segunda-feira, 13 de agosto de 2012

GT1+4: ALTERAÇÕES HORMONAIS PUBERDADE


GT1+4: alterações hormonais na puberdade

AUTOR: João Maximiano

Faculdade de ciências médicas UNIFENAS-BH 


Definição de puberdade

Pode ser definida como o processo maturacional do eixo hipotálamo-hipófise-gonadal que resulta no crescimento e desenvolvimento dos órgãos sexuais e concomitantemente em mudanças físicas e psicológicas para a vida adulta levando à capacidade reprodutiva.

Regulação endócrina da puberdade

O eixo hipotálamo-hipófise-gonadal já está maduro na vida fetal. O GnRH está presente no hipotálamo fetal a partir de 9 semanas de gestação sendo que ocorre seu aumento ao longo da gestação deflagrando um pico máximo entre a 22° e 25° semana de gestação em meninas e entre a 34° e 38° semana em meninos. O plexo porta hipofisário primário e secundário conclui seu desenvolvimento entre 19 e 21 semanas de gestação o que explica o impressionante aumento na circulação fetal de hormônios gonadotróficos neste período. Os níveis de LH e FSH na menina são maiores que no menino.
Na segunda metade da gestação ocorre uma queda nos níveis de gonadotrofinas o que é explicado pelo desenvolvimento de um feedback negativo proporcionado pelos esteroides sexuais, bem como, pelo desenvolvimento de um sistema de inibição dos neurônios hipotalâmicos produtores de GnRH.
Os níveis de gonadotrofinas permanecem baixos durante a infância devido a um controle eficiente de neurônios gabaergicos sobre a liberação de GnRH. Este GnRH ainda é liberado de forma pulsátil o que reflete em pulsos padrões de LH. Oscilações de FSH não são tão marcantes como a de LH e nem sempre está sincronizada com a de LH. A discrepância entre os pulsos de LH e FSH modificando os seus níveis plasmáticos pode ser a causa da meia vida relativamente longa do FSH (4 – 6 h) comparada a curta vida do LH (20 – 30 min).



Nas primeiras semanas após o nascimento ocorre um aumento nos níveis de FSH e LH devido a um desequilíbrio no feedback negativo entre esteroides sexuais e a secreção de GnRH. Isso acontece devido a uma retirada rápida dos hormônios sexuais produzidos pela placenta. 
Com o inicio da puberdade, LH é secretado, primeiramente, pela noite. Em meninos isso influencia no aumento da produção de testosterona e em meninas o aumento de estradiol ocorre pela manhã. Com o avanço da puberdade ocorre aumento na secreção de LH tanto pelo dia como pela noite. Este incremento ocorre devido ao aumento da frequência dos pulsos de LH e de sua amplitude.
Durante a puberdade este ritmo dia e noite é mantido e desaparece na vida adulta, presumidamente como resultado do aumento dos níveis de esteroides sexuais.

Hipóteses sobre o mecanismo que desencadeia a puberdade

Primeira hipótese: sugere que no período pré-púbere ocorre uma alta sensibilidade do hipotálamo e hipófise à ação de hormônios sexuais e que esta sensibilidade declina com o inicio da puberdade o que diminui a importância do feedback negativo no controle da secreção dos gonadotróficos o que reflete em um aumento na produção e liberação dos próprios hormônios sexuais.
Segunda hipótese: sugere que em adição ao feedback negativo proporcionado pelos esteróides teria um sistema de inibição intrínseco que impediria a liberação de GnRH e consequentemente de FSH e LH. Na puberdade esta inibição intrínseca cessaria ou seria superada por um estimulo liberador.
Terceira hipótese: de acordo com esta hipótese a falta da estimulação da hipófise pelo GnRH é devido à desincronização do disparo dos neurônios produtores deste mesmo hormônio. Estes hormônios são separados por junções comunicantes que coordenam a secreção de forma individual.

Leptina e puberdade
Estudos demonstram um papel ativo da leptina no progresso da puberdade mas uma pequena importância deste hormônio é constatada no processo de desencadeamento do período púbere. Os níveis de leptina não alteram diante do sexo, mas sim, diante da composição corporal. Crianças obesas tendem a ter o início da puberdade de forma precoce o que é evidenciado pela menarca precoce em meninas obesas.

Outros hormônios que interferem no processo de puberdade

Outros fatores que podem alterar a liberação de GnRH são: 1) fator de crescimento epidérmico, 2) fator de crescimento de fibroblastos, 3) células de adesão neuronais, 4) IGF-1, 5) IL-1 e IL-6 e 6) TGF-α e TGF-β.
O hormônio TGF-α produzido pelos astróglios estimula diretamente a secreção de GnRH bem com indiretamente, no momento em que estimula a células gliais a produzirem e liberarem substâncias proativas como a prostaglandina E2 que, por sua vez, também estimulará a liberação de GnRH pelas células hipotalâmicas.
O IGF-1, cuja produção hepática é estimulada pelo GH, atua em receptores próprios no hipotálamo estimulando a liberação de GnRH. Os hormônios esteroides sexuais que estão em alta crescente neste período também estimulam a produção e liberação de IGF-1 pelas cartilagens o que contribui no avanço do período púbere.
Outro fator de extrema importância no processo da puberdade é o aspecto nutricional. Em casos de desnutrição crônica pode ocorrer um atraso no início da puberdade. 

Ovulação e menarca

O ultimo estágio do desenvolvimento hipotalâmico-hipofisário é o início da retroalimentação positiva, que leva à ovulação e menarca. Os ovários possuem um sistema parácrino que regulam a atresia ou o desenvolvimento dos folículos; as gonadotrofinas entram em ação na maturação folicular apenas nos estágios tardios da puberdade. A frequência da secreção pulsátil do GnRH aumenta durante a fase folicular tardia do ciclo menstrual tardia do ciclo menstrual normal e eleva a razão secretora entre LH e FSH. Isso estimula o ovário a produzir estrogênio que resulta no pico de LH e consequente ovulação. Contudo, mesmo que haja um pico de gonadotrofinas no meio do ciclo, a ovulação pode na ocorrer durante os primeiros ciclos menstruais; no primeiro ano após a menarca 90% dos ciclos são anovulatórios e apenas cerca de 4-5 anos depois é que a porcentagem de ciclos anovulatórios reduz para menos de 20%.
Nos primeiros anos pós-menarca, os ciclos podem ser variáveis e as adolescentes podem apresentar uma irregularidade menstrual classicamente considerada como uma alteração fisiológica decorrente de uma imaturidade do eixo hipotálamo-hipófise-ovário, sendo explicada pela ausência do feedback positivo do estradiol sobre a secreção do LH, resultando em ciclos anovulatórios.


UNIFENAS RESUMIDA


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