quinta-feira, 30 de agosto de 2012

PL1: PATOLOGIA PUBERDADE


PL 1: Bases laboratoriais dos exames sorológicos

Autor: João Maximiano

Faculdade de Ciências Médicas da UNIFENAS-BH

Sensibilidade X especificidade
A sensibilidade é a probabilidade de um teste dar positivo quando a pessoa está doente.
A especificidade é a probabilidade de um teste ser negativo quando não existe a doença.




O ideal é aplicar inicialmente um teste sensível promovendo uma triagem e posteriormente um teste específico de caráter confirmatório.
Exame sorológico
Conceito: ensaio laboratorial que envolva uma reação de imunoquímica de ligação de moléculas de anticorpo a um ou mais determinantes antigênicos, levando à formação de imunocomplexos (antígenos (Ag) – anticorpo (Ac))
Na prática de laboratório os testes sorológicos podem ser empregados na busca de antígenos e anticorpos. Observe o esquema abaixo:


Alguns conceitos sobre sorologia
Efeito prozona: na formação dos imunocomplexos, para que ocorra a reação é necessária quantidades equivalentes de antígeno e anticorpo. O excesso de um ou de outro pode ocultar a reação fornecendo um  dado falso-negativo. Considera-se efeito prozona a ausência de reação imunológica na presença de altas concentrações de anticorpos séricos


·         Janela imunológica: período de tempo compreendido entre a exposição ao agente infeccioso e o surgimento de algum marcador sorológico detectável. Fatores que influenciam a janela imunológica:
Ø  Natureza do agente infeccioso
Ø  Tamanho do inoculo
Ø  Eficácia da resposta imune do hospedeiro
Ø  Imunoensaio empregado,
·         Titulo: é expresso como o inverso da ultima diluição de soro que apresentou reação positiva
Com o sucesso da terapêutica um resultado que antes era positivo a titulo 1/64 passa a ser positivo a 1/4, por exemplo.


Principais métodos sorológicos
a)    Métodos de aglutinação: pode ser realizado em tubos ou placas e, um dos componentes da reação Ag-Ac deve estar fixado na superfície de partículas insolúveis. Após a formação do imunocomplexo, é possível visualizar a formação de agregados.  A reação de aglutinação pode variar de ausente até intensa passando por fraca. A intensidade da reação é influenciada por:
Ø  Classe a que pertence o anticorpo ( IgM aglutina 750 vezes mais que o IgG)
Ø  Concentração de eletrólitos
Ø  pH (ideal entre 6 – 8)
Ø  Tempo de incubação antígeno-anticorpo
Ø  Temperatura
Aglutinação direta: os determinantes antigênicos são constituídos naturalmente de estruturas insolúveis, como bactérias, hemácias e protozoários.
Aglutinação indireta: necessita de fixação de algum dos componentes da reação antígeno anticorpo na superfície de partículas insolúveis.

a)    Testes laboratoriais envolvidos na pesquisa da sífilis
Abordagem conceitual da doença
·         Conceito: doença infecciosa sistêmica de evolução crônica.
·         Agente etiológico: Treponema pallidum
·         Tipos de transmissão: adquirida (contato sexual) e congênita (durante a gestação).
·         Evolução da doença: 1) primária 2) secundária, 3) latente e 4) terciária.
Ø  Fase primária: caracterizada por aparecimento de uma lesão cutânea denominada cancro duro, que possui as bordas endurecidas e é rica em treponemas. Regride espontaneamente em 4 a 6 semanas e o aparecimento de anticorpos ocorre entre 1 e 4 semanas após o cancro.
Ø  Fase secundária: reaparecimento de lesões cutâneas disseminadas pelo corpo de caráter maculo-papulares não pruriginosas. Há o aparecimento de sinais sistêmicos como febre e linfadenopatia.
Ø  Fase latente: sucede a sífilis secundária e é caracterizada pela ausência de sinais ou sintomas clínicos. Portanto, só é detectável por exames laboratoriais.
Ø  Fase terciária: pode aparecer em qualquer período de tempo após a fase secundária mesmo depois de vários anos de latência. Caracterizada por necrose gomosa, lesões cardiovasculares e neurológicas também são características desta fase.
Exames laboratoriais na infecção pelo Treponema pallidum
Diagnóstico bacteriológico (pesquisa direta)
Estes testes podem ser utilizados somente nos casos de sífilis primária, secundária e congênita nos quais o treponema pode ser encontrado nas lesões.
Ø  Pesquisa de Treponema em microscópio de campo escuro: consiste na coleta e análise da amostra de exudato límpido que se forma no local da ferida.
Ø  Imunofluorescência direta: o treponema é identificado a partir da utilização de anticorpos marcados com fluoresceína.
Diagnóstico sorológico
·         Testes não treponêmicos (identificação de Ac inespecíficos)
Ø  VDRL: é um teste que possuí alta sensibilidade e baixa especificidade devendo, portanto ser confirmado com um teste treponêmico em caso de resultado positivo.
Técnica: uma gota do reagente á adicionada ao soro do paciente, a mistura é agitada por aproximadamente 5 minutos e o material é levado ao microscópio óptico para verificação da floculação. Soros reagentes devem ser titulados até que não mais se observe reação e o resultado deve ser liberado contendo a ultima diluição em que ocorreu floculação. (ex: reagente até 1/64)




Caso o clinico suspeite de sífilis secundária, o mesmo deve solicitar  VDRL qualitativo e quantitativo onde será feita a diluição em 1/10 do soro do paciente, uma vez que, as altas concentrações de anticorpos neste período podem propiciar o efeito prozona.
O VDRL é utilizado tanto no diagnóstico de triagem inicial como no controle do tratamento por meio de titulações.

·         Testes treponêmicos (identificação de Ac específicos)

Ø  Hemaglutinação indireta: neste caso utilizam-se hemácias recobertas por antígenos do Treponema pallidum. Se houver anticorpos contra Treponema ocorrerá reação de aglutinação das hemácias, formando um tapete no fundo da placa. Ausência de reação é caracterizada pela sedimentação das hemácias e formação de um pequeno circulo.
Ø  Imunufluorescência indireta (FTA-ABS): antígeno adsorvido no KIT é adicionado ao soro do paciente formando o complexo antígeno-anticorpo. Em uma segunda etapa um anticorpo anti-imunoglobulina humana contendo um marcador fluorescente é adicionado ao complexo previamente formado indicado um resultado positivo caso ocorra a fluorescência.
Recomendações para uso de exames laboratoriais na infecção pelo Treponema pallidum
Ø  Sífilis primária:
§  Pesquisa direta do microrganismo com confirmação em caso de resultado positivo.
§  VDRL após duas semanas do aparecimento do cancro mais confirmação após duas semanas da realização do teste caso tenha obtido um resultado negativo.
§  Se o VDRL for positivo deve ser confirmado com o FTA-ABS ou HAI.
Ø  Sífilis secundária
§  Pesquisa direta do microrganismo com confirmação em caso de resultado positivo.
§  VDRL muito sensível não sendo necessária repetição. O resultado positivo deve ser confirmado com teste treponêmico.
Ø  Sífilis terciária
§  Neste caso os testes não treponêmicos apresentam maior sensibilidade que os testes treponêmicos o que os torna pouco confiáveis nesta fase da doença. Os testes treponêmicos devem ser a ferramenta foco no diagnostico da sífilis terciária sendo necessário ao clínico relatar a suspeita ao laboratório.
Acompanhamento de tratamento
Via de regra, o acompanhamento do tratamento é realizado a partir do VDRL solicitado em três, seis e doze meses a partir do início do tratamento. A resposta adequada pode ser evidenciada por queda de quatro vezes nos títulos de VDRL após seis meses e de 8 vezes após 12 meses.

UNIFENAS RESUMIDA




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