigênio. Apresenta lesão endotelial pela hipoxia com aumento da permeabilidade vascular seguida de edema 3) se o efeito prolonga-se tem-se anoxia seguida de necrose.
O calor causa lesão por vários mecanismos> liberação de histamina a partir dos mastócitos, o qual produz vasodilatação e aumento da permebilidade vascular(edema), ativação das calicreínas plasmática e tecidual com liberação de bradicinina, que aumenta a vasodilatação e edema, lesão direta da parede vascular
                                                                                                                                             MAX

3 comentários:

comenta ai vai!!