quinta-feira, 22 de novembro de 2012

DEPRESSÃO

FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS - UNIFENAS-BH
JOÃO MAXIMIANO
DEPRESSÃO


Conceito
O estado depressivo se caracteriza por alteração do humor do indivíduo em direção ao polo depressivo, que afeta outras funções mentais com intensidade e amplitude diversos.
A depressão é uma condição médica comum, crônica e recorrente. Esta frequentemente associada à incapacitação funcional e comprometimento da saúde física. Os pacientes deprimidos apresentam deficiência de sua saúde e bem estar alem de maior utilização de serviços de saúde.
Epidemiologia
A prevalência anual de depressão na população em geral varia entre 3% a 11%. Em pacientes de cuidados primários em saúde é de 10%. Em pacientes internados por qualquer doença física a prevalência de depressão varia entre 22% a 33%.

A prevalência é 2 a 3 vezes mais frequente em mulheres que em homens e mais de 80 % dos pacientes que receberam tratamento para depressão em algum momento terão novos episódios ao longo da vida.

A idade média do inicio do transtorno gira em torno dos 40 anos, sendo que 50% dos pacientes apresentam o sintoma entre os 20 e 40 anos.

Estima-se que 30 a 45% dos pacientes tratados por depressão apresentam resposta inadequada ao tratamento inicial e até 15% dos pacientes mostram-se resistentes ou mesmo refratários ao tratamento farmacológico.

Fisiopatologia
Modelo monoaminérigico: as primeiras propostas para tentar explicar a depressão foram baseadas na deficiência na produção e liberação na fenda sináptica de monoaminas, sendo elas a noroepinefrina (NE), serotonina e dopamina (DA).
Os sistemas monoaminérigicos se originam em pequenos núcleos no tronco cerebral e mesencéfalo e projetam-se difusamente pelo córtex e sistema límbico exercendo efeitos de modulação e integração sobre outras atividades corticais e subcorticais e estão envolvidos na regulação da atividade psicomotora, apetite, sono e, provavelmente, do humor.


Apesar da relevância da hipótese das monoaminas na  investigação da depressão, existe certa resistência para sua plena aceitação, especialmente devido ao fato de que todos os medicamentos antidepressivos aumentam, de imediato, as monoaminas no âmbito das  fendas sinápticas, porém seu efeito clínico só ocorre algumas semanas depois.  

Hipótese da dessensibilização de receptores: Tal hipótese propunha que o atraso no aparecimento do efeito terapêutico dos antidepressivos estava relacionado a alterações no número e sensibilidade dos receptores monoaminérgicos. Como esse efeito demora dias ou semanas para ocorrer, os investigadores propunham que a depressão podia ser explicada por uma supersensitividade de receptores beta-adrenérgicos.


Quadro clínico de depressão

·         Humor deprimido na maior parte do tempo, o que é identificado na maioria das vezes pela sensação de tristeza e tendência ao choro.
·         Perda do interesse por atividades antes consideradas prazerosas pelo paciente.
·         Redução do tempo destinado ao trabalho e/ou atividades rotineiras devido à desinteresse, sensação de fraqueza muscular, cansaço, falta de energia.
·         O pensamento torna-se lento e capacidade de concentração e atenção fica prejudicada
·         Apetite pode ficar reduzido ou aumentado
·         Perda na qualidade do sono, podendo ocorrer insônia ou hipersônia.
·         Diminuição da atividade motora.
·         O conteúdo do pensamento modifica havendo ideias de: menos valia, inutilidade, culpa, pessimismo, suicídio e/ou planejamento suicida.
·         Rebaixamento do humor
·         Perda de energia
·         Redução da atividade
·         Diminuição concentração
·         Fadiga importante a pequenos esforços
·         Problemas do sono
·         Diminuição do apetite
·         Diminuição da autoestima
·         Diminuição da autoconfiança
·         Ideia de culpabilidade
·         Ideia de indignidade
·         Pode acompanhar sintomas somáticos como por exemplo perda do libido














Diagnostico de depressão
1)    Episódios depressivos
a)    Leve: O humor depressivo durar pelo menos duas semanas. Geralmente estão presentes ao menos dois ou três dos sintomas citados anteriormente. O paciente usualmente sofre com a presença destes sintomas, mas provavelmente será capaz de desempenhar a maior parte das atividades.
b)   Moderado: Geralmente estão presentes quatro ou mais dos sintomas citados anteriormente e o paciente aparentemente tem muita dificuldade para continuar a desempenhar as atividades de rotina.
c)    Grave: Episódio depressivo onde vários dos sintomas são marcantes e angustiantes, tipicamente a perda da autoestima e idéias de desvalia ou culpa. As idéias e os atos suicidas são comuns e observa-se em geral uma série de sintomas “somáticos”.
2)    Transtorno depressivo recorrente: Transtorno caracterizado pela ocorrência repetida de episódios depressivos correspondentes à descrição de um episódio depressivo na ausência de todo antecedente de episódios independentes de exaltação de humor e de aumento de energia (mania)
3)    Distimia: Rebaixamento crônico do humor, persistindo ao menos por vários anos, mas cuja gravidade não é suficiente ou na qual os episódios individuais são muito curtos para responder aos critérios de transtorno depressivo recorrente grave, moderado ou leve.
Classificação da depressão com base na DSM-IV

Transtorno depressivo maior: o diagnóstico de transtorno depressivo maior é dado na presença de sintomas que satisfaçam os critérios estabelecidos para um episódio depressivo maior. O episódio pode ser único ou recorre durante a vida do indivíduo. Humor depressivo ou diminuição do interesse ou prazer + 4 manifestações depressivas


Transtorno depressivo menor: caracterizado por episódios depressivos menos intensos dos que ocorrem do transtorno depressivo maior. Humor depressivo +  2 manifestações depressivas.

Transtorno depressivo recorrente breve: breves períodos recorrentes, inferiores a duas semanas, em que ocorrem sintomas característicos de um episódios depressivo.

Transtorno distímico: caracteriza-se pela presença de humor depressivo por, pelo menos, dois anos.  Humor depressivo ou diminuição do interesse ou prazer + 2 manifestações depressivas

Transtorno de ajustamento com humor depressivo: sintomas de um episódio depressivo podem surgir em reação a eventos estressores significativos na vida dos indivíduos. A reação reflete um sofrimento intenso, que excede o esperado, ou causa prejuízos significativos no funcionamento social ou profissional.

Luto: alguns indivíduos, à perda de entes queridos, têm uma reação com características de um episódio depressivo. Espera-se que os sintomas apresentados remitam em dois meses após a perda. Entretanto, o luto pode ser desencadeador de um episódio depressivo em portadores de transtorno de humor.
Transtorno depressivo com padrão sazonal: pacientes com padrão sazonal experimentam episódios depressivos em uma determinada época do ano, habitualmente no inverno.
Depressão em idosos: a investigação, neste caso, deve tentar distinguir um episódio depressivo de tristeza. Os sintomas estão associados à problemas sofridos durante a vida, limitações físicas ligadas ao envelhecimento ou outras doenças clinicamente concomitantes. Falta de prazer, ideações de culpa, inutilidade, desesperança e morte são características mais comuns ligadas à depressão.

Depressão em doenças crônicas: em portadores de doenças crônicas, quadros progressivos podem estar presentes de modo independente da doença, podem ser decorrentes da doença ou podem exarcebar sintomas daquela doença.

Tratamento da depressão

a)    Não farmacológico
·         Paciente deve ser orientado quanto à natureza médica da doença, sobre as possibilidades de tratamento e os aspectos envolvidos.
·         Pratica de exercício físico pode ajudar a atenuar os sintomas.
·         Estudos controlados mostraram que psicoterapia cognitiva psicoterapia interpessoal e psicoterapia de solução de problemas são efetivas no tratamento dos episódios depressivos leves a moderados
·         letroconvulsoterapia tem eficácia superior ao placebo, à ECT simulado e à medicação antidepressiva. A proporção de pacientes com depressão maior que respondem à ECT situa-se entre 80% a 90%. A ECT pode ser efetiva na metade dos pacientes com depressão maior que não responderam a medicamentos antidepressivos.
b)   Farmacológico
·         IMAO (inibidor da monoamina oxidase): este fármaco se liga irreversivelmente à MAO impedindo a degradação dos neurotransmissores. Moclobemida e Tranilcipromina
·         Tricíclicos: impedem a recaptação das monoaminas em especial serotonina e noradrenalina e em menor proporção dopamina. Faz isso ligando-se aos sítios alostéricos na membrana pós-sináptica destes neurotransmissores.
Efeitos colaterais: 1) hipotensão postural, 2)boca seca, 3) visão turva, 4) retensão urinária, 5)constipação intestinal, 6)distúrbios de memória, 7) sedação e 8) ganho de peso.   
Imipramina, amitriptilina, nortriptilina, clomipramina etc
·         ISRS(inibidores seletivos da recaptação da serotonina): possui a mesma função do tricíclico mas especificamente para a serotonina. A grande vantagem sobre os tricíclicos é que o ISRS não apresenta os efeitos colaterais e o perigo de superdosagem que emana dos tricíclicos.
Efeitos colaterais: nas doses iniciais pode ocorrer ansiedade, ataque de pânico e agitação mental.


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