sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

ENVELHECIMENTO DO AR


Autor: João Maximiano

ENVELHECIMENTO DO APARELHO RESPIRATÓRIO


Revisão da anatomia e fisiologia do aparelho respiratório
Vias aéreas e fluxo aéreo: as vias aéreas consistem de séries de tubos ramificados, os quais se tornam mais estreitos, mais curtos e mais numerosos, à medida que penetram mais profundamente no pulmão.
A traqueia divide-se em brônquios direito e esquerdo, os quais dividem-se em bronquíolos lobares e segmentares. Esse processo continua com os bronquíolos terminais, os quais são as menores vias aéreas sem alvéolos. Todos essas estruturas constituem as vias aéreas condutoras, e por não possuírem alvéolos, elas constituem o espaço morto anatômico, com volume de cerca de 150 ml.
Os bronquíolos terminais dividem-se em bronquíolos respiratórios, os quais tem, ocasionalmente alvéolos em suas paredes. Finalmente, cega-se aos ductos alveolares, que são inteiramente revestidos com alvéolos. Essa região alveolada do pulmão é conhecida como zona respiratória (2,5 a 3 litros)

Durante a inspiração, o volume da cavidade torácica aumenta, e o ar é puxado para dentro do pulmão. O aumento volumétrico é, em parte, realizado pela contração do diafragma, que causa sua descida, e em parte pela ação dos músculos intercostais, que levantam as costelas, assim aumentando a área transversal do tórax.
O ar assume grande velocidade dirigindo-se até os bronquíolos terminais. A partir daí, o ar perde velocidade diante da grande área da zona respiratória e a difusão passa a ser o mecanismo de ventilação dominante.
Vasos sanguíneos e fluxo: os vasos sanguíneos pulmonares também formam uma série de tubos ramificados, da artéria pulmonar aos capilares e de volta às veias pulmonares.
Estabilidade dos alvéolos: a tensão superficial do líquido depositado nos alvéolos tendem à colapsa-lo. Porém, os pneumócitos produzem surfactante de maneira que essa tensão superficial seja reduzida. No entanto, na presença de doença o colapso dos alvéolos constitui um problema significativo.
Remoção de partículas inaladas: partículas menores que se depositam nas vias aéreas condutoras são removidas por um movimento de “escalada de muco”, o qual varre restos até a epiglote onde são deglutidos. Tal muco, secretado pelas glândulas mucosas e também pelas células caliciformes nas paredes brônquicas, é impelido por milhões de cílios, que se movem ritmicamente sob condições normais. Caso as partículas alcancem os alvéolos elas serão fagocitadas por macrófagos que serão removidos pelo tecido linfático e posteriormente sanguíneo.
Ventilação
a)    Volumes pulmonares
·         Volume corrente (500ml): respiração normal (analisada pelo espirômetro durante a respiração normal).
·         Capacidade vital: inspiração máxima + expiração máxima.
·         Volume residual: volume que permanece no pulmão após expiração máxima. (não pode ser medido pelo espirômetro); normalmente é de 1200ml.
·         Capacidade residual funcional: volume que permanece no pulmão após uma expiração normal. (não pode ser medido pelo espirômetro)
·         Volume de reserva inspiratório: é o volume extra de ar que pode ser inspirado acima do volume corrente normal quando uma pessoa inspira com força total; normalmente é de cerca de 3000ml.
·         Volume de reserva expiratório: é o máximo volume extra de ar que pode ser expirado numa expiração forçada após o final de uma expiração corrente normal; normalmente é de cerca de 1100ml.
·         Capacidade inspiratória: volume corrente + volume de reserva inspiratório. 3500ml.
·         Capacidade pulmonar total: capacidade vital + volume residual.
b)   Ventilação
·         Ventilação total: coresponde ao volume total que deixa o pulmão. Calculado pelo volume corrente X irpm
·         Ventilação espaço morto: corresponde à parcela do volume corrente que permanece no espaço morto.
·         Ventilação alveolar: corresponde à quantidade de ar que está presente para a troca gasosa efetiva.


Va = ventilação do espaço alveolar
Vd = ventilação do espaço morto
Ve = ventilação total expirada



Envelhecimento do aparelho respiratório
O envelhecimento ocasiona alterações na parede torácica, diminuindo sua complacência, para tanto ocorre o seguinte:
·         A osteoporose senil reduz, progressiva ou agudamente a altura das vértebras torácicas provocando cifose e aumento do diâmetro Antero-posterior do tórax, com isso, ocorrerá uma diminuição da complacência da caixa torácica.
·         Ocorre calcificação das articulações condroesternais e condrovertebrais que reduzem a expansibilidade durante a inspiração.
·         Estas alterações osteoarticulares alteram a curvatura diafragmática interferindo na contração muscular efetiva para uma mecânica respiratória eficaz.
A musculatura respiratória sofre alterações:
·         Estima-se que a perda progressiva de massa muscular com a idade, principalmente fibras de contração rápida (tipo II), diminua a capacidade de tensão muscular necessária ao diafragma.
·         Observam-se também alterações nas junções neuromusculares e perda de neurônios motores periféricos com seletiva desnervação para as fibras musculares tipo II.
·         Um homem idoso gasta em média 20% a mais de energia que um adulto jovem para a mesma atividade respiratória.
O parênquima pulmonar sofre alterações:
·         Nota-se mudanças na configuração do colágeno e a existência de pseudoelastina no parênquima, o que causa progressiva queda da pressão de retração elástica do pulmão. Isso acarreta em maior distensão e rigidez pulmonar com o avanço da idade.
·         Após os 50 anos associa-se a degeneração das fibras elásticas ao redor  dos ductos alveolares que promove constrição prematura das pequenas vias respiratórias durante a expiração.
Alterações imunológicas:
·         Nota-se aumento do numero de neutrófilos em relação a macrófagos e aumento de IgM e IgA e da relação CD4+/CD8+. Isso sugere incremento na coordenação de respostas imunes (CD4), possivelmente, pelo volume de estímulos antigênicos repetitivos durante o processo da vida, e perda parcial da capacidade de destruição (CD8) de células infectadas por vírus.
·         Observa-se também maior capacidade dos macrófagos em liberar radicais livres em resposta a estímulos ambientais e/ou microorganismos no idoso.
·         Tais mudanças provocam no trato respiratório inferior um grau persistente de inflamação que causa, por sua vez, lesão proteolítica e oxidativa mediada, resultando na perda de atividades alveolares com o envelhecimento.
Provas da função pulmonar:
·         Espaço morto aumenta em 50% entre os 20 e 70 anos de idade.
·         O volume residual aumenta.
·         Ocorre decréscimo de ate 75% da capacidade vital.
·         Ocorre aumento da capacidade residual funcional. Dessa maneira idosos necessitam respirar maiores volumes de ar que os adultos jovens.
·         Queda do FEV1 de aproximadamente 20 a 29ml/ano bem como da CVF de 14 a 25 ml/ano.
·         O fluxo expiratório máximo tende à decrescer com a idade devido às mudanças nas pequenas vias respiratórias pelo envelhecimento.
·         Decréscimo do fluxo inspiratório máximo.

Mecanismos compensatórios: a sensibilidade dos quimiorreceptores à diminuição da PO2 bem como da PCO2 está diminuída. Portanto, o aumento da FC pode não ser suficiente em inúmeras situações.

Resumo das alterações
O que está diminuído
FEV1
Diminuído
Complacência da parede torácica
Diminuída
Capacidade vital
Diminuída
Complacência total
Diminuída
Pressão inspiratória máxima
Diminuída
Pressão transdiafragmática
Diminuída
Ventilação voluntária máxima
Diminuída
Capacidade de difusão do CO2
Diminuída
Substâncias antioxidantes epiteliais
Diminuída
Força dos músculos respiratórios
Diminuída
Pressão artérial de oxigênio
Diminuída
Sensibilidade respiratória à hipóxia
Diminuída
O que está aumentado
Complacência pulmonar
Aumentada
Espaço morto
Aumentado
Capacidade residual funcional
Aumentada
Volume residual
Aumentado
Percentual de neutrófilos
Aumentado
Relação CD4+/CD8+
Aumentada
O que está inalterado
Capacidade pulmonar total
Inalterada
  

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