Autor: João Maximiano
ALZHEIMER
Epidemiologia
A
população idosa mundial se apresenta em pleno crescimento e, com isso, também
temos o aumento da prevalência das demências tendo como a mais comum delas, nos
países ocidentais, o Alzheimer (DA).
A DA
é uma doença degenerativa que retira a autonomia dos idosos tornando-os
dependentes de outras pessoas.
Perspectivas para DA no mundo
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2010
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35,6 milhões de pessoas
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2030
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65,7 milhões de pessoas
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2050
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115,4 milhões de pessoas
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Cerca
de 2/3 dos casos da doença estão em países de baixa ou média renda e o aumento
nos próximos anos ocorrerá exatamente nestes países.
No
Brasil estima-se que em 2010 tínhamos 1,25 milhões de pessoas com DA. Como
agravante, falhas na detecção precoce da doença ocorrem com frequência.
Todos
os profissionais que lidam com idosos devem estar atentos à sinais de demência
para que intervenções sejam feitas o mais breve possível prolongando a
qualidade de vida destes pacientes.
A
incidência e a prevalência das demências aumentam exponencialmente com a idade,
dobrando, aproximadamente, a cada 5 anos, a partir dos 60 anos de idade.
Como
bom contribuinte para o aumento da prevalência temos: 1) o aumento da
expectativa de vida das pessoas e 2) a melhoria da qualidade de vida das
pessoas com demência.
Prevalência das demências de acordo
com a faixa etária
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65 a
69 anos
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1,53%
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70 a
74 anos
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3,54%
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75 a
79 anos
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6,8%
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80 a
84 anos
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13,57%
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85 a
89 anos
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22,26%
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90 a
94 anos
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31,48%
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Fatores de risco para DA
Até
o momento ops fatores de risco não-modificaveis para DA são:
·
Idade
·
Gênero feminino após 80 anos de idade
·
Síndrome de Down
·
História familiar positiva
·
Gene de susceptibilidade (ApoE4)
Alguns genes pesquisados que estariam
envolvidos com a DA
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Gene
da APoE2
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Confere
efeito protetor à DA
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Gene
da ApoE4
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Aumenta
a susceptibilidade à DA
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CLU
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Elimina
a placa amiloide
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CR1
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Elimina
a placa amiloide
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PICALM
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Envolvido
na neurotransmissão sináptica
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Butinilcolinesterase
variante K
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Localizado
no cromossomo 3
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Alpha-2
macroglobulina
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Clearence de Aβ
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ACT-A
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xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
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PLA2
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Influencia
o processamento e secreção de APP
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Neuropatologia da DA
Os
principais achados neuropatológicos encontrados na DA são a perda neuronal e a
degeneração sináptica intensa, com acumulo e deposição no córtex cerebral de
duas lesões principais: placas senis ou
neuríticas (PS) e emaranhados neurofibrilares (ENF).
1) Placas senis ou neuríticas (PS)
a) Conceito: as
PS são lesões extracelulares formadas de débris
e restos celulares com um núcleo central proteico sólido constituído pelo
peptídeo β-amilóide (Aβ).
b) Formação:
2)
Emaranhados
neurofibrilares (ENF)
a)
Conceito:
são
inclusões intraneurais compostas de bandas de elementos citoesqueléticos
anormais medindo 20nm de diâmetro com constrições regulares a cada 80nm ,
denominados filamentos helicoidais pareados insolúveis (PHF).
b)
Formação: os
microtubulos, que ligam o corpo neuronal ao axônio, são formados por duas
proteínas a alfa e beta tubulina. Estas, por sua vez, são ligadas e
estabilizadas umas as outras pela proteína Tau presente nas células. Na DA
ocorre uma fosforilação anormal destas estruturas desestabilizando-as,
ocasionando edema e distrofia dos microtubulos e, por fim, morte neuronal.
Embora
a PS e o ENF possam ser encontrados no envelhecimento normal, sua presença é
muito mais acentuada em indivíduos que tem DA.
As
principais vias prejudicadas na DA são as vias colinérgicas sendo, portanto, a
acetilcolina o principal neurotransmissor depletado. Estudos sugerem que a
partir da formação da placa senil vários outros fenômenos degenerativos
ocorrerão como exemplo de: formação do ENF, processo oxidativo e de peroxidação
lipídica, a excitotoxicidade glutaminérgica, inflamação e ativação da cascata
de morte celular por apoptose e o déficit colinérgico.
Abaixo
temos um esquema que representa a via de propagação do Alzheimer com as
principais áreas acometidas:
Quadro
clínico
De
forma simplificada, a sinmatologia da doença pode ser descrita utilizando-se
um modelo de três estágios de Cummings
& Benson.
Estágio1 ( inicial) 2 a 3 anos
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·
Comprometimento
da memória declarativa episódica (recordar datas, compromissos, nomes
familiares e fatos recentes).
·
Anosognosia
(não reconhece o seu déficit de memória)
·
Dificuldade
para lidar com coisa complexas
·
Dificuldade
para aprender coisas novas
·
Em
geral perdem objetos e esquecem alimentos no fogão ou coisas do gênero.
·
Podem
se manifestar problemas de orientação espacial.
·
Pode
ocorrer retraimento social, abandono de passatempos, apatia, alterações de
comportamento ex: explosões de raiva.
|
Estágio 2 (intermediário) 2 a 10
anos
|
·
Deterioração
mais acentuada dos déficits de memória
·
Sintomas
focais (afasia, apraxia, agnosia, alterações visuoespaciais e
visuoconstrutivas)
·
Não
consegue realizar tarefas em etapas
·
Dificuldade
para realizar tarefas diárias levando a um declínio funcional.
·
Sintomas
não cognitivos: agitação, perambulação, agressividade, questionamentos
repetitivos, reações catastróficas e distúrbios do sono.
·
Depressão
e ansiedade
|
Estágio 3 (avançado e terminal) 8 a
12 anos
|
·
Todas
as funções cognitivas estão seriamente lesadas dificuldade para reconhecer
faces em ambientes familiares
·
Dependência
total
·
Afasia
motora pronunciada ate alcançar o mutismo
·
Dificuldade
para atender comandos simples
·
A
morte sobrevém como complicação da síndrome de imobilismo (septicemia causada
por pneumonia, infecção urinária e úlceras de decúbito)
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Diagnóstico
da DA
Em termos práticos, para o
estabelecimento de DA inicialmente é necessário o diagnóstico de demência.
Abaixo estão os critérios do CID-10 para diagnosticar demência.
Assegurados
os requisitos mínimos para o diagnóstico de demência, o segundo passo é
identificar os déficits cognitivos associados à DA, ao desempenho na avaliação
cognitiva e os resultados dos exames laboratoriais e de neuroimagem.
No
presente inexistem meios para fechar precisamente o diagnóstico de DA durante a
vida, sendo os testes apenas para triagem. O diagnóstico preciso é feito no pós mortem através da necropsia
identificando as PS e os ENF.
Tratamento da DA
Anticolinesterasicos (IChE)
Agem
inibindo a colinesterase diminuindo desta forma a degradação da acetilcolina e
a consequente potencialização de seu efeito.
Precauções: pacientes
com doença do nó-sinusal, e outros distúrbios supraventriculares de condução
cardíaca ou em pacientes que utilizam concomitantemente fármacos que reduzem a
FC como os betabloqueadores.
História
de asma grave ou de DPOC, obstrução
urinária ou em recuperação de cirurgia da bexiga ou gastrointestinal.
Tratamentos não farmacológicos da DA
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Técnicas de reabilitação cognitiva
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Orientação
para a realidade, treinamento da memória, reminiscência, técnicas de
estimulação por meio de arte e de outras terapias comportamentais, sociais e
de recreação, dança e musicoterapia.
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Acompanhamento nutricional
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Sempre
que houver alterações de peso, de hábitos dietéticos e do estado nutricional.
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Tratamento fisioterápico
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Indicado
em pacientes com alteração do equilíbrio e marcha e de perda significativa da
força muscular.
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Intervenção fonoaudióloga
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Sugerida
nos estágios iniciais da doença quando as desordens de linguagem são
relevantes.
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Intervenção da enfermagem
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Sobretudo
em questões relacionadas aos hábitos de vida, às rotinas diárias, ao uso
correto de medicação e aos efeitos colaterais, à manutenção da integridade
cutâneo mucosa, hidratação.
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