FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS - UNIFENAS-BH
JOÃO MAXIMIANO
ANDROPAUSA
Definição
O
termo andropausa vem sendo utilizado para descrever um conjunto de sintomas,
incluindo perda de energia, depressão, diminuição do libido e disfunção erétil
que ocorrem no homem de meia-idade com um nível baixo de testosterona. O termo andropausa
assim como menopausa, implica um estado de deficiência hormonal secundária a
uma falência gonadal.
Formas de apresentação da testosterona
·
Testosterona
ligada à SHBG (inativa): corresponde à testosterona que está
fortemente ligada à globulina transportadora de hormônios sexuais e que, por esta razão não está disponível
para os tecidos.
Ø Valor de referência da SHBG: 11 – 80 mmol/dL
·
Testosterona
livre calculada: fração de testosterona que circula livremente
sem estar ligada à qualquer proteína estando portanto disponível para os
tecidos.
Ø Valor de referência: > 7,2ng/dL
·
Testosterona
ligada à albumina: corresponde à fração de testosterona que
está ligada fracamente à proteína albumina podendo se desassociar e atuar nos
tecidos.
·
Testosterona
biodisponível: corresponde à soma da testosterona livre
calculada com a testosterona ligada à albumina e representa toda à testosterona
disponível para os tecidos (ativa).
Ø Valor de referência: > 150ng/dL
·
Testosterona
total: corresponde à soma de todas as frações anteriormente
citadas.
Ø Valor de referência: 280-800ng/dL
Fisiologia
a)
Antes
da andropausa: A produção normal de testosterona ocorre da
seguinte maneira: ocorre uma secreção intermitente de LH e FSH pela hipófise
sob influência do GnRH secretado pelo hipotálamo. O LH estimula as células de
Leydig a secretar testosterona, de forma pulsátil e num ritmo diurno de altos
níveis pela manhã e baixos pela noite. O FSH, por sua vez, tem um papel
indireto na esteroidogênese através da indução da maturação das células de
Leydig em desenvolvimento e pelo aumento do numero de receptores de LH nessas
células.
b) Na andropausa: Após
os 50 anos os níveis de testosterona declinam numa taxa de 1% ao ano. Múltiplos
fatores estão relacionados à sintomatologia características da andropausa.
Normalmente, de maneira análoga ao que ocorre na mulher, as alterações estão
ligadas à um distúrbio no eixo hipotálamo-hipófise-gonadal (EHHG). Um
desbalanço neste eixo geralmente ocorre a partir de intercorrências gonadais e/ou
centrais que apresentam como resultado final uma queda na produção de
testosterona.
·
Intercorrências
gonadais: existe 1) uma diminuição no número de células de Leydig, 2)
disfunção na perfusão testicular, 3) um aumento moderado nos níveis de LH que
acabam por acarretar uma modulação negativa nos receptores deste hormônio nas
próprias células de Leydig e 4) há uma diminuição nas enzimas da via metabólica
que governa a produção de testosterona.
·
Intercorrências
centrais: ocorre 1) uma perda no ritmo circadiano da testosterona
sérica (maior pela manha e basal pela noite) e 2) uma sensibilidade aumentada
ao feedback negativo dos hormônios
sexuais na secreção de gonadotrofina.
·
Intercorrência
adicional: somado à diminuição da produção e secreção de
testosterona tem-se um aumento no número de SHBG o que diminuí a quantidade de
testosterona biodisponível.
Ações da testosterona
A
ação da testosterona é primariamente androgênica e inclui: 1) iniciação e manutenção da
espermatogênese, 2) formação do fenótipo masculino durante a diferenciação
sexual, 3) promoção da maturação sexual na puberdade, 4) controla a atividade e potencia sexual e 5) apresenta um efeito
anabolizante aumentando a massa muscular.
Outros hormônios envolvidos na
sintomatologia da andropausa
·
Suprarrenal:
queda
na produção dos hormônios DHEA e sulfato de deidroepiandrostenediona.
·
Glândula
pineal: declínio de melatonina levando à distúrbios do sono
característicos do idoso.
·
Hormônio
do crescimento (GH): tem uma redução de 14% por década
apresentando níveis bem reduzidos após os 50 anos. Esta redução está associada à
diminuição da massa muscular e força, densidade óssea, distribuição de pelos e
padrão de obesidade todos também associados ao hipogonadismo.
·
Tolerância
à glicose: cerca de 40% dos indivíduos entre 65-75 anos
e 50% dos indivíduos com mais de 80 anos apresentam tolerância à glicose ou DM.
·
Tireoide:
ocorre
uma queda na liberação hipofisária de TSH com uma diminuição na conversão periférica
de T4 para T3 resultando em uma discreta diminuição de T3.
Manifestações clínicas
Em
contraste com a menopausa o processo de andropausa, ou DAEM, é, comumente,
caracterizado por uma progressão lenta. O quadro clínico pode ser facilmente
atribuído as consequências naturais do envelhecimento.
A
síndrome da andropausa é caracterizada por:
1) Diminuição
do desejo sexual e qualidade da ereção (demora, menor rigidez e dificuldade de
sustentar), particularmente a ereção noturna, diminuição da duração e
intensidade do orgasmo e aumento do período refratário
2) Mudanças
no humor, com diminuição concomitante na atividade intelectual, habilidade de
orientação espacial, fadiga, depressão e irritabilidade;
3) Diminuição
dos pelos corporais e alterações na pele;
4) Diminuição
na densidade mineral óssea, resultando e osteoporose;
5) Aumento
da gordura visceral e sintomas vasomotores.
Diagnóstico clínico
No
homem adulto o hipogonadismo é diagnosticado com confirmação de exames
laboratoriais na presença de sinais e sintomas que acompanham esta entidade
(tabela abaixo)
Manifestações da
deficiência de testosterona
|
Diminuição
da libido
|
Disfunção
erétil
|
Depressão
|
Diminuição
na massa e força muscular
|
Osteoporose
e osteopenia
|
Acumulo
de gordura visceral
|
Diminuição
do volume testicular
|
Existem vários questionários para avaliação do
envelhecimento masculino. O que apresenta melhor desempenho diagnóstico é o
desenvolvido pela Universidade de Saint Louis, conhecido como ADAM (tabela
abaixo)
Screening
da síndrome de diminuição da testosterona – Universidade
de St. Louis
|
Você tem diminuição do
interesse sexual?
|
Você
tem diminuição de energia?
|
Você
sente uma diminuição na força ou tônus muscular?
|
Você
perdeu peso?
|
Você
tem notado uma diminuição de prazer nas atividades diárias?
|
Você
se sente triste ou desanimado?
|
As suas ereções estão mais
fracas?
|
Você
está dormindo após o jantar?
|
Você
notou uma diminuição na sua habilidade de praticar esportes?
|
Você
notou uma diminuição na sua performance no trabalho?
|
O
questionário é positivo se as respostas forem afirmativas em 1 ou 7 ou em três
perguntas quaisquer.
Diagnóstico laboratorial
Alternativa: ao
invés de utilizar a testosterona biodisponível que normalmente é um exame caro
pode-se pedir a testosterona livre calculada que apesar de ser menos confiável
é uma alternativa mais acessível. Neste caso os valores de normalidade serão
> 7,2ng/dL.
Diagnóstico diferencial
Se o
nível de testosterona está claramente hipogonádica, é importante tentar
determinar alguma causa etiológica para essa deficiência hormonal que não o
envelhecimento. Inicialmente deve-se determinar se a causa é primária ou
secundária, através da medida de LH e FSH. Se estas se mostrarem alteradas as
medidas podem ser repetidas em 2 a 3 amostras com 20 a 30 minutos de intervalo.
Junto com as gonadotrofinas os níveis de prolactina devem ser medidos, pois a
hiperprolactinemia pode levar ao hipogonadismo. Se o homem tem ginecomastia ou
se suspeita de um tumor testicular deve-se obter uma dosagem de estradiol. Caso
os exames sugiram hipogonadismo secundário deve-se seguir com a RNM da
hipófise.
Em
indivíduos mais idosos com valores de testosterona total > 280ng/dL, uma
avaliação detalhada para se descobrir a etiologia pode não ser necessária.
Fonte bibliográfica e referências??????????
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