GT5: JEJUM
AUTOR: MAX
1. Visão geral
O
objetivo deste estudo é estabelecer as inter-relações metabólicas existentes no
organismo humano durante o período bem alimentado e de jejum.
Os
processos metabólicos de interesse são: 1) glicogênese (síntese de glicogênio),
2) glicogenólise (quebra de glicogênio), 3) gluconeogênese (síntese de glicose
a partir de precursores que não são hexose ou carboidratos ex lactato e
alanina), 4) glicólise (quebra de glicose), 5) síntese de ácidos graxos, 6)
glutaminólise, 7) cetogênese, 8) oxidação de aminoácidos, 9) síntese proteica,
10) proteólise e 11) ciclo da ureia.
Sobre
estes processos metabólicos é importante saber: 1)quais tecidos são mais ativos
para vários processos, 2) quando estes processos estão mais ou menos ativos e
3) como esses processos são controlados e coordenados em diferentes estados
metabólicos.
2. Inter-relações metabólicas dos
principais tecidos no estado bem alimentado
Passagem
dos nutrientes do intestino para o organismo:
·
Glicose: passa das células epiteliais intestinais
direto para a veia porta do fífado.
·
Aminoácidos: são parcialmente metabolizados
no intestino antes de passarem para a veia porta.
·
Lipídios: na forma de quilomicrons são
captados pelos linfáticos onde são transportados até o ducto torácico e, através
da veia subclávia, entrega os quilomícrons a um local de fluxo sanguíneo
rápido.
O que ocorre com cada nutriente:
a)
Glicose:
Ø Fígado:
glicose pode ter os seguintes destinos no fígado: 1) convertida em glicogênio
pela glicogênese, 2) em piruvato pela glicólise e 3) utilizada na via pentose
fosfato para a geração de NADPH para processos sintéticos. O piruvato pode ser
oxidado a acetil-CoA que pode ser convertido em gordura ou entrar no ciclo do
ácido cítrico.
Ø Glóbulos
vermelhos e medula renal: somente podem converter glicose a piruvato e lactato.
Ø Tecido
adiposo: pode converter glicose em
gordura.
Ø Músculos:
podem utilizar glicose no ciclo do ácido cítrico ou armazena-lo na forma de
glicogênio.
Ø Cérebro
e testículos: dependentes da glicose para a produção energética.
b)
Aminoácidos:
a
maioria dos aminoácidos da dieta são transportados diretamente para o sangue
portal. Outrora o intestino pode metabolizar aspartato, asparagina, glutamato e
glutamina e liberam alanina, lactato, citrulina e prolina no sangue portal.
Aminoácidos em excesso podem ser oxidados completamente a CO2, H2O
e ureia ou os intermediários gerados podem ser utilizados como substratos para
a lipogênese. Os aminoácidos que escapam do fígado são utilizados na síntese
proteica ou como fonte de energia por outros tecidos.
c)
Lipídeos:
podem ser provenientes da dieta na forma de quilomicrons ou sintetizadas no
fígado (lipogênese) a partir de piruvato, lactato, glicose e aminoácidos. A
gordura neste caso é liberada pelo fígado sobre a forma de VLDL (lipoproteínas
de muita baixa densidade) e após alcançarem o tecido adiposo são quebradas pela
lípase lipoproteica (ativada pela insulina) em ácidos graxos que são novamente
sintetizados, no adipócito, em triacilglicerol (forma de armazenamento).
Intercorrência: para
entendermos tanto o jejum inicial quanto o estado de jejum é necessário
primeiro compreender o mecanismo envolvido no ciclo de Cori e da alanina. Ambos
os ciclos são mecanismos para suprir continuamente, os tecidos que precisam de
glicose como fonte primária de energia. Para participar deste ciclo os tecidos
periféricos devem liberar alanina e lactato, como produtos finais do
metabolismo da glicose. Ambos os ciclos dependem da gluconeogênese.
Gluconeogênese:
consiste na transformação de lactato ou alanina em glicose, processo realizado
no fígado. A glicose disponibilizada será utilizada por tecidos periféricos no
ciclo de Cori para produzir novo lactato e no ciclo da alanina para produzir
nova alanina. No processo de gluconeogênese ocorre o gasto de 6ATP´s.
GLUCONEOGÊNESE
a) Ciclo de Cori: o
ciclo de Cori é bem menos eficiente que o ciclo da Alanina. No entanto, ao
contrário do outro ciclo pode ocorrer na ausência de oxigênio e não necessita
da presença mitocondrial. Neste ciclo 2 ATP´s são produzidos e formam-se 2
Lactatos. O lactato produzido será no figado, pelo processo de gluconeogênese,
transformado em glicose e disponibilizado novamente para ser utilizado no ciclo
de Cori. As duas figuras a seguir retratam o ciclo:
b) Ciclo da alanina: este
ciclo é mais eficiente que o de Cori, uma vez que, pode utilizar os 2NADH
resultantes da glicólise na fosforilação oxidativa gerando 4 a 6 ATP´s a mais.
Além deles soma-se os 2ATP´s de praste liberados na glicólise. No fígado, a
alanina produzida a partir de piruvato no tecido periférico sofre transaminação
pela alanina-aminotransferase(ALT) doando dessa forma o grupo amino ao
α-cetoglutarato que se transforma em glutamato que sofrerá desaminação
oxidativa pela glutamato desidrogenase liberando NH3 livre que será
utilizada no ciclo da ureia que consome 3ATP´s. Nesse processo após a alanina
perder o grupo amino ela volta a ser piruvato que pode então entrar na
gluconeogênese. As duas figuras abaixo ilustram o ciclo:
3. Inter-relações metabólicas no estado de
jejum inicial: a glicogenólise hepática é muito importante
para a manutenção da glicose sanguínea durante o estado de jejum. Ocorre
redução da lipogênese e os substratos desta via (lactato, piruvato e
aminoácidos) são desviados para formação de glicose, completando o ciclo de Cori. O ciclo da alanina também se torna importante. O catabolismo de
aminoácidos é pequeno.
4. Inter-relações metabólicas no estado de
jejum: neste momento existe pouca ou nenhuma reserva de
glicogênio disponível. Tecidos que são dependentes exclusivamente da glicose
agora dependem inevitavelmente da gluconeogênese hepática, principalmente a
partir de lactato, glicerol e alanina. O ciclo de Cori e da Alanina tem papeis
importantes, mas não fornecem carbono para a síntese líquida de glicose. Nestes
ciclos o que ocorre é apenas a reposição da glicose convertida a lactato e
alanina pelos tecidos periféricos.
È
essencial compreender que o fígado transfere a energia da oxidação dos ácidos
graxos para a formação de glicose através da gluconeogênese doando
indiretamente parte desta energia para tecidos que são incapazes de utilizar
tais ácidos graxos como fonte de energia.
Quais
seriam então as fontes de carbono para a produção líquida de glicose: 1) em
menor proporção temos o glicerol resultante da lipólise ocorrida no tecido
adiposo e 2) em maior proporção temos o carbono originado da proteólise das
proteínas principalmente da musculatura esquelética.
No que diz respeito as proteínas: as
proteínas são hidrolisadas dentro das células musculares e a maioria dos
aminoácidos é metabolizado dentro da própria célula. Dois aminoácidos merecem
atenção, uma vez que, predominam na exportação, são eles: alanina e a
glutamina. Estes aminoácidos são provenientes de aminoácidos de cadeia
ramificada. No processo de transaminação para a formação da alanina e glutamina
ocorre a formação concomitante de α0cetoácidos que são liberados na corrente
sanguínea e podem ter os seguintes destinos: 1) síntese de glicose (cetoácido
da valina), 3) síntese de corpos cetônicos (cetoácido da leucina) e 3) síntese
de glicose e corpos cetônicos (cetoácido da isoleucina).
A
maior parte da glutamina liberada no sangue é convertida em alanina pelo
epitélio intestinal. Ela é oxidada pelos enterócitos a fim de disponibilizar
energia e moléculas precursoras para a síntese de pirimidinas e purinas,
liberando nesta oxidação alanina e NH4+. Esta via é
denominada glutaminólise e também é realizada pelo sistema imune só que ao
invés de alanina como produto final temos o aspartato.
No
fígado a alanina sofrerá transaminação liberando piruvato que poderá ser
utilizado na produção de glicose ou de energia.
No que diz respeito a gorduras: o
tecido adiposo é também muito importante no estado de jejum. Devido aos baixos
níveis de insulina durante este quadro ocorre uma grande lipólise aumentando os
níveis sanguíneos de ácidos graxos os quais são utilizados como fonte de
energia por muitos tecidos:
·
Músculo esquelético e miocárdio: a oxidação
dos ácidos graxos inibe a glicólise e a oxidação do piruvato. Os corpos cetônicos
diminuem a proteólise diminuindo a perda de massa muscular.
·
Fígado: os ácidos graxos são convertidos a
acetil-CoA e a maior parte deste ultimo é convertida em corpos cetônicos. Estes
poderão ser utilizados como fonte de enérgica por outros tecidos
extra-hepáticos. Alem disso a oxidação dos ácidos graxos no fígado gera a maior
parte da energia necessária para a gluconeogênese.
·
Cérebro: não pode oxidar ácidos graxos ,uma
vez que, esses compostos não atravessam a barreira hematoencefálica. No
entanto, as células nervosas podem utilizar corpos cetônicos como fonte
alternativa de energia, no entanto, são incapazes de substituir integralmente a
glicose.
OBRIGADO POR CONFERIR OS ITENS PUBLICITÁRIOS!
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Obrigado!
Muito bom ajudou bastante...
ResponderExcluirajudou muito! Grato!
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