GT
4: fisiologia da gravidez com ênfase em placenta
Autor
João Maximiano
Placenta
O que é: local
básico das trocas de nutrientes e gases entre a mãe e o feto que é constituído por
dois componentes, sendo eles:
·
Porção fetal originada do saco coriônico
·
Porção materna derivada do endométrio
Funções basicas da placenta e membranas
fetais:
ü Proteção
ü Nutrição
ü Respiração
ü Excreção
ü Produção
hormonal
Desenvolvimento da placenta
o
Fim
da terceira semana: está estabelecido o arranjo anatômico
necessário para as trocas fisiológicas entre a mãe e o embrião.
o
Fim
da quarta semana: já se estabeleceu uma rede vascular complexa
já se estabeleceu na placenta, facilitando as trocas maternas embrionárias de
gases, nutrientes e produtos de excreção.
a)
Crescimento do saco coriônico comprime
as vilosidades coriônicas associadas à decídua capsular (ver quadro sobre decíduas), reduzindo seu suprimento sanguíneo o
que, leva a degeneração das vilosidades presentes nesta área acarretando a
formação de uma área nua relativamente avascular denominada córion liso.
b)
Com o desaparecimento associadas à decídua
capsular ocorre uma proliferação compensativa das vilosidades associadas à decídua
basal formando uma parte arbórea, denominada córion viloso.
c)
Com o crescimento do feto ocorre também
o crescimento do saco coriônico, útero e placenta. Esta ultima cresce em
tamanho e espessura até 18 semanas de idade do feto (equivalente a 20 semanas
de gestação). Quando está totalmente desenvolvida constituí cerca de 1/6 do
feto e cobre 15 a 30% da decídua. Alem disso é constituída de duas partes,
sendo elas:
·
Componente
fetal: formado pelo córion viloso. As vilosidades tronco (ver mais a frente anatomia da placenta)
que dela se originam projetam-se para o espaço interviloso, que contem sangue
materno.
·
Componente
materno: é formado pela decídua basal. No fim do quarto mês (16
semanas), a decídua basal está completamente substituída pelo componente fetal
da placenta.
Decídua
|
Definição
|
Basal
|
Mais distante do
concepto, forma o componente materno da placenta.
|
Capsular
|
Parte superficial da decídua que cobre o concepto
|
Parietal
|
Todas as partes
restantes da decídua
|
Anatomia placentária e junção
fetomaterna
A parte
fetal da placenta prende-se à parte materna pela capa citotrofoblástica. Vilosidades
tronco do córion (ancoragem) prendem-se firmemente à decídua basal pela
capa citotrofoblástica e ancoram o saco coriônico à decídua basal. Artérias e
veias endometriais passam livremente por fendas na capa citotrofoblástica e se
abrem no espaço interviloso.
A
invasão das vilosidades coriônicas causam erosão da decídua basal criando áreas
cuneiformes nesta decídua denominadas septos
da placenta que, se projetam em direção à placa coriônica. Os septos da placenta dividem a parte fetal da
placenta em áreas convexas, irregulares, denominadas cotilédones.
A
decídua capsular entre 22-24 semanas entra em degeneração devido ao baixo
suprimento sanguíneo e desaparece. Depois de seu desaparecimento a parte lisa
do saco coriônico se funde com a decídua parietal.
O
espaço interviloso contendo sangue materno origina-se das lacunas, que formam n
sinciciotrofoblasto durante a segunda semana do desenvolvimento. Os septos
placentários dividem o espaço interviloso em compartimentos que comunicam-se
livremente, uma vez que, os septos não alcançam a placa coriônica. O sangue
materno chega ao espaço interviloso através das artérias endometriais. As vilosidades ramificadas são banhadas
continuamente por sangue materno.
Com
a expansão do âmnio e do saco coriônico logo ocorrerá a fusão do âmnio e o
córion liso formando a membrana
amniocoriônica. Esta membrana é que rompe no momento do parto. Sua torção é
a principal causa de partos prematuros.
Dicionário
das palavras em negrito:
·
Capa citotrofoblástica: camada externa de
células trofoblásticas da superfície materna da placenta.
·
Vilosidades-tronco do
córion (vilosidades de ancoragem): vilosidades que ancoram a
parte fetal da placenta à decídua basal.
·
Placa coriônica: parte da parede do
córion relacionada com a placenta.
·
Septos da placenta: projeções que
caminham em direção a placa coriônica
·
Cotilédones: consiste em duas ou mais
vilosidades – tronco e seus inúmeros ramos.
·
Vilosidades
ramificadas:
ramificações das vilosidades – tronco principais.
·
Membrana
amniocoriônica: formada
pela fusão do âmnio com o córion liso.
Circulação placentária
Circulação fetal: Sangue
desoxigenado chega à placenta pelas artérias umbilicais. No local em que o
cordão se une à placenta, estas artérias se dividem em varias artérias
coriônicas, dispostas radialmente, que se ramificam amplamente na placa
coriônica, antes de penetrarem nas vilosidades coriônicas. Nestas vilosidades,
os vasos sanguíneos formam um extenso sistema arteriocapilar venoso levando
sangue fetal para bem próximo do sangue materno onde, este sistema cria uma
superfície muito grande para as trocas de produtos metabólicos e gasosos entre
as correntes sanguíneas materna e fetal. Normalmente, não há mistura de sangue
fetal com materno.
O
sangue fetal agora bem oxigenado nos capilares fetais passa para as veias de
paredes delgadas, que acompanham as artérias coriônicas até o local da união do
cordão umbilical, onde convergem formando a veia umbilical.
Circulação placentária materna: o
sangue materno chega ao espaço interviloso através de 80 a 100 artérias
espiraladas endometriais da decídua basal. O sangue que entra tem uma pressão
maior que a do espaço interviloso e é lançado em jatos em direção à placa
coriônica. Quando reduzida a pressão este sangue banha as vilosidades
ramificadas permitindo as trocas metabólicas com as redes arteriocapilares
venosas. O espaço interviloso contem 150ml de sangue que é trocado a quatro
vezes por minuto.
Membrana placentária
Separa
o sangue materno do fetal. Até 20 semanas possui quatro camadas sendo elas:
· Sinciciotrofoblasto
· Citotrofoblasto
· Tecido conjuntivo das vilosidades
· Endotélio dos capilares fetais
Depois
de 20 semanas, muitas vilosidades ramificadas sofrem mudanças histológicas que
resultam no adelgaçamento do citotrofoblasto de muitas delas. As células de
citotrofoblasto acabam desaparecendo de grandes áreas das vilosidades, deixando
somente delgados pedaços de sinciciotrofoblasto.
Funções da placenta
(aprofundamento)
·
Metabolismo
·
Transporte
de gases e nutrientes
·
Secreção
endócrina
Metabolismo da placenta
A placenta
particularmente durante a fase inicial da gravidez sintetiza glicogênio,
colesterol e ácidos graxos, que servem de fonte de nutrientes e energia para o
embrião/feto.
Transferência placentária
Os mecanismos
principais de transporte são: 1) difusão simples, 2) difusão facilitada, 3)
transporte ativo e 4) pinocitose.
a)
Transferência
de gases: é realizada por difusão simples e depende principalmente
do fluxo sanguíneo adequado no local de troca. A membrana placentária tem
eficiência bem próxima da membrana alveolar.
Adaptação
fetal X efeito Bohr
O que é curva de dissociação de
oxigênio-hemoglobina: em linguagem simples esta curva é a
quantidade de pressão de O2 necessária para a saturação em % da
hemoglobina. Sabe-se que esta curva reage diante de variações no pH. Um pH
ácido desloca a curva para direita e para baixo, enquanto que, um pH básico
desloca a curva para esquerda e para cima.
·
Curva
desloca para direita e para baixo: quando isso ocorre se faz
necessário mais pO2 para
saturar hemoglobinas.
·
Curva
desloca para esquerda e para cima: : quando isso ocorre se faz
necessário menos pO2 para
saturar hemoglobinas.
Hemoglobina fetal: Nos fetos, a obtenção de
oxigênio a partir do sangue da mãe é conseguida devido ao desenvolvimento
da hemoglobina fetal. Duas das quatro cadeias da hemoglobina fetal e do adulto
(cadeias alfa - α) são idênticas mas a hemoglobina no adulto tem duas cadeias β
(beta), enquanto que o feto tem duas cadeias gama (γ).
As cadeias β normais ligam-se ao difosfoglicerato, o seu regulador
natural, que participa na libertação do oxigénio. As cadeias γ não
se ligam da mesma forma ao difosfoglicerato e por consequência têm uma maior
afinidade para com o oxigénio. Num ambiente pobre em oxigénio, como é o da
placenta, o oxigénio é libertado da hemoglobina da mãe e o do feto “capta-o” e
liga-se a ele. Esta pequena diferença na afinidade medeia a transferência de
oxigénio da mãe para o feto. No feto, a mioglobina do músculo possui uma
afinidade ainda maior para o oxigénio, de forma que as moléculas do oxigénio
passam da hemoglobina fetal para serem armazenadas e usadas no músculo. A
hemoglobina fetal não é prejudicial na infância, e nos humanos, a reposição da
hemoglobina fetal pela hemoglobina adulta não se completa antes dos 6 meses de
vida.
a)
Nutrientes:
1)
água é transferida por difusão simples de forma rápida e livre, 2) a glicose
materna e produzida pela placenta é transportada por difusão facilitada, 3) há
pouca ou nenhuma transferência de colesterol, triglicerídeos ou fosfolipídios
maternos, 4) ocorre pequena transferência de ácidos graxos livres, 5) vitaminas
cruzam a membrana placentária, sendo que, as hidrossolúveis cruzam mais
rapidamente que as lipossolúveis.
b)
Hormônios: os
proteicos não chegam em quantidade significativa exceto a tiroxina e
triiodotironina. Hormônios esteroides não conjugados cruzam livremente.
c)
Eletrólitos:
livremente trocados, sendo que cada um tem sua velocidade específica.
d)
Anticorpos: ocorre
a passagem por pinocitose de gamaglobulinas como o IgG. Estes anticorpos
fornecem imunidade ao feto contra: difteria, varíola e caxumba.
e)
Ferro: uma
proteína materna, a transferrina, cruza a membrana placentária e transporta Fe
para o embrião/feto. Existem receptores para essa proteína.
f)
Produtos
de excreção: a ureia e ácido úrico passam por difusão
simples e a bilirrubina é removida rapidamente.
g)
Drogas
e seus metabólitos: a maioria das drogas cruzam a membrana
placentária por difusão simples.
h)
Agentes
infecciosos: citomegalovirus, vírus da rubéola, da
varíola, caxumba e poliomielite podem passar pela membrana placentária e causar
infecção fetal. Microorganismos como o Treponema
pallidum e Toxoplasma gondii também
atravessam a membrana.
Síntese e secreção endócrina
da placenta
Hormônios proteicos
sintetizados pela placenta são:
·
Gonadotrofina coriônica humana (hCG)
·
Somatomamotrofina coriônica humana (hCS) ou
lactogênio placentário humano (hPL)
·
Tireotrofina coriônica humana (hCT)
·
Corticotrofina coriônica humana (cCACTH)
O
hCG começa a ser secretado pelo sinciciotrofoblasto durante a segunda semana
mantendo o corpo lúteo integro e funcional. O valor máximo na urina e no sangue
ocorre na oitava semana.
Hormônios esteroides sintetizados
pela placenta:
·
Progesterona
·
Estrógenos
A
progesterona é produzida a partir de colesterol materno e substitui o corpo
lúteo após o primeiro trimestre. O estrógeno é produzido pelo
sinciciotrofoblasto a partir de desidropiandrosterona da gestante e do feto.
A
progesterona causa um efeito relaxante no útero diminuindo sua contração e reduzindo
a chance de aborto espontâneo.
Liquido amniótico e sua formação
o
volume do líquido amniótico (liquido ao qual o feto flutua) fica entre 500 ml e
1 L. A água no líquido é substituída a cada 3 horas, e os eletrólitos Na e K
são repostos em média uma vez a cada 15 horas. Uma grande parte do líquido
deriva da excreção renal do feto.
Funções do líquido amniótico:
·
Permitir o crescimento simétrico do embrião
·
Servir como barreira mecânica
·
Proteção contra infecção
·
Permite o desenvolvimento dos pulmões
·
Permite movimento muscular
·
Mantém a homeostasia dos fluidos e
eletrólitos.
Hemorragias da segunda metade da
gestação
- · Descolamento prematuro de placenta (DPP): refere-se à separação da placenta do seu local de implantação uterina, total ou parcialmente, após a 20° semana de gestação e antes da expulsão fetal.
- · Placenta prévia: é uma forma de prenhez heterotópica e define-se como a implantação da placenta no segmento inferior do útero, após 28 semanas de gestação, cobrindo parcial ou totalmente o orifício uterino.
- · Rotura do seio marginal
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UNIFENAS RESUMIDA
Muito bom, simples e direto!
ResponderExcluirGostei muito!!
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