João Lage
Considerações
preliminares
·
A criança pequena não informa adequadamente.
·
Criança chega ao hospital, irritada, chorosa
e com dor.
·
Pais ansiosos.
Tipo de dor: 1)
visceral e 2) parietal.
a) Visceral:
é
mediada pelo SNA e produz-se por distensão ou contração das vísceras ocas, por
distensão da cápsula das vísceras sólidas (fígado, baço) e, ainda, por
processos isquêmicos. Geralmente a dor é mal localizada sendo referida na
região central do abdome. Dores tipo cólica e em paroxismos no qual a criança
fica inquieta.
b) Parietal: é
mediada pelo sistema nervoso somático ou peritônio-parietal é transmitida pelo
sistema nervoso cérebro-espinhal e surge
quando o peritônio parietal é atingido. Dor bem localizada e agrava-se com a
movimentação. O paciente fica quieto em posição antálgica e pode apresentar
contratura da parede abdominal.
Obs. Geralmente o
acometimento parietal é tardio, tendo inicio, portanto, uma afecção visceral que
evolui para a afecção peritoneal.
Tipos
de Abdome agudo
|
|
Abdome agudo inflamatório
|
Dor progressiva acompanhada de febre
e vômito. E posteriormente irritação peritonial. Ex clássico: apendicite.
|
Abdome agudo perfurativo
|
Dor abdominal de forte intensidade,
aguda secundária à perfuração, distensão abdominal por escape de ar,
peritonite precoce e paciente assume posição antálgica. O diagnostico é feito pelo RxT que
evidencia pneumoperitônio (acumulo de ar abaixo da cúpula diafragmática)
|
Abdome agudo obstrutivo
|
Dor intermitente, tipo cólica e
difusa. Distensão abdominal e vômito são possíveis. Peristaltismo pode ser
visível. É necessário pedir RxAbdome em ortostatismo.
|
Abdome agudo vascular
|
Dor abdominal aguda, intensidade variável,
pode ter sinais de choque ou sépse.
|
Diagnóstico diferencial:
·
Cólica idiopática do lactente (1° trimestre)
·
DRGE
·
Pneumonias
·
Linfoadenite mesentérica
·
Anemias hemolíticas (anemia falciforme)
·
Doenças auto-imunes
Causas de abdome agudo
1.
Estenose
hipertrófica do piloro: ((RN))
a)
Epidemiologia
básica
·
Corresponde a principal causa cirúrgica de
vômitos no RN.
·
Acomete mais o gênero masculino
·
Associa-se à HF + para estenose.
b) Fisiopatologia: pouco
conhecida. RN nascido nasce bem e a partir da 3°semana de vida começa a
apresentar vômitos por conta da hipertrofia do piloro formando um abdome
agudo obstrutivo.
c) Clinica: vômitos
não biliosos em jato, piloro aumentável palpável, peristaltismo gástrico
visível, perda de peso ponderal associado a distúrbios hidroeletrolíticos
importantes.
d) Diagnóstico: RX-EED
e US.
e) Tratamento:
cirúrgico.
2. Invaginação intestinal: ((Lactente))
Corresponde
a invaginação de um segmento de um intestino para dentro de outro segmento. Na
maioria das vezes este quadro é idiopático (sem causa definida)
a)
Epidemiologia
básica
·
Principal faixa etária acometida: 6 a 10 meses
de idade.
·
Grande maioria causas idiopáticas associada a
infecções virais
·
Região-íleocecal é a mais acometida
b)
Clínica:
criança
com dor abdominal tipo cólica com períodos de melhora. No caso teremos um abdome
agudo obstrutivo. Com o passar do tempo a mucosa intestinal começa a
ter sofrimento e é detectado sangue nas fezes na forma de “geleia de morango”.
Vômitos tardios.
c)
Diagnóstico: Rx
pode ser inespecífico. O definitivo pode ser por US ou por enema.
d)
Tratamento: 1)
tentar desfazer a obstrução através do enema injetando contraste, bário ou ar.
2) tratamento cirúrgico por labarotomia transversa.
3. Divertículo de Meckel: ((pré-escolar))
a)
Epidemiologia
básica
·
Comum: em torno de 2% da população
·
Na grande maioria assintomático
·
Achado casual em cirurgias por outros motivos
b)
Fisiopatologia:
ocorre
por falha na regressão do conduto onfalomesentérico.
c)
Complicação
(25%): invaginação e obstruções intestinais. Hemorragias e
perfurações e ainda infecções. Principal complicação hemorragia manifestando-se
como um abdome agudo vascular hemorrágico.
4.
Ascaridíase
·
Obstrução de intestino delgado é a mais
comum.
·
Eliminação de Ascaris pela boca nariz, anus.
·
Abdome agudo obstrutivo
·
Rx: sinal
de miolo de pão. Juntar o Rx com o quadro clínico.
·
Tratamento:
em
caso de semi-oclusão intestinal: tratamento conservador com jejum, descompressão
com cateter nasogástrico. Oferecer óleo mineral (40ml (bolus) + 15ml 2/2h) para
o paciente ingerir e esperar para ver se vai sair pelo anus. Se sair significa
que tem-se uma obstrução parcial, se não sair a obstrução é total sendo
necessário um tratamento cirúrgico. Caso a obstrução seja parcial administra-se
antiparasitário (Piperozina).
5.
Apendicite
a)
Epidemiologia
básica:
·
Principal causa de abdome agudo na criança
·
Incidência é na faixa de 6 – 12 anos sendo rara < 2 anos
b)
Clínica:
criança
terá mais febre, vômitos e diarreia. Criança apresenta mais peritonite.
Inicialmente temos um abdome agudo inflamatório que com o tempo pode perfurar
ou obstruir. Na fase inicial ocorre dor típica periumbilical que é de origem
visceral. Com o avançar ocorre o acometimento do peritônio parietal e a dor
começa a localizar na fossa ilíaca direita.
c)
Fisiopatologia: Fezes
acumulam no lúmen do apêndice, isso provoca uma inflamação aguda na mucosa com
proliferação de bactérias, aumento do pH.
d)
Diagnóstico:
primordialmente clínico. US é interessante em casos duvidosos e em meninas. Tomografia
pode auxiliar no diagnóstico mas pode não ser tolerada pois é necessário ingerir
contraste.
e)
Tratamento: cirúrgico
por incisão na fossa ilíaca direita, exposição do apêndice, clampar os vasos
auxiliares e seccionar o apêndice.
6.
Hérnia
inguinal
·
99 % das hérnias são indiretas, isto é, por persistência
do conduto peritônio vaginal. Sendo portanto congênitas;
a)
Fisiopatologia:
o
testículo inicialmente é intra-abdominal. Após o nascimento á o fechamento. Se
ficar pouco aberto pode dar uma hidrocele (passagem de líquido com aumento do
volume escrotal) neste caso espera até 2 anos de idade para fechar se não
fechar pode abrir mais e causar a hérnia. Se a região inguinal estiver livre é
hidrocele.
b)
Clínico:
criança com abaulamento na região inguinal.
c)
Tratamento:
sempre cirúrgico, pois pode ter complicações como encarceramento ou
estrangulamento.
7.
Hérnia
umbilical: fechamento incompleto do anel umbilical mais
comum na raça negra e no sexo feminino. Relação com fraqueza da fáscia
transversales. Até 5 a 6 anos a maioria irá fechar. Complicações são raras. O
tratamento só ocorre quando não fecha no tempo estipulado ou quando é muito
grande sem melhora.
8.
Distopia
do testiculares
·
Principal anomalia sexual
·
Acomete 4% dos RN a termo e 33% dos RN
prematuros.
a)
Complicações:
infertilidade
e maglização.
b)
Classificação: 1)
anorquia, 2) testículo retido (intrabdominal), 3) testículo retrátil, 4)
testículo ectópico, 5)criptorquidia (palpável na região inguinal).
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