Seminário
1: desenvolvimento neuromotor
autor: João Maximiano
Escola de ciências médicas UNIFENAS-BH
Do
ponto de vista biológico, o desenvolvimento neurológico inicia- se desde a
concepção. As interações do indivíduo com o seu meio ambiente modelam, ao longo
de sua vida (incluindo a intra-uterina), tanto a estrutura como o funcionamento
do seu sistema nervoso central (SNC) o qual, por sua vez, cresce e se
desenvolve com grande velocidade, nos primeiros anos de vida.
O
cérebro humano é composto em média por 100 bilhões de neurônios que estão
imaturos ao nascimento. Dizemos que estão imaturos, pois possuem baixa
mielinização que será adquirida de forma gradual com o passar do tempo. A
maturação do sistema nervoso ocorre primeiramente no aspecto sensitivo para
posteriormente alcançar o aspecto motor.
Do
ponto de vista clínico, qualquer evento ambiental nocivo, que ocorra na vida
fetal (infecções congênitas, fumo, drogas, etc.), durante o parto (anóxia,
hemorragias maternas, etc.) e nos primeiros anos de vida (infecções,
desnutrição, etc.), podem lesar o SNC. Mas é preciso lembrar que esse é um
período de grande plasticidade cerebral, sendo o cérebro capaz de realizar
novas funções, transformando de maneira duradoura e sob pressão do meio ambiente,
seja os elementos que o compõem, seja a rede de conexões que os une. Quanto
mais jovem o indivíduo, mais plástico é o seu cérebro, embora também se saiba
que essa plasticidade se conserva em certo grau durante toda a vida, mesmo que
na idade adulta seja menor do que na infância.
Do
ponto de vista da maturação, o desenvolvimento neurológico não acontece de
maneira arbitrária, mas de acordo com um plano contido no potencial genético,
através de etapas previsíveis e pré- determinadas, no sentido céfalocaudal e do
centro para a periferia.
A estimulação
adequada do sistema neuromotor é fundamentar para induzir a realização do
potencial da criança.
Conceito de desenvolvimento motor
O desenvolvimento motor é considerado como um
processo sequencial, contínuo e relacionado à idade cronológica, pelo qual o
ser humano adquire uma enorme quantidade de habilidades motoras, as quais
progridem de movimentos simples e desorganizados para a execução de habilidades
motoras altamente organizadas e complexas.
Sabe-se que o surgimento de movimentos e seu
posterior controle ocorrem em uma direção céfalo-caudal e próximo-distal, porém
este processo não se apresenta de forma linear, incluindo períodos de
equilíbrio e desequilíbrio. Apesar disso, costuma cumprir uma sequencia
ordenada e até previsível de acordo com a idade.
Diversos fatores, porém, podem colocar em risco
o curso normal do desenvolvimento de uma criança. Definem-se como fatores de
risco uma série de condições biológicas ou ambientais que aumentam a
probabilidade de déficits no desenvolvimento neuropsicomotor da criança.
Dentre as principais causas de atraso motor encontram-se:
baixo peso ao nascer, distúrbios cardiovasculares, respiratórios e
neurológicos, infecções neonatais, desnutrição, baixas condições socioeconômicas,
nível educacional precário dos pais e prematuridade. Quanto maior o número de
fatores de risco atuantes, maior será a possibilidade do comprometimento do
desenvolvimento.
Avaliação
do desenvolvimento
O desenvolvimento do sistema nervoso depende
da expressão de genes particulares em locais e períodos específicos e recebe,
ainda, influências do ambiente interno e externo.
·
Influência externa: exemplo de influência externa é a experiência
sensorial necessária ao desenvolvimento da visão. Crianças que nascem com catarata
congênita, se não tratadas na infância, não vão aprender a ver, apresentando
cegueira cortical.
·
Influência interna: pode ser exemplificada com o hipotireoidismo
congênito.
No
desenvolvimento existe sempre uma sequência fixa e invariável para cada
espécie, embora com um ritmo variável de indivíduo para indivíduo. Esta
variação de ritmo individual permite estabelecer limites de normalidade e,
também, idades mínima e máxima em que cada marco d desenvolvimento pode ser
observado.
Outra
característica importante do desenvolvimento é o fato de que as respostas
gerais precedem as particulares. Por exemplo, o recém-nascido, quando
estimulado, responde com todo o corpo; já o lactente, quando estimulado no pé,
responde desviando apenas pé.
Alguns itens que se deve lembrar:
·
Respostas gerais
vão se tornando respostas específicas
·
Reflexos
primitivos vão dando lugar a reflexos coordenados
·
Evoluem os
reflexos corticais que medeiam ações voluntárias
·
A criança
passa de reações involuntárias simétricas para voluntárias assimétricas.
Caracterização
de reflexos
·
Reflexos normais
por algum tempo, que desaparecem e retornam em condições patológicas ex:
reflexo tônico cervical, reflexo de Moro e reflexo cutâneo plantar.
·
Existem
normalmente, desaparecem e voltam como atividade voluntária ex: reflexos de
preensão, sucção e marcha.
·
Persistem
por toda a vida: reflexos profundos e cutâneo abdominais.
Tipos
de desenvolvimento
1.
Desenvolvimento motor: diz respeito ao controle dos movimentos do
corpo, desde os grosseiros até os mais finos. Evolui na criança de forma
sequencial: levantar e controlar gradualmente a cabeça e o tórax, voltar-se sobre
si mesma, sentar-se, engatinhar, pôr-se de pé, caminhar etc.
2.
Desenvolvimento adaptativo: compreende ações de ajustamento para novas
atividades mais complexas, beneficiando-se de experiências anteriores. As
habilidades motoras mais complexas, na criança, avançam por intermédio da
coordenação entre sensação, percepção, elaboração, planejamento e execução como
necessidade de resposta ante objetos situações.
3.
Desenvolvimento da linguagem: refere-se a todos os meios de comunicação –
percepção, compreensão e expressão – por meio de gestos, vocalizações e
palavras. Manifesta-se ao nascer com o primeiro choro, e progride até
converter-se em pequenos sons guturais, risos, gritos, sons repetidos,
compreensão de ordens, palavras, frases e orações.
4.
Desenvolvimento pessoal-social: compreende habilidades e atitudes pessoais da
criança em seu meio sociocultural. Ela desenvolve, inicialmente, a capacidade
de tornar-se independente nas atividades da vida diária – alimentar-se ,
vestir-se, controlar fezes e urina, escovar os dentes, tomar banho –
construindo essa independência junto a família e, posteriormente, em nível
social mais amplo – parentes, escola, sociedade.
Acompanhamento do desenvolvimento da criança até os 5 anos
O acompanhamento e a avaliação do
desenvolvimento devem ser sistemáticos e programados, constituir-se rotina
simples, ser compreendidos e utilizados com uma estratégia para a promoção de
saúde e estar integrados à estimulação.
Dentre as ferramentas utilizadas para
acompanhar o desenvolvimento destacam-se: 1) A ficha de acompanhamento do
desenvolvimento e 2) a escala de desenvolvimento de Denver.
Escala de desenvolvimento de Denver
É um teste de aplicação fácil e rápida que
serve para triagem e não para diagnóstico.Não se objetiva em ser um teste de Q.I
ou Q.D. Deve ser corrigido em caso de crianças prematuras.
Leva em consideração os quatro campos do
desenvolvimento a serem avaliados: 1) pessoal-social, 2) motor fino-adaptativo,
3) linguagem e 4 motor grosseiro.
Ficha de acompanhamento do desenvolvimento
Apresenta os marcos mais significativos do
desenvolvimento da criança até quinto
ano de vida da criança. Guarda correspondência com as observações sobre
desenvolvimento registradas no cartão da criança.
Desenvolvimento
e estimulação
O processo de desenvolvimento tem por base a
maturação progressiva do SNC, em um organismo com adequadas condições do meio
interno – equilíbrio ácido-base, nutricional, metabólico etc – e com boas
condições de efetores – cordas vocais, músculos, estrutura óssea etc. Porém,
mesmo em face dessas condições em níveis ideais, é necessária uma proteção
ambiental contra agentes nocivos que possam lesar o organismo – infecções,
intoxicações, acidentes e outros.
Outro aspecto fundamental para o
desenvolvimento é a ocorrência de estímulos ambientais que suscitem respostas
da criança e a capacitem a adquirir e aprimorar habilidades funcionais. A não
estimulação pode impedir com que a criança atinja seu potencial.
O período ótimo de estimulação para o
desenvolvimento é, portanto, aquele em que as etapas anteriores já foram superadas
e a criança está pronta para nova habilidade.
Os estímulos são na maioria das vezes
procedimentos culturais, integrados nas atividades social e familiar
cotidianas, exemplo:
Ø Relação mãe/filho satisfatória
Ø Ambiente e relações sociais adequados
Ø Precoce pode gerar efeitos negativos
Ø Tardio pode impedir recuperação completa
UNIFENAS RESUMIDA
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