quinta-feira, 14 de março de 2013

DOR ABDOMINAL NA CRIANÇA


FACULDADE DE CIÊNCIA MÉDICAS - UNIFENAS - BH
DOR ABDOMINAL NA CRIANÇA
João Lage

Considerações preliminares
·         A criança pequena não informa adequadamente.
·         Criança chega ao hospital, irritada, chorosa e com dor.
·         Pais ansiosos.
Tipo de dor: 1) visceral e 2) parietal.
a)   Visceral: é mediada pelo SNA e produz-se por distensão ou contração das vísceras ocas, por distensão da cápsula das vísceras sólidas (fígado, baço) e, ainda, por processos isquêmicos. Geralmente a dor é mal localizada sendo referida na região central do abdome. Dores tipo cólica e em paroxismos no qual a criança fica inquieta.
b)   Parietal: é mediada pelo sistema nervoso somático ou peritônio-parietal é transmitida pelo sistema nervoso cérebro-espinhal  e surge quando o peritônio parietal é atingido. Dor bem localizada e agrava-se com a movimentação. O paciente fica quieto em posição antálgica e pode apresentar contratura da parede abdominal.

Obs. Geralmente o acometimento parietal é tardio, tendo inicio, portanto, uma afecção visceral que evolui para a afecção peritoneal.

Tipos de Abdome agudo
Abdome agudo inflamatório
Dor progressiva acompanhada de febre e vômito. E posteriormente irritação peritonial.  Ex clássico: apendicite.
Abdome agudo perfurativo
Dor abdominal de forte intensidade, aguda secundária à perfuração, distensão abdominal por escape de ar, peritonite precoce e paciente assume posição antálgica. O diagnostico é feito pelo RxT que evidencia pneumoperitônio (acumulo de ar abaixo da cúpula diafragmática)
Abdome agudo obstrutivo
Dor intermitente, tipo cólica e difusa. Distensão abdominal e vômito são possíveis. Peristaltismo pode ser visível. É necessário pedir RxAbdome em ortostatismo.
Abdome agudo vascular
Dor abdominal aguda, intensidade variável, pode ter sinais de choque ou sépse.

Diagnóstico diferencial:
·         Cólica idiopática do lactente (1° trimestre)
·         DRGE
·         Pneumonias
·         Linfoadenite mesentérica
·         Anemias hemolíticas (anemia falciforme)
·         Doenças auto-imunes
Causas de abdome agudo
1.    Estenose hipertrófica do piloro: ((RN))
a)    Epidemiologia básica
·         Corresponde a principal causa cirúrgica de vômitos no RN.
·         Acomete mais o gênero masculino
·         Associa-se à HF + para estenose.
b)   Fisiopatologia: pouco conhecida. RN nascido nasce bem e a partir da 3°semana de vida começa a apresentar vômitos por conta da hipertrofia do piloro formando um abdome agudo obstrutivo.
c)   Clinica: vômitos não biliosos em jato, piloro aumentável palpável, peristaltismo gástrico visível, perda de peso ponderal associado a distúrbios hidroeletrolíticos importantes.
d)   Diagnóstico: RX-EED e US.
e)   Tratamento: cirúrgico.
2.    Invaginação intestinal: ((Lactente))
Corresponde a invaginação de um segmento de um intestino para dentro de outro segmento. Na maioria das vezes este quadro é idiopático (sem causa definida)
a)    Epidemiologia básica
·         Principal faixa etária acometida: 6 a 10 meses de idade.
·         Grande maioria causas idiopáticas associada a infecções virais
·         Região-íleocecal é a mais acometida
b)   Clínica: criança com dor abdominal tipo cólica com períodos de melhora. No caso teremos um abdome agudo obstrutivo. Com o passar do tempo a mucosa intestinal começa a ter sofrimento e é detectado sangue nas fezes na forma de “geleia de morango”. Vômitos tardios.
c)    Diagnóstico: Rx pode ser inespecífico. O definitivo pode ser por US ou por enema.
d)   Tratamento: 1) tentar desfazer a obstrução através do enema injetando contraste, bário ou ar. 2) tratamento cirúrgico por labarotomia transversa.
3.    Divertículo de Meckel: ((pré-escolar))
a)    Epidemiologia básica
·         Comum: em torno de 2% da população
·         Na grande maioria assintomático
·         Achado casual em cirurgias por outros motivos
b)   Fisiopatologia: ocorre por falha na regressão do conduto onfalomesentérico.
c)    Complicação (25%): invaginação e obstruções intestinais. Hemorragias e perfurações e ainda infecções. Principal complicação hemorragia manifestando-se como um abdome agudo vascular hemorrágico.
d)   Diagnóstico: cintilografia é necessária em caso de sangramento. Pode fazer US.



4.    Ascaridíase
·         Obstrução de intestino delgado é a mais comum.
·         Eliminação de Ascaris pela boca nariz, anus.
·         Abdome agudo obstrutivo
·         Rx: sinal de miolo de pão. Juntar o Rx com o quadro clínico.
·         Tratamento: em caso de semi-oclusão intestinal: tratamento conservador com jejum, descompressão com cateter nasogástrico. Oferecer óleo mineral (40ml (bolus) + 15ml 2/2h) para o paciente ingerir e esperar para ver se vai sair pelo anus. Se sair significa que tem-se uma obstrução parcial, se não sair a obstrução é total sendo necessário um tratamento cirúrgico. Caso a obstrução seja parcial administra-se antiparasitário (Piperozina).
5.    Apendicite
a)    Epidemiologia básica:
·         Principal causa de abdome agudo na criança
·         Incidência é na faixa  de 6 – 12 anos sendo rara < 2 anos
b)   Clínica: criança terá mais febre, vômitos e diarreia. Criança apresenta mais peritonite. Inicialmente temos um abdome agudo inflamatório que com o tempo pode perfurar ou obstruir. Na fase inicial ocorre dor típica periumbilical que é de origem visceral. Com o avançar ocorre o acometimento do peritônio parietal e a dor começa a localizar na fossa ilíaca direita.
c)    Fisiopatologia: Fezes acumulam no lúmen do apêndice, isso provoca uma inflamação aguda na mucosa com proliferação de bactérias, aumento do pH.
d)   Diagnóstico: primordialmente clínico. US é interessante em casos duvidosos e em meninas. Tomografia pode auxiliar no diagnóstico mas pode não ser tolerada pois é necessário ingerir contraste.
e)    Tratamento: cirúrgico por incisão na fossa ilíaca direita, exposição do apêndice, clampar os vasos auxiliares e seccionar o apêndice.
6.    Hérnia inguinal
·         99 % das hérnias são indiretas, isto é, por persistência do conduto peritônio vaginal. Sendo portanto congênitas;
a)    Fisiopatologia: o testículo inicialmente é intra-abdominal. Após o nascimento á o fechamento. Se ficar pouco aberto pode dar uma hidrocele (passagem de líquido com aumento do volume escrotal) neste caso espera até 2 anos de idade para fechar se não fechar pode abrir mais e causar a hérnia. Se a região inguinal estiver livre é hidrocele.
b)   Clínico: criança com abaulamento na região inguinal.
c)    Tratamento: sempre cirúrgico, pois pode ter complicações como encarceramento ou estrangulamento.
7.    Hérnia umbilical: fechamento incompleto do anel umbilical mais comum na raça negra e no sexo feminino. Relação com fraqueza da fáscia transversales. Até 5 a 6 anos a maioria irá fechar. Complicações são raras. O tratamento só ocorre quando não fecha no tempo estipulado ou quando é muito grande sem melhora.
8.    Distopia do testiculares
·         Principal anomalia sexual
·         Acomete 4% dos RN a termo e 33% dos RN prematuros.
a)    Complicações: infertilidade e maglização.
b)   Classificação: 1) anorquia, 2) testículo retido (intrabdominal), 3) testículo retrátil, 4) testículo ectópico, 5)criptorquidia (palpável na região inguinal).

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