GT6:
METABOLISMO DO COLESTEROL
1.
Visão
geral: o colesterol é o esteroide característico dos tecidos
animais e desempenha varias funções como: 1) garantir a fluidez da célula, 2)
precursor de sais biliares, 3) precursor de hormônios esteroides e da vitamina
D. O colesterol pode ser produzido pelo fígado ou tecidos extra hepátios (HDL) (70%)
ou consumido na dieta (30%).
O
colesterol produzido no fígado é eliminado pela bile, convertido em sais
biliares ou pode ser enviado a outros tecidos na forma de lipoproteínas.
2.
Síntese
de colesterol: é sintetizado por praticamente todos os
tecidos humanos embora os principais produtores sejam: fígado, intestino,
córtex adrenal, ovários, testículo e placenta. Como no caso dos ácidos graxos,
todos os átomos de carbono do colesterol são derivados do acetato e o NADPH é o
doador dos equivalentes redutores.
A
síntese de colesterol é um processo que ocorre com gasto de energia
(endergônico) energia essa garantida por pela hidrólise de ligações tioéster da
acetil-CoA e do ATP. A síntese também requer enzimas encontradas no citosol e
nas membranas do reticulo endoplasmático liso (REL).
a)
Síntese
de HMG-CoA: as duas primeiras reações da síntese de
colesterol são idênticas as reações iniciais de produção de corpos cetônicos.
Observe abaixo:
b)
Síntese
de ácido mevalônico (mevalonato): o HMG-CoA é reduzido por
duas moléculas de NADPH e com a participação da HMG-CoA redutase liberando CoA
e formando ácido mevalônico. Essa reação é irreversível.
As reações a e b são demonstradas
abaixo:
c)
Síntese
de colesterol
1)
Ácido melavônico (6C) é convertido em
àcido 5-pirofosvomevalônico através de duas etapas fosforilativas por ATP.
2)
O àcido 5-pirofosvomevalônico é
descarboxilado em isopentenil-pirofosfato (IPP) com 5 carbonos. Essa reação
ocorre com gasto de um ATP e liberação de CO2 e fosfato.
3)
O IPP é isomerizado a
3,3-dimetilalil-pirofosfato (DPP).
4)
IPP condensa-se com DPP formando Geranil
pirofosfato (GPP) que tem 10 carbonos.
5)
Uma segunda IPP condensa com GPP
formando farnesil-pirofosfato (FPP) com 15 carbonos.
6)
Duas FPP condensam-se formando esqualeno
que possui 30 carbonos. A reação é uma reduç~]ao com liberação de pirofosfato e
realizada pela escaleno sintase com o gasto de um NADPH.
7)
O
esqualeno é convertido em lanosterol (30 C) com auxilio da enzima esqualeno
monoxigenase e com gasto de O2 molecular e NADPH. Nessa reação
ocorre a liberação de H2O.
8)
A conversão de lanosterol em colesterol
é realizada através de uma sequencia de reações, que resultam na diminuição da
cadeia carbonada de 30 para 27 atomos, na remoção duas moléculas metila do C4,
na migração da ligação dupla do C8 para C5 e na redução da ligação dupla entre
C24 e C25.
d)
Regulação
da síntese de colesterol: tal regulação está envolvida quase que
inteiramente com a HMG-CoA redutase. Esta é uma enzima limitante da velocidade
e ponto de controle da síntese de colesterol. Os controles sobre essa enzima
são:
·
Regulação
da expressão gênica por esteróis: a PLERE, uma proteína
integral da membrana do RE, associa-se a uma segunda proteína, PAC. O complexo
PAC-PLERE diante de níveis baixos de esteróis é transferido do RE para o GOLGI.
Neste a PLERE é clivada por duas proteases gerando um fragmento solúvel que
entra no núcleo, onde atuará como um fator de transcrição aumentando a síntese
de HMG-CoA redutase. No entanto, quando os níveis de esteróis são altos, elas
se ligam a um domínio sensível a esteróis na PAC e induzem sua ligação às
proteínas Insigs na membrana do RE,
impedindo a ativação do PLERE.
·
Aceleração
da degradação enzimática dependente de esterol: quando
os níveis de esteróis estão elevados a redutase se liga automaticamente a Insigs.
·
Fosforilação/desfosforilação
independente de esteróis: a HMG-CoA é inativada no momento em que
é fosforilada por proteína-cinase previamente ativada por AMP ou AMPK.
·
Regulação
hormonal: O aumento da conentração de insulina e tiroxina favorece
o aumento da expressão do gene da HMG-CoA-redutase. O glucagon e os
glicocorticoides exercem efeito oposto.
·
Inibição
por fármacos: as estatinas são análogos do HMG-CoA e são
inibidores competitivos e reversíveis da HMG-CoA-redutase. Esses fármacos são
utilizados para reduzir os níveis plasmáticos de colesterol.
3.
Lipoproteínas
plasmáticas
O que são: lipoproteínas
plasmáticas são complexos macromoleculares esféricos de lipídeos e proteínas
específicas (apoliproteínas).
Quais são as lipoproteínas: 1)
quilomicra (Q), 2) VLDL( lipoproteína de muito baixa densidade), 3) LDL
(lipoproteínas de baixa densidade) e HDL (lipoproteínas de alta densidade).
Função das lipoproteínas: manter
solúveis seus componentes lipídicos no plasma, promover um eficiente mecanismo
de transporte de lipídeos entre os tecidos.
a)
Composição
das lipoproteínas plasmáticas:são constituídas por um
núcleo neutro de lipídeos circundado por uma camada anfipática (porção
hidrofílica e porção hidrofóbica) de apoliproteínas, fosfolipídeos e colesterol
livre (não esterificado). Esses compostos são orientados de forma a expor suas
porções polares na superfície da lipoproteína, tornando a partícula solúvel em
meio aquoso.
b)
Metabolismo
dos quilomicra (Q): formados nas células da mucosa intestinal,
movem-se pelo sistema linfático e entram na corrente sanguínea pela subclávia
esquerda. Transportam triacilglicerol, colesterol, vitaminas lipossolúveis e
ésteres de colesterol da dieta.
Ø Apoliproteína
do quilomicra: B-48
Ø No
plasma: ao chegar no plasma o “quilomicron nascente” recebe a apoproteína E e apo-CII. A proteína CII
ativa a lípase lipoproteica (capilares do tecido adiposo, coração, músculo
esquelético e da glândula mamária em lactação) que quebrará o triacilglicerol
em acido graxo e glicerol.
Ø Contem
alta proporção de triacilglicerol.
Ø Os
quilomicra remanescentes após perderem grande parte do triacilglicerol movem-se
até o fígado onde receptores para apo-E medeiam sua captação endocítica pelas
hepatócitos. Nestas células o colesterol é liberado e degradado pelos
lisossomos.
c)
Metabolismo
do VLDL: são produzidas no fígado e compostas basicamente de
triacilgliceróis endógenos, mas também do excesso de ácidos graxos e/ou
carboidratos da dieta. Sua função é carregar esse lipídeos do fígado para os
adipócitos e músculos onde serão degradados pela lípase lipoproteica. Sua apoliproteína
é a B-100 e obtém no plasma a apo C-II e apo E. Outras apoliproteínas
são: CI e CIII. Nos adipócitos os
ácidos graxos serão armazenados e nos miócitos serão oxidados em busca de
energia. A maioria do VLDL é removida da circulação pelos hepatócitos da mesma
forma que os quilomicra, ou seja, com reconhecimento da apo-E. A perda de parte
de triacilglicerol converte o VLDL em IDL (lipoproteína de densidade
intermediária) a perda de mais triacilglicerol converte IDL em LDL.
d)
Metabolismo
do LDL: como já foi exposto acima o LDL é um remanescente do VLDL
que contém a apoB-100. Esta apoliproteína se liga a receptores de LDL presentes em células que necessitam captar
colesterol. A ligação de LDL aos seus receptores iniciam sua endocitose transferindo
o LDL e seu receptor para o interior celular dentro de um endossomo. O
endossomo então funde-se a um lisossomo que provocará a hidrólise dos ésteres
de colesterila, liberando colesterol e ácidos graxos.
A
apoB-100 também está presente no VLDL, mas o seu domínio de ligação ao receptor
não está disponível para a interação com o receptor de LDL o que impede sua
endocitose. No entanto estes receptores de LDL podem ligar a apo-E e levarem a
endocitose do VLDL e de quilomicra.
e)
Metabolismo
do HDL: origina-se no intestino delagado e no
fígado. Contém muita proteína e pouco colesterol. Suas principais
apoliproteínas são apoA-I, apoC-I e apo
C-II. O HDl ainda contem uma enzima denominada
lectina-colesterol-aciltransferase (LCAT) que catalisa a formação de esteres de
colesterila a partir de lectina e de colesterol.
Ø O
LCAT na superfície das partículas de HDL nascentes converte o colesterol e a
fosfatidilcolina dos remanescentes do quilomicra e da VLDL ES éster de
colesterila, dando início a formação do núcleo de HDL amadurecento esta HDL.
Esta HDL pode ser então direcionada para
os seguintes destinos:
o
Captada pelo fígado por endocitose mediada
por receptor.
o
Ligar-se a proteínas receptoras na membrana
plasmática denominadas SR-B1 presentes no tecido hepático e adrenal. Esses
receptores promovem a transferência parcial e seletiva do colesterol e de
outros lipídeos da HDL para o meio intracelular. Dessa forma a HDL pode
retornar a circulação extraindo mais lipídeos dos quilomicra e das VLDL
remanescentes.
o
HDL vazia pode captar colesterol armazenado
em tecidos extra-hepáticos e transportá-lo para o fígado, em vias chamadas transporte reverso de colesterol. Neste caso a interação do HDl com receptores
SR-BI ativa o movimento passivo de colesterol presente na superfície celular
para as HDL que os transporta novamente para o fígado.
o
A apoA-I interage com um transportador ativo
de membrana o ABC1 levando a endocitose do HDL que é, então, novamente secretado
com uma carga de colesterol que é transportada para o fígado.
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