GT
5: PRÉ – NATAL
Autor: João Maximiano
O que é pré-natal: conjunto
de ações de saúde implementadas durante a gestação, com o objetivo de promover
a saúde materna no período gestacional, parto e puerpério, bem como a saúde do
feto, assegurando as melhores condições para o binômio mãe-concepto.
Ações básicas da assistência pré-natal:
·
Identificar e corrigir problemas
preexistentes ou não, que possam afetar a gestação, incluindo distúrbios
clínicos e obstétricos, de aspecto físico, emocional ou social. Ex: infecções, hipertensão, anemia
e desnutrição.
·
Identificar
o risco gestacional através da história clínica, obstétrica e exame físico. Se
necessário encaminhar para um serviço especializado em pré-natal de alto risco.
·
Visando
proporcionar meios para melhorar as condições de saúde da gestante e de sua
família deve-se instruir tal gestante sobre:
ü A
evolução da gravidez;
ü Trabalho
de parto e o parto;
ü Cuidados
com o recém - nascido;
ü Puerpério
e aleitamento;
ü Direitos
trabalhistas e de cidadã.
·
Promover apoio psicológico à gestante e a sua
família, com intuito de adaptá-los ao novo componente da família.
Aspectos técnicos necessários a um pré –
natal adequado: 3
·
Equipe com profissionais qualificados. O
médico pré-natalista deve inserir a assistência médica pré-natal em um conceito
maior de assistência à saúde.
·
Recursos físicos para um bom atendimento;
·
Resposta laboratorial ágil e de qualidade
para a realização de exames complementares;
·
Vinculo com unidade de saúde secundária e
terciária para caso seja necessário um encaminhamento por conta do parto ou de
intercorrências ao longo da gravidez.
·
Sistema de registro adequado de assistência
pré – natal.
Numero de consultas de pré-natal que
devem ser feitas: uma vez grávida, recomenda-se que a gestante
faça sua primeira consulta o mais breve possível. A partir daquela consulta
deverá ser feita nova consulta a cada 4 semanas até que se complete a 32°
semana gestacional. Após as 32 semanas deverão ser feitas consultas quinzenais
até que se complete 36 semanas e, a partir daí, deverão ser feitas consultas de
semana em semana até o parto. O ideal é que o número de consultas flutue entre
7 e 9 consultas com um número mínimo de 6 consultas recomendado pelo Ministério
da Saúde.
Obs1: em
gravidez de risco o número de consultas deverá ser personalizado.
Primeira consulta de pré-natal:
O que de ver feito:
ü
Anamnese
ü
Exame físico
ü
Pedido de exames complementares
a) a) Anamnese
Ø Identificação da gestante (nome,
idade, cor, profissão, estado civil, procedência e domicílio)
Ø Contexto biopsicossocial:
ü Antecedentes
familiares (doenças de ocorrência familiar capazes de influenciar negativamente
o curso da gestação, ex: diabetes, hipertensão arterial crônica, doenças
infecciosas como tuberculose e hepatites B e C, e doenças gênicas como anemia
falciforme e cardiopatias. Investigar o passado obstétrico de mãe e irmãs com
intuito de identificar possível pré-eclâmpsia, gemelidade e malformações).
ü Antecedentes
pessoais (condições de nascimento e desenvolvimento da paciente, ocorrência de
doenças comuns da infância e as vacinações realizadas. Verificar eventos
mórbidos, clínicos ou cirúrgicos, distúrbios de saúde mental, antecedente
transfusional e também os hábitos de vida (tabagismo, etilismo, uso de drogas
lícitas e ilícitas).
ü Antecedentes
ginecológicos (é importante saber a idade da menarca para inferir a idade
ginecológica que corresponde ao intervalo de tempo entre a menarca e a idade da
gestação, períodos curtos neste caso, aumentam a chance de pré-eclampsia,
vícios pélvicos e malformações. Características do ciclo menstrual podem dar
maior credibilidade ao calculo da idade gestacional. O uso de métodos
contraceptivos deve ser detalhado avaliando se houve planejamento da gravidez,
falha humana ou falha do método contraceptivo em uso. Também é importante
conhecer a história sexual da paciente, bem com, a presença atual ou pretérita
de DST. Deve-se preocupar de pesquisar ocorrência de cirurgias pélvicas pois
algumas podem influir tanto no curso da gravidez como na via de parto.
ü Antecedentes
obstétricos:
o
Eventos obstétricos que tendem a se repetir: pré-eclampsia/
eclampsia, diabetes gestacional, crescimento intrauterino restrito,
prematuridade, baixo peso ao nascer, malformações congênitas, óbito fetal ou
neonatal, descolamento prematuro da placenta (DPP), hemorragias no pós-parto e
mastite puerperal.
o
O intervalo interpartal de 2 anos ou menos é
considerado curto e é fator de risco para anemia, desnutrição, e crescimento
intrauterino restrito na gravidez. Por outro lado o intervalo interpartal acima
de 7 anos é considerado longo e indica que aquela paciente se comporta
novamente como primigesta.
o
No caso de abortamento identificar a idade
gestacional em que ocorreu, classificando-o como espontâneo ou induzido.
o
Verificar se em gestações anteriores
ocorreram cólicas e sangramento vaginal.
o
Quanto ao parto, registrar a evolução do
trabalho de parto, a duração, ocorrência de ruptura espontânea ou artificial da
membrana amniótica, uso de medicação ocitótica, analgesia, sondagem vesical e
finalmente a via de parto cm suas indicações.
o
Investigar as condições do recém-nascido:
peso, evolução neonatal, tempo de internação, permanência em alojamento
conjunto, necessidade de internação em berçário, ocorrência de icterícia e
infecções.
o
Condições de puerpério: aleitamento,
ocorrência de hemorragia, infecção e depressão pós-parto.
·
Determinação
da idade gestacional (IG) e data provável do parto (DPP):
Para se calcular tanto a DPP com a IG é
necessário inicialmente ter conhecimento da data da ultima menstruação (DUM).
DPP
Exceções à regra:
o
Se ao mudar
o mês voltar o ano não deve-se somar 1 ao ano.
o
Quando, ao somar
o dia, mudar o mês deve-se somar 1 ao mês.
IG
Somar o total de dias desde a ultima
menstruação informada e dividir este valor por 7 encontrando o resultado em
semanas e dias.
b)
Exame físico
A primeira consulta de pré-natal é o momento
ideal para a gestante realizar um exame gera, ginecológico e obstétrico.
Exame geral
Observa-se atitude, fácies, estado
nutricional, peso altura, mucosas, pele, fâneros, circulação colateral, edemas,
gânglios, temperatura e articulações.
Exame das mamas com inspeção dinâmica e
estática, palpação e a expressão dos mamilos.
Revisão dos sistemas respiratório,
cardiovascular e do abdome.
Exame obstétrico
Realizar inspeção estática verificando se
ocorreu escurecimento da linha Alba.
No início da gravidez a palpação do abdome
materno visa apenas determinar o volume do útero e sua correspondência com a
IG. Após a 24° semana é possível verificar a estática fetal utilizando-se as
manobras de Leopold representadas na figura a seguir:
O próximo
passo do exame obstétrico constitui em medir a altura uterina utilizando-se uma
fita métrica que deverá ir do monte superior da sínfise púbica e segue até a
borda do fundo uterino. Em geral somando-se 4 à altura uterina obtém a IG em
semanas.
A ausculta
dos batimentos cardíacos do feto (BCF) fornece informações quanto ao
diagnóstico de gravidez, atesta se o feto tá vivo e também auxilia na avaliação
clínica da vitalidade fetal. Utiliza-se o estetoscópio de Pinard, sendo
possível a ausculta a partir de 20-22 semanas de gestação. A frequência varia
de 120 – 160 batimentos por minuto.
Exame ginecológico
Na primeira
consulta deve-se realizar o exame ginecológico completo, independente da idade
gestacional. A inspeção dos genitais é capaz de identificar as condições do
períneo e do assoalho pélvico.
a)
Exames complementares
o Hemograma
completo: recomenda-se a
realização de hemograma na primeira consulta de pré-natal e sua repetição no
último trimestre.
o Tipagem
sanguínea: o
conhecimento do grupo sanguíneo (ABO), além de facilitar eventual
hemotransfusão, é útil no diagnóstico diferencial das icterícias neonatais. é necessário a pesquisa do fator Rh
para selecionar as pacientes com risco para isoimunização Rh.
o Glicemia:
a dosagem da glicemia em jejum na primeira
visita de pré-natal visa primeiramente identificar a paciente portadora de
diabetes pré gestacional não reconhecida.
o Avaliação
sorológica: a primeira
visita de pré-natal é um importante para obtermos o perfil sorológico da
gestante, relativo às principais infecções congênitas.
ü Sífilis:
deve-se solicitar um teste não treponêmico, VDRL (venereal diseases research laboratory), que apresenta alta
sensibilidade, é de baixo custo e factível.
Estando negativo recomenda-se repeti-lo no ultimo trimestre e por
ocasião do parto ou aborto. Se positivo, deve-se realizar um teste
confirmatório, troponêmico. O mais usado é o FTA.
ü Toxoplasmose:
na primeira visita pré-natal, realiza-se a
sorologia para toxoplasmose, pesquisando-se os anticorpos da classe IgG e IgM.
§ Anticorpos
negativos: paciente é
considerada susceptível e deve receber orientações para evitar as formas de
contágio.
§ Anticorpos
positivos: não
necessitam de orientação especial, exceto as imunossuprimidas.
ü Rubéola:
o rastreamento é realizado na primeira
visita, através de testes imunoenzimáticos.
ü Hepatite
B: a maior preocupação é cm as pacientes
portadoras crônicas, que mesmo assintomáticas podem transmitir a doença ao
concepto durante o parto. No ultimo mês de gestação faz-se a pesquisa do
antígeno de superfície, HbsAG.
ü Aids: o rastreamento rotineiro do vírus do HIV na
gravidez é feito através da pesquisa de
IgG no sangue (ELISA).
ü Urinálise:
exame sumário de urina, bem como a bacterioscopia
por Gram, devem ser realizados rotineiramente nos 3 trimestres.
ü Exame
citopatológico: deve-se
obter esfregaço da ectocérvice para exame de Papanicolau em todas gestantes que
não realizaram nos últimos 12 meses, juntamente com a avaliação das condições
do colo uterino pelo Schiller.
o Ultrassonografia:
permite visualizar o feto em condições
basais, estudar sua estrutura, funções, o ambiente intrauterino, como placenta,
anexos e líquido amniótico, e também auxiliar a realização de procedimentos invasivos
para a coleta de material fetal para exames específicos em caso de risco.
Ultrassom
1° trimestre: No primeiro
trimestre o ultrassom visa a confirmação do número de fetos e da idade
gestacional.
Ultrassom
2° trimestre: visa
principalmente ao estudo morfológico fetal, no qual, além da biometria
completa, realiza-se um verdadeiro exame físico no feto.
Ultrassom
3° trimestre: visa
acompanhar o padrão de crescimento fetal, através das medidas biométricas e
índices de proporcionalidade, bem como verificar sua vitalidade através do
perfil biofísico.
Orientações básicas na gestação
Hábitos nutricionais
·
Ácido fólico: a orientação nutricional dever-se-ia iniciar
no período pré-concepcional com a suplementação do ácido fólico. Este mostrou-se como forte efeito protetor de
defeitos no tubo neural. Recomenda-se suplementação de 0,4 a 0,8 mg/dia para
pacientes de baixo risco e 4 mg/dia em pacientes de alto risco.
·
IMC:
·
Vitaminas: em locais onde ocorre deficiência de vitamina A, sua
suplementação se mostrou eficiente no combate a mortalidade materna.
·
Ferro: as modificações hemodinâmicas que ocorrem durante a
gestação, especificamente o aumento do volume plasmático, promovem a chamada
anemia fisiológica, ou de diluição da gravidez, requerendo a suplementação de
sulfato ferroso para garantir as reservas medulares de ferro na segunda metade
gestacional.
Atividade física
Do
ponto de vista dinâmico, é saudável a pratica de alguma atividade física
durante toda a gestação, com benefícios claros à adaptação cardiovascular e
hemodinâmica, postural, alem de melhorar a disposição e tonificar a musculatura.
Deve-se, porém, obedecer aos limites individuais e evitar exercícios intensos.
Hipertermia
Hipertermia (temperatura axilar maior que 38,9°C) pode ser responsável
por teratogênese e defeitos do tubo neural quando ocorrer no primeiro trimestre
gestacional. A exposição ao calor na forma de banhos quentes de imersão, no
primeiro trimestre da gravidez, associa- se a risco aumentado de defeitos do
tubo neural. Outras formas de exposição ao calor, como sauna e febre, apesar de
demonstrarem maior risco, não apresentaram significância estatística
isoladamente. Entretanto, após exposição a dois ou mais tipos de calor, o risco
é significativamente maior, devendo ser evitados nesse período gestacional. (MANUAL
FEBRASCO)
Vacinações
·
Tétano: O Ministério da Saúde preconiza a aplicação da vacina
dupla tipo adulto (dT) ou, na falta desta, a vacina com o toxóide tetânico
(TT), durante a gravidez, para a proteção da gestante e a prevenção do tétano
neonatal.
·
Gripe: deve ser aplicada na gestante durante os períodos de gripe.
Queixas frequentes no primeiro trimestre
gravídico
·
Náuseas e vômitos: decorrentes dos níveis crescentes de
beta-hCG.
·
Alterações do hábito intestinal
·
Mastalgia
· Polaciúria: compressão da bexiga pelo útero + aumento da
filtração glomerular.
· Alterações no sono: sonolência devido aos níveis crescentes de
estrogênio, progesterona e principalmente beta-hCG.
UNIFENAS RESUMIDA
CONFIRA AS OFERTAS ABAIXO ! OBRIGADO
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