Seminário
5: farmacocinética – Distribuição dos fármacos
Autor: João Maximiano
Escola de ciências médicas UNIFENAS-BH
Introdução
Após
absorção ou administração de um fármaco na circulação sistêmica, ocorre sua
distribuição no interstício e no meio intracelular. Sua distribuição é
influenciada por:
·
Débito cardíaco
·
Fluxo sanguíneo regional
·
Volume tecidual
Inicialmente
órgãos com boa perfusão recebem a maior parte do fármaco, enquanto que a
liberação para os músculos, a maioria das vísceras, pele e gordura é mais
lenta.
Com
exceções, como o cérebro, a difusão do fármaco no líquido intersticial ocorre
rapidamente devido à natureza altamente permeável da membrana endotelial
capilar.
A
distribuição tecidual de um fármaco é determinada pela capacidade que tem este
ultimo em atravessar barreiras biológicas multifásicas (hidrofílicas e
lipofílicas). São importantes determinantes desta capacidade:
·
Lipossolubilidade
·
Diferença de pH entre LIC e LEC
·
Ligação
às proteínas plasmáticas
Proteínas plasmáticas
Muitos
fármacos se ligam a proteínas plasmáticas, principalmente à albumina no caso
dos ácidos, e à α1 – glicoproteína ácida no caso das bases. A
ligação geralmente costuma ser reversível.
É
importante frisar que a ligação de um fármaco às proteínas plasmáticas limita
sua concentração nos tecidos e em seu local de ação, visto que apenas o fármaco
livre está em equilíbrio através das membranas.
Alguns
fatores influenciam na ligação do fármaco às proteínas do plasma:
·
Afinidade
do fármaco pela proteína: quanto maior for a afinidade do fármaco
pela proteína (< Kd) menor será a concentração de droga livre para atuar nos
tecidos, quanto menor for a afinidade do fármaco pela proteína (>Kd) maior
será sua concentração na forma livre no plasma.
·
Concentração
de proteínas plasmáticas: altos níveis de proteínas plasmáticas,
como ocorre, por exemplo, na artrite em
que aumentam o número de alfa1- glicoproteína ácida, pode diminuir a
quantidade de fármaco livre. Em outros momentos, por exemplo, no caso da
hipoalbuminemia ocorre uma elevação da droga livre.
·
Gradiente
de concentração
·
Fluxo
sanguíneo
Gráficos a serem
interpretados
Neste
gráfico deve-se estar atento a seguinte situação: o aumento da constante de
dissociação (Kd) é inversamente proporcional à afinidade que um fármaco tem
pela proteína plasmática. Dessa forma, quanto maior o Kd menor será a afinidade
do fármaco pela proteína estando presente em maior concentração na forma livre.
Neste
gráfico temos a clara demonstração da proporcionalidade inversa entre a
concentração de fármaco livre no plasma e a concentração de proteína
plasmática, neste caso representada pela albumina.
Este
gráfico procura esclarecer o conceito de saturação das proteínas plasmáticas.
Na linha tracejada em vermelho fica claro que a partir daquele momento ocorre
uma mudança de crescimento na concentração de fármaco livre, que passa de um
crescimento linear para um padrão de crescimento exponencial. Isso ocorre pois,
a partir deste momento, o fármaco não se liga mais a proteínas plasmáticas o
que faz com que todo o fármaco absorvido ou administrado seja encontrado na
forma livre.
Aspectos clínicos
importantes
·
Quando uma determinada droga é utilizada em
concomitância com outra e, esta outra apresenta um efeito competidor com a
droga inicial pela proteína plasmática pode ocorrer um aumento da concentração
da primeira droga na forma livre, proporcionando, portanto, um efeito
sinérgico.
·
Muitas drogas apresentam grande afinidade
pelos componentes dos tecidos se ligando rapidamente a eles. Estas drogam
apresentam grande volume de distribuição (Vd). Estas drogas podem ficar
armazenadas nos tecidos por longos períodos e ir sendo liberada na corrente
sanguínea de forma gradual.
Barreiras tissulares
A
distribuição de fármacos no SNC a partir do sangue é peculiar, porque há
barreiras funcionais que restringem a penetração dos fármacos nesse local
crítico. Uma causa disso é que as células endoteliais dos capilares do cérebro
tem junções de oclusões contínuas; portanto, a penetração dos fármacos no
cérebro depende mais do transporte transcelular que do paracelular entre as
células.
UNIFENAS RESUMIDA
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