Autor: João Maximiano
ENVELHECIMENTO DO APARELHO RESPIRATÓRIO
Revisão
da anatomia e fisiologia do aparelho respiratório
Vias aéreas e fluxo aéreo: as
vias aéreas consistem de séries de tubos ramificados, os quais se tornam mais
estreitos, mais curtos e mais numerosos, à medida que penetram mais
profundamente no pulmão.
A traqueia divide-se em brônquios direito e esquerdo, os quais
dividem-se em bronquíolos lobares e
segmentares. Esse processo continua com os bronquíolos terminais, os quais são as menores vias aéreas sem
alvéolos. Todos essas estruturas constituem as vias aéreas condutoras, e por
não possuírem alvéolos, elas constituem o espaço morto anatômico, com volume de
cerca de 150 ml.
Os bronquíolos terminais dividem-se em bronquíolos respiratórios, os quais tem,
ocasionalmente alvéolos em suas paredes. Finalmente, cega-se aos ductos alveolares, que são inteiramente
revestidos com alvéolos. Essa região alveolada do pulmão é conhecida como zona
respiratória (2,5 a 3 litros)
Durante
a inspiração, o volume da cavidade torácica aumenta, e o ar é puxado para
dentro do pulmão. O aumento volumétrico é, em parte, realizado pela contração
do diafragma, que causa sua descida, e em parte pela ação dos músculos
intercostais, que levantam as costelas, assim aumentando a área transversal do
tórax.
O ar
assume grande velocidade dirigindo-se até os bronquíolos terminais. A partir
daí, o ar perde velocidade diante da grande área da zona respiratória e a
difusão passa a ser o mecanismo de ventilação dominante.
Vasos sanguíneos e fluxo: os
vasos sanguíneos pulmonares também formam uma série de tubos ramificados, da
artéria pulmonar aos capilares e de volta às veias pulmonares.
Estabilidade dos alvéolos: a
tensão superficial do líquido depositado nos alvéolos tendem à colapsa-lo.
Porém, os pneumócitos produzem surfactante de maneira que essa tensão
superficial seja reduzida. No entanto, na presença de doença o colapso dos
alvéolos constitui um problema significativo.
Remoção de partículas inaladas: partículas
menores que se depositam nas vias aéreas condutoras são removidas por um
movimento de “escalada de muco”, o qual varre restos até a epiglote onde são
deglutidos. Tal muco, secretado pelas glândulas mucosas e também pelas células
caliciformes nas paredes brônquicas, é impelido por milhões de cílios, que se
movem ritmicamente sob condições normais. Caso as partículas alcancem os
alvéolos elas serão fagocitadas por macrófagos que serão removidos pelo tecido
linfático e posteriormente sanguíneo.
Ventilação
a)
Volumes
pulmonares
·
Volume
corrente (500ml): respiração normal (analisada pelo espirômetro
durante a respiração normal).
·
Capacidade
vital: inspiração máxima + expiração máxima.
·
Volume
residual: volume que permanece no pulmão após expiração máxima. (não
pode ser medido pelo espirômetro); normalmente é de 1200ml.
·
Capacidade
residual funcional: volume que permanece no pulmão após uma
expiração normal. (não pode ser medido pelo espirômetro)
·
Volume
de reserva inspiratório: é o volume extra de ar que pode ser
inspirado acima do volume corrente normal quando uma pessoa inspira com força
total; normalmente é de cerca de 3000ml.
·
Volume
de reserva expiratório: é o máximo volume extra de ar que pode
ser expirado numa expiração forçada após o final de uma expiração corrente normal;
normalmente é de cerca de 1100ml.
·
Capacidade
inspiratória: volume corrente + volume de reserva
inspiratório. 3500ml.
·
Capacidade
pulmonar total: capacidade vital + volume residual.
b)
Ventilação
·
Ventilação
total: coresponde ao volume total que deixa o pulmão. Calculado
pelo volume corrente X irpm
·
Ventilação
espaço morto: corresponde à parcela do volume corrente que
permanece no espaço morto.
·
Ventilação
alveolar: corresponde à quantidade de ar que está presente para a
troca gasosa efetiva.
Va = ventilação do espaço alveolar
Vd = ventilação do espaço morto
Ve = ventilação total expirada
Envelhecimento
do aparelho respiratório
O
envelhecimento ocasiona alterações na parede torácica, diminuindo sua
complacência, para tanto ocorre o seguinte:
·
A osteoporose senil reduz, progressiva ou
agudamente a altura das vértebras torácicas provocando cifose e aumento do
diâmetro Antero-posterior do tórax, com isso, ocorrerá uma diminuição da
complacência da caixa torácica.
·
Ocorre calcificação das articulações
condroesternais e condrovertebrais que reduzem a expansibilidade durante a
inspiração.
·
Estas alterações osteoarticulares alteram a
curvatura diafragmática interferindo na contração muscular efetiva para uma
mecânica respiratória eficaz.
A
musculatura respiratória sofre alterações:
·
Estima-se que a perda progressiva de massa
muscular com a idade, principalmente fibras de contração rápida (tipo II),
diminua a capacidade de tensão muscular necessária ao diafragma.
·
Observam-se também alterações nas junções
neuromusculares e perda de neurônios motores periféricos com seletiva
desnervação para as fibras musculares tipo II.
·
Um homem idoso gasta em média 20% a mais de energia
que um adulto jovem para a mesma atividade respiratória.
O parênquima
pulmonar sofre alterações:
·
Nota-se mudanças na configuração do colágeno
e a existência de pseudoelastina no parênquima, o que causa progressiva queda
da pressão de retração elástica do pulmão. Isso acarreta em maior distensão e
rigidez pulmonar com o avanço da idade.
·
Após os 50 anos associa-se a degeneração das
fibras elásticas ao redor dos ductos
alveolares que promove constrição prematura das pequenas vias respiratórias
durante a expiração.
Alterações
imunológicas:
·
Nota-se aumento do numero de neutrófilos em
relação a macrófagos e aumento de IgM e IgA e da relação CD4+/CD8+. Isso sugere
incremento na coordenação de respostas imunes (CD4), possivelmente, pelo volume
de estímulos antigênicos repetitivos durante o processo da vida, e perda
parcial da capacidade de destruição (CD8) de células infectadas por vírus.
·
Observa-se também maior capacidade dos
macrófagos em liberar radicais livres em resposta a estímulos ambientais e/ou
microorganismos no idoso.
·
Tais mudanças provocam no trato respiratório inferior
um grau persistente de inflamação que causa, por sua vez, lesão proteolítica e
oxidativa mediada, resultando na perda de atividades alveolares com o
envelhecimento.
Provas
da função pulmonar:
·
Espaço morto aumenta em 50% entre os 20 e 70
anos de idade.
·
O volume residual aumenta.
·
Ocorre decréscimo de ate 75% da capacidade
vital.
·
Ocorre aumento da capacidade residual
funcional. Dessa maneira idosos necessitam respirar maiores volumes de ar que
os adultos jovens.
·
Queda do FEV1 de aproximadamente
20 a 29ml/ano bem como da CVF de 14 a 25 ml/ano.
·
O fluxo expiratório máximo tende à decrescer
com a idade devido às mudanças nas pequenas vias respiratórias pelo
envelhecimento.
·
Decréscimo do fluxo inspiratório máximo.
Mecanismos
compensatórios: a sensibilidade dos quimiorreceptores à diminuição da PO2
bem como da PCO2 está diminuída. Portanto, o aumento da FC pode não
ser suficiente em inúmeras situações.
Resumo das alterações
|
|
O que está diminuído
|
|
FEV1
|
Diminuído
|
Complacência
da parede torácica
|
Diminuída
|
Capacidade
vital
|
Diminuída
|
Complacência
total
|
Diminuída
|
Pressão
inspiratória máxima
|
Diminuída
|
Pressão
transdiafragmática
|
Diminuída
|
Ventilação
voluntária máxima
|
Diminuída
|
Capacidade
de difusão do CO2
|
Diminuída
|
Substâncias
antioxidantes epiteliais
|
Diminuída
|
Força
dos músculos respiratórios
|
Diminuída
|
Pressão
artérial de oxigênio
|
Diminuída
|
Sensibilidade
respiratória à hipóxia
|
Diminuída
|
O que está aumentado
|
|
Complacência
pulmonar
|
Aumentada
|
Espaço
morto
|
Aumentado
|
Capacidade
residual funcional
|
Aumentada
|
Volume
residual
|
Aumentado
|
Percentual
de neutrófilos
|
Aumentado
|
Relação
CD4+/CD8+
|
Aumentada
|
O que está inalterado
|
|
Capacidade
pulmonar total
|
Inalterada
|
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