quinta-feira, 14 de março de 2013

BRONQUIOLITE AGUDA

,

Bronquiolite Aguda

João Lage


Definição: Bronquiolite viral aguda é uma infecção respiratória aguda, de etiologia viral, que compromete as vias aéreas de pequeno calibre (bronquíolos), através de um processo inflamatório agudo, levando a um quadro respiratório do tipo obstrutivo com graus variáveis de intensidade.
Geralmente a doença acomete predominantemente crianças com até 1 ano de idade, e dentre elas principalmente as com 6 meses de idade e ainda mais prematuros.
O principal agente é o vírus respiratório sincicial (VRS). Outros agentes também podem estar envolvidos como o vírus da parainfluenza tipo 3 e alguns adenovirus.
Fatores de risco:
·         Lactentes com cardiopatia congênita
·         Imunodeficientes
·         Doença pulmonar crônica da prematuridade
·         Prematuridade
·         Desnutrição
·         Desmame precoce
·         Contato com fumaça de cigarro ou poeira.
Fisiopatologia
O VRS provoca lesão citotóxica direta, desencadeando processos imunopatológicos, em que linfócitos T, neutrófilos e eosinófilos desempenham importante papel. Mediadores inflamatórios são liberados causando edema de submucosa e adventício, bem como, hipersecreção de muco podendo levar a obstrução bronquiolar. Como consequência, há o desequilíbrio na relação ventilação/perfusão, que resulta em hipoxemia, presente em todos os casos. Os casos mais graves podem evoluir com hipercapnia e acidose respiratória.

Manifestações clínicas
Caracteriza-se por sibilância com, ou sem, tosse, taquipnéia e esforço respiratório, acompanhados de outras evidencias de doença viral. Pode ocorrer dificuldade alimentar e em casos mais graves insuficiência respiratória.
Diagnóstico
Fundamenta-se em critérios epidemiológicos, clínicos e radiológicos. Frequentemente há evidencia de vias aéreas superiores nos contatos. Após  um período de incubação de 4 – 5 dias, o lactente passa a apresentar sinais de infecção respiratória alta, tipo rinofaringite. Pode estar afebril ou ter grau variável (37,5°C – 39,0°C). Em 48 a 72 horas, agrava-se o quadro, com taquidispnéia, tosse, sibilos expiratórios e, às vezes crepitações teleinspiratórias. Conjuntivite e OMA são observadas com frequência. Há relato de apneia.
He regressão progressiva dos sintomas, observando-se melhoras em três a quatro dias e normalização da frequência respiratória e gasometria em uma a duas semanas. No entanto, 20% dos pacientes podem apresentar um curso protraído com sibilância persistente, indicativa de hiperreatividade brônquica pós-viral, hiperinsuflação pulmonar e alterações na gasometria, que podem persistir por alguns meses.
Alterações radiológicas: são inespecíficas
·         Hiperinsuflação (61%)
·         Espessamento peribrônquico (46%)
·         Atelectasia (12%)
·         Consolidação (24%)
O leucograma e  a Proteina C reativa podem ser de valor quando há suspeita de complicações bacterianas, que são pouco frequentes.


Gasometria: A gasometria consiste na leitura do pH e das pressões parciais de O2 e CO2 em uma amostra de sangue.
Diagnóstico diferencial:
·         ICC
·         Pneumonias bacterianas
·         Síndromes aspirativas
·         Coqueluche
·         Fibrose cística
·         Asma (é o principal diagnostico que se confunde) – Neste caso a HF, o início súbto, sem infecções e a resposta aos bronquiodilatadores são dados que favorecem o diagnóstico de asma.
Tratamento
A família deve ser esclarecida sobre a natureza e a evolução natural da enfermidade, para que haja compreensão das medidas terapêuticas. Princípios a serem considerados:
·         O paciente não deve ser agredido com drogas ou procedimentos desnecessários;
·         Não existe tratamento específico, mas sim, medidas de suporte.
·         Criança deve ser mantida em posição confortável com o tórax ligeiramente elevado;
·         A dieta deve ser oferecida em pequenos volumes com maior frequência;
·         A hidratação adequada favorece a eliminação de secreções e deve ser baseada nas necessidades diárias., acrescidas de perdas verificadas.
·         Oxigenioterapia
·         Em situações mais graves a adrenalina por sua ação adrenérgica de dilatação bronquiolar pode ser útil.
·         Ribavirina (Ribavirin): é a única droga disponível contra o VRS. É descrita como um virustático, significando que a sua presença evita a formação de novas partículas virais. A inibição da replicação viral permite que uma resposta imunológica do hospedeiro se desenvolva naturalmente, para o combate da infecção viral. Apresenta alto custo e difícil aplicação, alem de possuir um grande potencial teratogênico. É recomendada apenas em casos de bronquiolite aguda grave, quando há maior risco de insuficiência respiratória.
·         Palivizumab (Synagis): anticorpo monoclonal contra VRS. Quando usado mensalmente mostrou-se eficaz em reduzir as internações por bronquiolite aguda. É indicado, portanto, na prevenção em pacientes pediátricos com alto risco para doença por VRS.




Nenhum comentário:

Postar um comentário

comenta ai vai!!