PL
1: Bases laboratoriais dos exames sorológicos
Autor: João Maximiano
Faculdade de Ciências Médicas da UNIFENAS-BH
Autor: João Maximiano
Faculdade de Ciências Médicas da UNIFENAS-BH
Sensibilidade
X especificidade
A
sensibilidade é a probabilidade de um teste dar positivo quando a pessoa está
doente.
A
especificidade é a probabilidade de um teste ser negativo quando não existe a doença.
O
ideal é aplicar inicialmente um teste sensível promovendo uma triagem e
posteriormente um teste específico de caráter confirmatório.
Exame sorológico
Conceito: ensaio
laboratorial que envolva uma reação de imunoquímica de ligação de moléculas de
anticorpo a um ou mais determinantes antigênicos, levando à formação de
imunocomplexos (antígenos (Ag) – anticorpo (Ac))
Na
prática de laboratório os testes sorológicos podem ser empregados na busca de
antígenos e anticorpos. Observe o esquema abaixo:
Alguns conceitos sobre sorologia
Efeito prozona: na formação dos
imunocomplexos, para que ocorra a reação é necessária quantidades equivalentes
de antígeno e anticorpo. O excesso de um ou de outro pode ocultar a reação
fornecendo um dado falso-negativo. Considera-se efeito prozona a ausência
de reação imunológica na presença de altas concentrações de anticorpos séricos
·
Janela
imunológica: período de tempo compreendido entre a
exposição ao agente infeccioso e o surgimento de algum marcador sorológico
detectável. Fatores que influenciam a janela imunológica:
Ø Natureza
do agente infeccioso
Ø Tamanho
do inoculo
Ø Eficácia
da resposta imune do hospedeiro
Ø Imunoensaio
empregado,
·
Titulo:
é
expresso como o inverso da ultima diluição de soro que apresentou reação
positiva
Com
o sucesso da terapêutica um resultado que antes era positivo a titulo 1/64 passa a ser positivo a 1/4, por exemplo.
Principais métodos sorológicos
a)
Métodos
de aglutinação: pode ser realizado em tubos ou placas e, um dos
componentes da reação Ag-Ac deve estar fixado na superfície de partículas
insolúveis. Após a formação do imunocomplexo, é possível visualizar a formação
de agregados. A reação de aglutinação
pode variar de ausente até intensa passando por fraca. A intensidade da reação
é influenciada por:
Ø Classe
a que pertence o anticorpo ( IgM aglutina 750 vezes mais que o IgG)
Ø Concentração
de eletrólitos
Ø pH
(ideal entre 6 – 8)
Ø Tempo
de incubação antígeno-anticorpo
Ø Temperatura
Aglutinação direta: os determinantes
antigênicos são constituídos naturalmente de estruturas insolúveis, como
bactérias, hemácias e protozoários.
Aglutinação indireta: necessita
de fixação de algum dos componentes da reação antígeno anticorpo na superfície
de partículas insolúveis.
a)
Testes
laboratoriais envolvidos na pesquisa da sífilis
Abordagem conceitual da
doença
·
Conceito:
doença
infecciosa sistêmica de evolução crônica.
·
Agente
etiológico: Treponema
pallidum
·
Tipos
de transmissão: adquirida (contato sexual) e congênita
(durante a gestação).
·
Evolução
da doença: 1) primária 2) secundária, 3) latente e 4) terciária.
Ø Fase primária: caracterizada
por aparecimento de uma lesão cutânea denominada cancro duro, que possui as
bordas endurecidas e é rica em treponemas. Regride espontaneamente em 4 a 6
semanas e o aparecimento de anticorpos ocorre entre 1 e 4 semanas após o
cancro.
Ø Fase secundária: reaparecimento
de lesões cutâneas disseminadas pelo corpo de caráter maculo-papulares não
pruriginosas. Há o aparecimento de sinais sistêmicos como febre e
linfadenopatia.
Ø Fase latente:
sucede a sífilis secundária e é caracterizada pela ausência de sinais ou
sintomas clínicos. Portanto, só é detectável por exames laboratoriais.
Ø Fase terciária:
pode aparecer em qualquer período de tempo após a fase secundária mesmo depois
de vários anos de latência. Caracterizada por necrose gomosa, lesões
cardiovasculares e neurológicas também são características desta fase.
Exames laboratoriais na infecção pelo Treponema pallidum
Diagnóstico bacteriológico (pesquisa
direta)
Estes
testes podem ser utilizados somente nos casos de sífilis primária, secundária e
congênita nos quais o treponema pode ser encontrado nas lesões.
Ø Pesquisa de Treponema em microscópio de
campo escuro: consiste na coleta e análise da amostra de
exudato límpido que se forma no local da ferida.
Ø Imunofluorescência direta: o
treponema é identificado a partir da utilização de anticorpos marcados com
fluoresceína.
Diagnóstico sorológico
·
Testes
não treponêmicos (identificação de Ac inespecíficos)
Ø VDRL: é um teste que possuí
alta sensibilidade e baixa especificidade devendo, portanto ser confirmado com
um teste treponêmico em caso de resultado positivo.
Técnica:
uma
gota do reagente á adicionada ao soro do paciente, a mistura é agitada por
aproximadamente 5 minutos e o material é levado ao microscópio óptico para
verificação da floculação. Soros reagentes devem ser titulados até que não mais
se observe reação e o resultado deve ser liberado contendo a ultima diluição em
que ocorreu floculação. (ex: reagente até 1/64)
Caso o clinico suspeite de
sífilis secundária, o mesmo deve solicitar
VDRL qualitativo e quantitativo onde será feita a diluição em 1/10 do
soro do paciente, uma vez que, as altas concentrações de anticorpos neste
período podem propiciar o efeito prozona.
O VDRL é utilizado tanto no
diagnóstico de triagem inicial como no controle do tratamento por meio de
titulações.
·
Testes
treponêmicos (identificação de Ac específicos)
Ø Hemaglutinação indireta: neste
caso utilizam-se hemácias recobertas por antígenos do Treponema pallidum. Se houver anticorpos contra Treponema ocorrerá
reação de aglutinação das hemácias, formando um tapete no fundo da placa.
Ausência de reação é caracterizada pela sedimentação das hemácias e formação de
um pequeno circulo.
Ø Imunufluorescência indireta (FTA-ABS): antígeno
adsorvido no KIT é adicionado ao soro do paciente formando o complexo
antígeno-anticorpo. Em uma segunda etapa um anticorpo anti-imunoglobulina
humana contendo um marcador fluorescente é adicionado ao complexo previamente
formado indicado um resultado positivo caso ocorra a fluorescência.
Recomendações para uso de exames
laboratoriais na infecção pelo Treponema
pallidum
Ø Sífilis primária:
§ Pesquisa
direta do microrganismo com confirmação em caso de resultado positivo.
§ VDRL
após duas semanas do aparecimento do cancro mais confirmação após duas semanas
da realização do teste caso tenha obtido um resultado negativo.
§ Se o
VDRL for positivo deve ser confirmado com o FTA-ABS ou HAI.
Ø Sífilis secundária
§ Pesquisa
direta do microrganismo com confirmação em caso de resultado positivo.
§ VDRL
muito sensível não sendo necessária repetição. O resultado positivo deve ser
confirmado com teste treponêmico.
Ø Sífilis terciária
§ Neste
caso os testes não treponêmicos apresentam maior sensibilidade que os testes
treponêmicos o que os torna pouco confiáveis nesta fase da doença. Os testes
treponêmicos devem ser a ferramenta foco no diagnostico da sífilis terciária
sendo necessário ao clínico relatar a suspeita ao laboratório.
Acompanhamento de tratamento
Via
de regra, o acompanhamento do tratamento é realizado a partir do VDRL
solicitado em três, seis e doze meses a partir do início do tratamento. A
resposta adequada pode ser evidenciada por queda de quatro vezes nos títulos de
VDRL após seis meses e de 8 vezes após 12 meses.
UNIFENAS RESUMIDA
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