FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS - UNIFENAS-BH
JOÃO MAXIMIANO
DEPRESSÃO
Conceito
O
estado depressivo se caracteriza por alteração do humor do indivíduo em direção
ao polo depressivo, que afeta outras funções mentais com intensidade e
amplitude diversos.
A
depressão é uma condição médica comum, crônica e recorrente. Esta
frequentemente associada à incapacitação funcional e comprometimento da saúde
física. Os pacientes deprimidos apresentam deficiência de sua saúde e bem estar
alem de maior utilização de serviços de saúde.
Epidemiologia
A prevalência anual de depressão na população
em geral varia entre 3% a 11%. Em pacientes de cuidados primários em
saúde é de 10%. Em pacientes internados por qualquer doença física a
prevalência de depressão varia entre 22% a 33%.
A prevalência é 2 a
3 vezes mais frequente em mulheres que em homens e mais de 80 % dos pacientes
que receberam tratamento para depressão em algum momento terão novos episódios
ao longo da vida.
A idade média do
inicio do transtorno gira em torno dos 40 anos, sendo que 50% dos pacientes
apresentam o sintoma entre os 20 e 40 anos.
Estima-se que 30 a
45% dos pacientes tratados por depressão apresentam resposta inadequada ao tratamento inicial e
até 15% dos pacientes mostram-se resistentes ou mesmo refratários ao tratamento
farmacológico.
Fisiopatologia
Modelo
monoaminérigico: as primeiras
propostas para tentar explicar a depressão foram baseadas na deficiência na
produção e liberação na fenda sináptica de monoaminas, sendo elas a
noroepinefrina (NE), serotonina e dopamina (DA).
Os sistemas monoaminérigicos se originam em
pequenos núcleos no tronco cerebral e mesencéfalo e projetam-se difusamente
pelo córtex e sistema límbico exercendo efeitos de modulação e integração sobre
outras atividades corticais e subcorticais e estão envolvidos na regulação da atividade
psicomotora, apetite, sono e, provavelmente, do humor.
Hipótese
da dessensibilização de receptores: Tal hipótese propunha que o atraso no aparecimento do efeito terapêutico
dos antidepressivos estava relacionado a alterações no número e sensibilidade
dos receptores monoaminérgicos. Como esse efeito demora dias ou semanas para
ocorrer, os investigadores propunham que a depressão podia ser explicada por
uma supersensitividade de receptores beta-adrenérgicos.
Quadro
clínico de depressão
·
Humor
deprimido na maior parte do tempo, o que é identificado na maioria das vezes
pela sensação de tristeza e tendência ao choro.
·
Perda do
interesse por atividades antes consideradas prazerosas pelo paciente.
·
Redução do
tempo destinado ao trabalho e/ou atividades rotineiras devido à desinteresse,
sensação de fraqueza muscular, cansaço, falta de energia.
·
O pensamento
torna-se lento e capacidade de concentração e atenção fica prejudicada
·
Apetite pode
ficar reduzido ou aumentado
·
Perda na
qualidade do sono, podendo ocorrer insônia ou hipersônia.
·
Diminuição
da atividade motora.
·
O conteúdo
do pensamento modifica havendo ideias de: menos valia, inutilidade, culpa,
pessimismo, suicídio e/ou planejamento suicida.
·
Rebaixamento do humor
·
Perda de energia
·
Redução da atividade
·
Diminuição concentração
·
Fadiga importante a pequenos esforços
·
Problemas do sono
·
Diminuição do apetite
·
Diminuição da autoestima
·
Diminuição da autoconfiança
·
Ideia de culpabilidade
·
Ideia de indignidade
|
·
Pode acompanhar sintomas somáticos como por
exemplo perda do libido
|
Diagnostico
de depressão
1)
Episódios depressivos
a)
Leve: O humor depressivo durar pelo menos duas semanas. Geralmente estão presentes ao menos dois ou três
dos sintomas citados anteriormente. O paciente usualmente sofre com a presença
destes sintomas, mas provavelmente será capaz de desempenhar a maior parte das
atividades.
b)
Moderado: Geralmente estão presentes quatro ou mais dos sintomas
citados anteriormente e o paciente aparentemente tem muita dificuldade para
continuar a desempenhar as atividades de rotina.
c)
Grave: Episódio depressivo onde vários dos sintomas são marcantes e
angustiantes, tipicamente a perda da autoestima e idéias de desvalia ou culpa.
As idéias e os atos suicidas são comuns e observa-se em geral uma série de
sintomas “somáticos”.
2)
Transtorno depressivo recorrente: Transtorno caracterizado pela ocorrência repetida
de episódios depressivos correspondentes à descrição de um episódio depressivo
na ausência de todo antecedente de episódios independentes de exaltação de
humor e de aumento de energia (mania)
3)
Distimia: Rebaixamento crônico do humor, persistindo ao menos por
vários anos, mas cuja gravidade não é suficiente ou na qual os episódios
individuais são muito curtos para responder aos critérios de transtorno
depressivo recorrente grave, moderado ou leve.
Classificação
da depressão com base na DSM-IV
Transtorno
depressivo maior: o
diagnóstico de transtorno depressivo maior é dado na presença de sintomas que
satisfaçam os critérios estabelecidos para um episódio depressivo maior. O
episódio pode ser único ou recorre durante a vida do indivíduo. Humor
depressivo ou diminuição do interesse ou prazer + 4 manifestações depressivas
Transtorno
depressivo menor: caracterizado
por episódios depressivos menos intensos dos que ocorrem do transtorno
depressivo maior. Humor depressivo + 2
manifestações depressivas.
Transtorno
depressivo recorrente breve: breves períodos recorrentes, inferiores a duas semanas, em que ocorrem
sintomas característicos de um episódios depressivo.
Transtorno
distímico: caracteriza-se
pela presença de humor depressivo por, pelo menos, dois anos. Humor depressivo ou diminuição do interesse
ou prazer + 2 manifestações depressivas
Transtorno
de ajustamento com humor depressivo: sintomas de um episódio depressivo podem surgir em reação a eventos
estressores significativos na vida dos indivíduos. A reação reflete um
sofrimento intenso, que excede o esperado, ou causa prejuízos significativos no
funcionamento social ou profissional.
Luto: alguns indivíduos, à perda de entes queridos,
têm uma reação com características de um episódio depressivo. Espera-se que os
sintomas apresentados remitam em dois meses após a perda. Entretanto, o luto
pode ser desencadeador de um episódio depressivo em portadores de transtorno de
humor.
Transtorno
depressivo com padrão sazonal: pacientes com padrão sazonal experimentam episódios depressivos em uma
determinada época do ano, habitualmente no inverno.
Depressão
em idosos: a investigação,
neste caso, deve tentar distinguir um episódio depressivo de tristeza. Os
sintomas estão associados à problemas sofridos durante a vida, limitações
físicas ligadas ao envelhecimento ou outras doenças clinicamente concomitantes.
Falta de prazer, ideações de culpa, inutilidade, desesperança e morte são
características mais comuns ligadas à depressão.
Depressão
em doenças crônicas: em
portadores de doenças crônicas, quadros progressivos podem estar presentes de
modo independente da doença, podem ser decorrentes da doença ou podem exarcebar
sintomas daquela doença.
Tratamento
da depressão
a)
Não farmacológico
·
Paciente
deve ser orientado quanto à natureza médica da doença, sobre as possibilidades
de tratamento e os aspectos envolvidos.
·
Pratica de
exercício físico pode ajudar a atenuar os sintomas.
·
Estudos
controlados mostraram que psicoterapia cognitiva psicoterapia interpessoal
e psicoterapia de solução de problemas são efetivas no tratamento
dos episódios depressivos leves a moderados
·
letroconvulsoterapia
tem eficácia superior ao placebo, à ECT simulado e à medicação antidepressiva.
A proporção de pacientes com depressão maior que respondem à ECT situa-se entre
80% a 90%. A ECT pode ser efetiva na metade dos pacientes com depressão maior
que não responderam a medicamentos antidepressivos.
b)
Farmacológico
·
IMAO (inibidor da monoamina oxidase): este fármaco se liga irreversivelmente à MAO
impedindo a degradação dos neurotransmissores. Moclobemida e Tranilcipromina
·
Tricíclicos: impedem a recaptação das monoaminas em
especial serotonina e noradrenalina e em menor proporção dopamina. Faz isso
ligando-se aos sítios alostéricos na membrana pós-sináptica destes
neurotransmissores.
Efeitos colaterais: 1)
hipotensão postural, 2)boca seca, 3) visão turva, 4) retensão urinária, 5)constipação
intestinal, 6)distúrbios de memória, 7) sedação e 8) ganho de peso.
Imipramina, amitriptilina, nortriptilina,
clomipramina etc
·
ISRS(inibidores seletivos da recaptação da
serotonina): possui a
mesma função do tricíclico mas especificamente para a serotonina. A grande
vantagem sobre os tricíclicos é que o ISRS não apresenta os efeitos colaterais
e o perigo de superdosagem que emana dos tricíclicos.
Efeitos colaterais: nas doses iniciais pode ocorrer
ansiedade, ataque de pânico e agitação mental.
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