Câncer de pulmão
Câncer
Pulmonar broncogênico
Definição:
o carcinoma brônquico
ou câncer de pulmão é um tumor maligno primitivo de natureza epitelial mais
comum no trato respiratório inferior. Pode ser dividido em dois grupos
histológicos principais: 1) Câncer pulmonar de células não pequenas (células
escamosas, adenocarcinoma e células grandes) e 2) câncer de pulmão de células
pequenas.
Epidemiologia:
no mundo o câncer de
pulmão é responsável por aproximadamente, 13% de todos os tipos de câncer; mais
de 1,1 milhões de casos de câncer de pulmão são diagnosticados anualmente e
mais de 1 milhão de mortes são causadas por esta doença.
A incidência e a mortalidade pela
doença é maior em negros seguida por brancos e hispânicos. A idade média de diagnóstico
situa-se em 70 anos, para ambos os sexos.
O tabagismo em estudantes do ensino
médio aumentou até 1990 e, a partir daí, começou a declinar. Porem ainda cerca
de 38% dos jovens no ensino médio ainda fumam.
Fatores
de risco
·
Tabagismo: estima-se que o tabagismo seja
responsável por, aproximadamente, 85% a 90% de todos os casos de câncer de
pulmão. Já foram identificados mais de 40 carcinógenos no cigarro. O tabagismo
passivo também constitui fator de risco principalmente se for constante e em
local fechado e pouco ventilado.
·
Exposição a outros agentes: radônio, asbesto, arsênico, berílio,
cádmio, cromo, níquel, cloreto de vinil e hidrocarbonetos aromáticos.
·
Doença pulmonar pré-existente: pacientes com DPOC e/ou pneumoconioses
tem risco aumentado em desenvolver câncer de pulmão.
·
Fatores dietéticos: baixa concentração sérica de
vitaminas antioxidantes como a vitamina A e E aumentam a chance da doença. A
suplementação de β-caroteno, entretanto, aumenta a incidência de câncer de
pulmão. O consumo exagerado de gordura na dieta também aumenta o risco. Altas
concentrações de selênio tem sido associadas a fator protetor contra o câncer
de pulmão.
·
Diferenças de gênero e raciais: mulheres que fumam tem uma chance
maior de terem câncer de pulmão que homens na mesma situação especialmente em
se tratando de adenocarcinoma e de células pequenas.
·
Infecção pelo HIV: está aumentado o risco de câncer em
pacientes com sorotipo para HIV.
·
Hereditariedade: parentes de primeiro grau de pacientes
com câncer de pulmão tem risco 2 a 6 vezes maior de desenvolver a doença se fumarem.
Para não fumantes o risco neste caso será de 2 a 4 vezes maior.
Fatores
de risco para Câncer de pulmão
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Modificáveis
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Imutáveis
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Tabagismo
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Hereditariedade
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Exposição ocupacional
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Gênero e etnia
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DPOC e pneumoconioses prévias
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Fatores dietéticos
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Infecção pelo HIV
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Fisiopatologia:
o desenvolvimento de
câncer de pulmão é o resultado de um processo em múltiplas etapas desde uma
lesão pré-maligna até o câncer de fato, após vários anos. O cigarro e outros
carcinógenos promovem alterações sequenciais genéticas e epigenéticas que
resultam na perda do controle normal dos mecanismos de crescimento celular.
Essas alterações afetam: 1) os oncogenes, 2) os genes supressores de tumor, 3)
fatores de crescimento e 4) epigenética.
a) Oncogênes:
os que desempenham
papel na patogênese do câncer de pulmão são: 1)RAS, 2) família MYC, 3)HER-2/neu
e 4) o Bcl-2.
·
RAS (H-ras, K-ras e N-ras): no câncer de pulmão o principal é o
K-ras que é ativado por mutações pontuais no códon 12 das células do câncer de
pulmão. A mutação ocorre em adenocarcionomas principalmente em tabagistas porem
não ocorre em carcinoma de células pequena (CPCP).
·
MYC ( a-myc, L-myc e M-myc): são observados em 10% a 40% de CPCP e
em 10% Cancer de pulmão de células não pequenas (CPCNP). O gene mais alterado
contudo é o c-myc cuja ampliação nos tumores CPCP está associada a menor
sobrevida.
·
HER-2/neu: codifica o receptor para o fator de
crescimento ou p185neu. Está ativado nos CPCNP, mas não nos CPCP.
·
Bcl-2: oncogene que codifica a proteína que inibe
a morte celular programada (apoptose), tem sua expressão aumentada
principalmente no CPCP.
Oncogênes
X prevalência
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Genes
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Tipo de câncer
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RAS (K-ras)
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CPCNP
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MYC (c-myc)
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CPCNP e CPCP
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HER-1/neu
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CPCNP
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Bcl-2
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CPCP
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b) Genes
supressores de tumor: os
genes supressores de tumor são: 1)p53, 2)Rb e 2)3p.
·
P53: codifica uma fosfoproteína nuclear que
controla a divisão celular tanto em células normais quanto malignas. Se o DNA
de uma célula é danificado p53 causa a interrupção celular que induzirá a
apoptose. As células p53 mutantes perdem sua função predispondo a malignidade.
A mutação deste gene está relacionada ao tabagismo e tem sido detectadas em
lesões pré-neoplásicas. Pode ocorrer tanto em CPCNP quanto em CPCP.
·
Rb (retinoblastoma): codifica uma fosfoproteína nuclear
que regula o ponto de verificação da fase G1/S do ciclo celular pela
ligação a ciclina D e a vários fatores de transcrição. Quando Rb não funciona o
ponto de verificação da fase G1/S fica descontrolado, o que leva a
proliferação celular e a transformação maligna. Pode ocorrer tanto em CPCNP
quanto em CPCP.
·
3p: deleção no braço curto do cromossomo 3(3p)(p14-p23). A
deleção acontece em aproximadamente em 50% dos CPCNP e 90% dos CPCP.
c) Fatores
de crescimento: os
fatores de crescimento produzidos por células do câncer de pulmão podem
promover um crescimento parácrino (células adjacentes) ou autócrino (da mesma
célula). Os fatores autócrinos de importância são: GRP (principalemnte no
CPCP), IGF-1 (CPCNP) e o EGFR que é produzido pelo ontogênese HER-1/neu e é
mais frequente nos CPCNP.
d) Epigenética:
se refere a uma
alteração na expressão gênica que é herdada, mas não envolve alterações na
sequencia do DNA. Uma dessas modificações inclui alterações na metilação do
DNA. Essas alterações podem incluir: hipometilação, desregulação da
DNA-metiltransferase I e hipermetilação. Essa hipermetilação pode então
silenciar os genes supressores de tumor.
Manifestações clínicas: cerca de 15 % dos pacientes são
assintomáticos. O diagnóstico, geralmente, é feito acidentalmente em uma
radiografia torácica obtida por outras razões. Entretanto a maioria é
sintomática e os sintomas ocorrem devido a: 1) lesão pulmonar, 2) disseminação
intratorácica, 3) disseminação extratorácica e 4) síndromes paraneoplásicas.
a) Lesão
pulmonar: tosse,
hemoptise, dispnéia, sibilo. Dor torácica quando na periferia e com
acometimento pleural.
b) Disseminação
intratorácica: podem
estar relacionados a extensão direta do tumor ou a metástases para linfonodos regionais.Disfagia
pode ocorrer devido a compressão esofágica. Rouquidão pode surgir por paralisia
do nervo laríngeo-recorrente. A paralisia do nervo frênico essa associada a
dispneia e soluços. Tumores apicais podem causar síndrome de Horner, dor
secundária a destruição das costelas, atrofia da musculatura da mão e dor na
distribuição das raízes de C8, T1 e T2, devido a invasão tumoral do plexo
braquial. Pode ocorre compressão da VCS podendo ocorrer dispnéia, edema facial,
dilatação das veias cervicais e circulação colateral na superfície torácica. Outras manifestações de disseminação
intratorácica incluem derrame pleural causando dispneia, derrame pericárdico
causando insuficiência cardíaca, arritimia ou tamponamento.
c) Disseminação
extratorácica: pode
ocorrer metástase óssea (vértebras, costelas e ossos pélvicos). A dor é um
sintoma primário. Metástases hepáticas podem produzir dor no quadrante direito.
Metástases adrenais podem causar dor mas frequentemente são assintomáticas.
Metástase cerebral pode causar vômitos, náuseas, dores de cabeça, convulsões,
confusão, alteração de personalidade e sinais e sintomas neurológicos focais.
d) Síndromes
paraneoplásicas: as
síndromes endócrinas incluem hipercalemia, secreção inapropriada de ADH e
hormônio adrenocorticotrófico. As síndromes neurológicas incluem Eaton-Lambert,
encefalopatia límbica, degeneração cerebelar, neuropatia sensorial subaguda, neuropatia
autonômica e neurite óptica. As manifestações esqueléticas incluem
baqueteamento digital e osteopatia pulmonar hipertrófica. As síndromes
hematológicas-vasculares incluem estados
de hipercoagulação, tromboflebite migratória, endocardite trombótica não
bacteriana. As manifestações cutâneas incluem desrmatofitose, hiperceratose de
mãos e palmas.
Diagnóstico:
é realizado por exame
citológico de amostras de biópsia tecidual, escarro, lavado brônquico,
escovação brônquica de lesões suspeitas, fluido do lavado broncoalveolar e
aspirado transbronquico e transtorácico com agulha.
Nódulo pulmonar solitário: é
uma lesão assintomática com menos de 3 cm de diâmetro, rodeado por parênquima
pulmonar normal. Um nódulo que não apresenta alterações de tamanho no ultimo
ano geralmente é benigno uma TC de 0,3mm pode avaliar melhor suas características
de tamanho e crescimento.
Patologia: a
classificação histológica do câncer de pulmão inclui: 1) adenocarcionama,
2)carcinoma de células escamosas, 3) carcinoma de células grandes e 4)
carcinoma de células pequenas.
O
de células escamosas e o adenocarcionoma são melhor classificados por serem:
bem diferenciados, moderadamente diferenciados e pouco diferenciados, sendo
estes últimos mais agressivos. O adenocarcionoma é mais comum no sexo feminino.
Sob
uma perspectiva prática com base nas diferenças biológicas, as características
clínicas, as propriedades de crescimento e o tratamento o câncer de pulmão é
dividido em CPCNP e CPCP.
Estadiamento: o
estadiamento do CPCNP depende do T (tamanho do tumor), N(envolvimento dos
linfonodos regionais) e M(metástases distantes). E o CPCP é estadiado em
limitado ou extenso.
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