Doença aterosclerótica coronariana (DAC):
angina estável
João Lage
Revisão
da vascularização arterial do coração
Os vasos sanguíneos do coração
compreendem as artérias coronárias e veias cardíacas, que conduzem o a maior
parte do sangue que entra e sai da maior parte do miocárdio. O endocárdio e
parte do subendocárdio recebem sangue por difusão ou por microvascularização
diretamente das câmaras do coração. Os vasos sanguíneos do coração são afetados
pela inervação simpática e parassimpática.
a) Vascularização
arterial do coração
·
Artéria coronária direita (ACD): origina-se do seio da aorta direito da
parte ascendente da aorta e passa para o lado direito do tronco pulmonar,
seguindo o sulco coronário. Próximo a sua origem a ACD emite um ramo do nó
sinoatrial ascendente, que irriga só o nó SA. A ACD então desce no sulco
coronário e emite o ramo marginal
direito, que irriga a margem direita do coração enquanto segue em direção ao
ápice do coração, porem sem alcançá-lo. Após emitir esse ramo a ACD vira para a
esquerda e continua no sulco coronário até a face posterior do coração. Na
junção dos septos interatrial e interventricular a ACD dá origem ao ramo do nó
atrioventricular que irriga o nó AV.
ACD
dá origem ao grande ramo interventricular posterior que desce no sulco IV
posterior em direção ao ápice do coração (artéria descendente posterior). Esse
ramo irriga áreas adjacentes de ambos os ventrículos.
No
quadro a seguir estarão descritos os locais que recebem nutrição pela ACD:
Locais
supridos pela ACD:
|
AD
|
A
maior parte do VD
|
Face
diafragmática do VE
|
Parte
do septo IV, geralmente o terço posterior.
|
O
nó SA (em 60% das pessoas)
|
O
nó AV (em 80% das pessoas)
|
b) Artéria
coronária esquerda (ACE): origina-se
do seio da aorta esquerdo da parte ascendente da aorta passa entre a aurícula
esquerda e o lado esquerdo do tronco pulmonar e segue no sulco coronário.
Quando entra no sulco coronário na extremidade superior do sulco IV anterior a
ACE divide-se em dois ramos: 1) o ramo IV anterior (artéria descendente
anterior esquerda ou DAE) e 2) o ramo circunflexo. A primeira segue ao longo
sulco IV até o ápice do coração onde costuma fazer anastomose com a descendente
posterior ramo da ACD.
Abaixo
segue um quadro citando os locais irrigados pelas ACE:
Locais
supridos pela ACE:
|
AE
|
A
maior parte do VE
|
Parte
do VD
|
A
maior parte do sulco IV, geralmente seus 2/3 anteriores
|
Nó
AS (em 40% das pessoas)
|
Cardiopatia
isquêmica
É
um distúrbio no qual existe um suprimento inadequado de sangue e oxigênio para
o miocárdio; ocorre sempre que há um desequilíbrio entre oferta e demanda de
oxigênio para o miocárdio. A causa mais comum é a DAC.
Fisiopatologia: os principais determinantes da demanda
miocárdica de oxigênio (MVO2) são a frequência cardíaca (FC),
contratilidade miocárdica e tensão da parede miocárdica. Um suprimento adequado
de oxigênio depende da capacidade do sangue de transportá-lo e, isso depende
de: 1) nível inspirado de oxigênio, 2)função pulmonar e 3) função da hemoglobina
(Hb). Também é fundamental que ocorra um fluxo sanguíneo coronariano adequado.
Com
a redução do diâmetro interno das artérias coronarianas a aterosclerose irá
limitar os aumentos apropriados da perfusão quando a demanda de sangue for
aumentada, como ocorre durante o esforço físico e o estresse.
Aterosclerose coronariana: as artérias coronárias epicárdicas são
a principal localização da doença aterosclerótica. Os principais fatores de risco
para doença aterosclerótica são:
·
Tabagismo
·
Aumento
da razão LDL/HDL
·
Hipertensão
·
DM
Estes fatores de risco alteram as
funções normais do endotélio vascular, manutenção da superfície antitrombótica bem
como deficiência de aderência e diapedese de células inflamatórias. A perda das
referidas defesas acarreta vasoconstrição inadequada, formação de trombos
intraluminais e interações anormais com leucócitos, especialmente monócitos e
plaquetas do sangue. Finalmente, a interação do monócito leva ao acumulo de
lipídeos, células musculares lisas fibroblastos e matriz intercelular sobre a
intima que levarão a reduções segmentares da área transversa dos vasos.
Se uma estenose obstrui 50% o vaso
ocorre limitação na capacidade de aumentar fluxo para atender à maior demanda
do miocárdio. Quando a obstrução for de 80% o fluxo em repouso poderá ficar
comprometido.
A localização da obstrução influencia
a extensão do miocárdio colocado sob risco isquêmico e determina a gravidade
das manifestações clínicas. Assim, as obstruções críticas dos vasos, como o
tronco da coronária esquerda ou descendente anterior esquerda, são
particularmente perigosas. A estenose progressiva crônica faz com que haja o
crescimento de vasos colaterais capazes de suprir a demanda em repouso porem em
esforços estes vasos não serão suficientes para evitar a isquemia.
Com a piora progressiva da estenose de
uma artéria epicárdica proximal, os vasos de resistência distal irão dilatar-se
para reduzir a resistência vascular e manter a irrigação sanguínea coronariana.
Neste caso a vasoconstrição desencadeada por atividade física, estresse
emocional e taquicardia podem gerar isquemia miocárdica.
Efeitos
da isquemia: podem
ocorrer distúrbios transitórios nas funções mecânicas, bioquímicas e elétricas
do miocárdio. A aterosclerose coronariana é um distúrbio focal que geralmente
causa isquemia não-uniforme, dessa forma, pode ser gerado acinesia segmentar e
nos casos mais graves discinesia que pode reduzir enormemente a função do
coração como bomba.
A intensidade e duração do
desequilíbrio entre a oferta e a demanda miocárdicas de oxigênio determinam se
o dano será reversível (≤ 20 minutos de oclusão total na ausência de vasos
colaterais) ou permanente com necrose miocárdica subsequente (> 20 min)
Angina de peito estável
Definição
de angina: A angina é
uma síndrome clínica caracterizada por dor ou desconforto em qualquer das
seguintes regiões: tórax, epigástrio, mandíbula, ombro, dorso ou membros
superiores, sendo tipicamente desencadeada ou agravada com atividade física ou
estresse emocional e atenuada com uso de nitroglicerina e derivados. A angina
usualmente acomete portadores de DAC com comprometimento de, pelo menos, uma
artéria epicárdica. Entretanto, pode também ocorrer em casos de doença cardíaca
valvar, cardiomiopatia hipertrófica e hipertensão não controlada.
Pacientes com coronárias normais e
isquemia miocárdica relacionada ao espasmo ou disfunção endotelial também podem
apresentar angina.
Classificações
empregadas para angina: as
anginas podem ser classificadas quanto: 1) típica, não-típica e não-cardíaca e
2) instável e estável.
No primeiro caso podemos obedecer a
tabela abaixo:
No segundo caso devemos citar o conceito
de cada tipo de angina
·
Angina
estável: caracteriza-se
por desconforto no tórax ou braço que pode não ser descrito como dor, mas está
frequentemente associado ao esforço físico ou estresse, sendo aliviado 5 a
10min depois de repouso e/ou nitroglicerina sublingual.
·
Angina
instável: é definida
como angina de peito ou desconforto isquêmico equivalente pelo menos com uma de
três manifestações: 1) ocorre em repouso (ou com esforço mínimo), 2) é intensa
e tem início recente (nas últimas 4 a 6 semanas) e/ou 3) possuí padrão
progressivo (ou seja, é nitidamente mais grave, prolongada ou frequente do que
antes).
Graduação
da angina
Manifestações
clínicas
a) História
clínica:
·
Geralmente
acomete homens com mais de 50 anos e mulheres com mais de 60.
·
Queixa
de dor torácica como sensação de peso, pressão constrição, sufocação ou asfixia
e apenas raramente dor franca.
·
Paciente
localiza a dor geralmente com sobre a região esternal com o punho cerrado
(Sinal de Levine).
·
Em
geral, a angina tem padrão crescente-decrescente, dura tipicamente 2 a 5min e
pode irradiar-se para o ombro bem como para os dois braços principalmente para
as faces ulnares do antebraço e mão. Também pode irradiar-se para o dorso,
região interescapular, base do pescoço, mandíbula, arcada dentária e
epigástrio.
·
Um
sinal diferencial importante é que no caso de a dor se irradiar para o músculo
trapézio indica pericardite e não evento isquêmico.
·
Geralmente
a angina estável aos esforços será aliviada pelo repouso e pelo uso de
nitroglicerina sublingual.
·
É
importante verificar a história familiar de IC prematura (parentes de primeiro
grau com menos de 45 anos para homens e 55 anos para mulheres) e a existência
de DM, dislipidemia, hipertensão, tabagismo e outros fatores de risco para
aterosclerose.
Qualidade
|
Constritiva, aperto, peso, opressão,
desconforto, queimação, pontada
|
Localização
|
Precordial,retroesternal, ombro,
epigástrio, cervical, hemitórax, dorso
|
Irradiação
|
Membros superiores (direito,
esquerdo,ambos), ombro, mandíbula,pescoço, dorso, região epigástrica
|
Duração
|
<
10 min
|
Fatores desencadeantes
|
Esforço físico,atividade sexual,
posição, alimentação, respiração, componente emocional, espontânea
|
Fatores de alívio
|
Repouso, nitrato
sublingual,analgésico, alimentação, antiácido, posição e apneia
|
Sintomas associados
|
Sudorese, náusea, vômito, palidez, dispneia,
hemoptise, tosse, pré-síncope e
síncope
|
b) Exame
físico: geralmente
não apresenta alterações em pacientes com angina estável. Entretanto, na
vigência da dor pode apresentar alguns sinais sugestivos de DAC, sendo eles:
·
Presença
de B3, B4 ou galope
·
Sopro
de regurgitação mitral
·
Desdobramento
paradoxal de B2
·
Estertoração
pulmonar bibasal
·
Pulsos
de mmii diminuídos
·
Endurecimento
arterial
·
Aneurisma
abdominal
·
PA
elevada
·
Xantoma
e Xantelasmas
·
Reflexos
luminosos aumentados ao exame de fundoscopia
·
A
palpação pode cardiomegalia e contração anormal do Ictus cordis
Avaliação
laboratorial
Urina
|
Evidenciar
DM e doença renal (microalbuminúria) pois estes distúrbios aceleram a
aterosclerose
|
Sangue
|
Colesterol
total e frações e TG, glicose, creatinina, Hematócrito e provas de função
tireoidiana.
|
Marcadores de necrose
|
CK-MB e troponina – úteis para diferenciar de AI e
esclarecer a presença ou não de necrose bem como avaliar a necessidade de
internação.
|
Testes
não invasivos
a) ECG:
·
Alterações
indicativas de áreas inativas prévias (onda QS ou Qr acompanhada de T negativo)
sugerem DAC
·
Alterações
da repolarização ventricular que sugerem isquemia subepicárdica (onda T
negativa, simétrica e pontiaguda)
·
Alterações
de repolarização ventricular que sugerem isquemia subendocárdica (onda T
positiva, pontiaguda e simétrica)
·
Alterações
de repolarização ventricular que sugerem isquemia subendocárdica
(infradesnivelamento do ponto J e do segmento ST com formação de concavidade
voltada para cima)
Correlação área X derivação
|
|
Antero
septal
|
V1, V2, V3 e V4
|
Antero-lateral
|
V4, V5, V6, DI e AVL
|
Lateral
alta
|
DI e AVL
|
Anterior
extensa
|
V1 a V6 e DI e AVL
|
Inferior
|
DII, DIII e AVF
|
Dorsal
|
V7 e V8 com recíproca em V1 a V3
|
b) Radiografia
de tórax: indicada em
pacientes com DAC, sinais de ICC e outros pacientes com suspeitas de doença
pulmonar. Pacientes com pneumotórax, pneumomediastino, fraturas de costela e
infecções agudas podem ser vislumbradas na radiografia.
c) Teste
ergométrico: para
interpretar o TE é necessário levar em consideração as respostas clínicas
relacionadas a capacidade funcional, as respostas eletrocardiográficas e as
respostas hemodinâmicas. As variáveis mais preditivas de obstrução coronariana
são: depressão do segmento ST ≥ 0,1mV ou 1mm medido a 0,8 seg do ponto J, com
configuração horizontal ou descendente, e a presença de dor anginosa.
d) Ecocardiograma:
pode fornecer
importante auxilio diagnóstico, especialmente quando a história clínica e o ECG
não são com conclusivos. Através do ECO é possível demonstrar anormalidades,
reversíveis ou não, na motilidade segmentar.
Teste
invasivo
Angiografia
(cineangiocoronariografia): é
um método diagnóstico que possibilita o estudo no interior das coronárias. Está
indicada nas seguintes situações:
·
Pacientes
com angina estável crônica intensamente sintomáticos apesar do tratamento
clínico e candidatos à revascularização, isto é, intervenção coronariana
percutânea (ICP) ou revascularização do miocárdio com bypass das artérias coronárias (CRM)
·
Pacientes
com sintomas importantes que imponham dificuldades diagnósticas, nos quais haja
necessidade de confirmar ou afastar cardiopatia isquêmica.
·
Pacientes
com AI já diagnosticada ou suspeita que tenham sobrevivido a uma parada
cardíaca
·
Pacientes
com angina ou suspeita de isquemia nos exames não-invasivos e evidências
clínica ou laboratorial de disfunção ventricular
·
Pacientes
considerados sob alto risco de complicações coronarianas com base nos sinais de
isquemia grave nos exames não-invasivos, independente da presença ou gravidade
dos sintomas.
Prognóstico
Qualquer um dos sinais a seguir quando
encontrados na investigação não-invasiva indicam alto risco de evento
coronariano:
·
Incapacidade
de realizar o exercício por 6 minutos (estágio II de Bruce)
·
Infradesnivelamente
de ST ≥ 0,1mV antes de concluir o estágio II
·
Infradesnivelamento
do segmento ST ≥ 0,2mV em qualquer estágio
·
Infradesnivelamento
do segmento ST por mais de 5 minutos depois da interrupção do exercício
·
Declínio
da pressão sistólica > 10mmHg durante o exercício
·
Aparecimento
de taquiarritimias ventriculares durante o exercício
·
Desenvolvimento
de falhas de perfusão volumosas ou múltiplas
·
Redução
da fração de ejeção ventricular esquerda
Diagnóstico
diferencial
Tratamento
O tratamento deve ser dividido em: 1)
invasivo e 2) não invasivo. Para tanto é necessário seguir a seguinte ordem
para estipular o tratamento:
Explicar e orientar o paciente
|
Identificar e tratar distúrbios
agravantes
|
Adaptação da atividade
|
Tratar os fatores de risco
|
Terapia medicamentosa
|
Revascularização coronariana e
tratamento cirúrgico
|
Tratamento
não invasivo (clínico)
Os objetivos fundamentais do
tratamento da doença coronariana crônica (DAC) incluem: 1) prevenir o infarto
do miocárdio e reduzir a mortalidade; 2) reduzir os sintomas e a ocorrência da
isquemia miocárdica, propiciando melhor qualidade de vida.
Explicação e orientação: os
pacientes com CI tem de entender sua doença e saber que podem ter uma vida
normal mesmo após eventos drásticos como IAM. Para isso, devem ser encorajados
a realizar atividade física e fazer a reeducação alimentar.
Identificação e tratamento dos
distúrbios agravantes: uma
doença de valva aórtica, cardiomiopatias hipertróficas, obesidade, hipertensão
e hipertireoidismo. Tabagismo, doenças pulmonares que comprometem a oxigenação
do sangue, anemia.
Adaptação da atividade: algumas
tarefas que
habitualmente causam angina podem ser realizadas sem sintomas, simplesmente
reduzindo a rapidez com que são feitas. Os pacientes devem reduzir sua demanda
energética pela manhã, logo depois das refeições e nos dias frios ou
tempestuosos. O estresse deve ser tratado.
Deve-se recomendar enfaticamente um
programa de exercício regular que não ultrapassem 80% da FC.
Tratamento dos fatores de risco: tratar a dislipidemia, hipertensão e
DM. A obesidade também deve ser tratada. É fundamental instituir uma dieta
pobre em ácidos graxos saturados e gorduras trans
almejando sempre perda ponderal até o peso adequado. O tabagismo deve ser
combatido veemente.
Tratamento farmacológico
Prevenção
de infarto e redução da mortalidade cardiovascular
1) Antiagregantes
plaquetários
a) Aspirina
(AAS): os seus
efeitos advém da inibição da ciclo-oxigenase-1 com consequente inibição do tromboxane
A2. A aspirina continua sendo um antiplaquetário de excelência devendo sempre
ser prescrita com exceção de raros casos como (alergia, intolerância,
sangramento ativo, úlcera péptica ativa e hemofilia).
b) Derivados
tienopiridinicos: A
ticlopidina e o clopidogrel são antagonistas da ativação plaquetária mediada
pelo difosfato de adenosina (ADP), importante via para agregação plaquetária. Também
reduzem o nível de fibrinogênio circulante e bloqueiam parcialmente os
receptores de glicoproteína IIb/IIIa, impedindo sua ligação ao fibrinogênio e
ao fator von Willebrand.
Clopidogrel
Grau de recomendação I, nível de evidência B
Na
contra-indicação absoluta ao uso de aspirina; associado com aspirina após
intervenção com stents, por, pelo menos, 30 dias.
Ticlopidina
Grau de recomendação IIa, nível de evidência B
Na
contra-indicação absoluta ao uso de aspirina; associado com aspirina após
intervenção com stents, por 30 dias.
c) Anticoagulantes:
nos pacientes de alto
risco a associação de aspirina com warfarina foi melhor do que quando usados
separadamente. A warfarina aumenta a chance de AVE do tipo hemorrágico devendo
ser utilizada apenas em casos de trombose. Pode ser utilizada como substituto
da aspirina em caso de completa intolerância a esta.
Presença
de alto risco trombótico, para ser usada associada à aspirina; especialmente
após infarto do miocárdio.
Grau
de recomendação I, nível de evidência A.
Como
alternativa à completa intolerância à aspirina.
Grau de recomendação IIa,
nível de evidência A.
2) Agentes
hipolipemiantes: as
metas recomendadas pela III diretriz de dislipidemia são:
·
Triglicérides < 150mg/dl
·
LDL-c < 100 mg/dl
·
HDL-c > 50mg/dl em mulheres e >
40 mg/dl em homens
·
Colesterol total < 200mg/dl
·
VLDL < 30mg/dl
a) Fibratos:
são indicados no
tratamento de hipertrigliceridemias quando a MEV não for eficaz e/ou quando os
Tg séricos forem > 500mg/dl.
b) Resinas
de troca: deve ser
utilizado apenas em caso de intolerância às estatinas e não devem ser
utilizadas em caso de hipertrigliceridemia.
c) Acido
nicotínico: grau de
recomendação II.
d) Estatinas:
constitui a melhor
droga para controle do LDL-c. Deve ser suspendida caso haja aumento de 3 vezes
o numero de aminotransferases, ou se houver dor muscular ou aumento da
creatinoquinase > 10 vezes o normal.
e) Omega
3: reduz Tg. Grau de
recomendação II.
f) Ezetimiba: pode ser associado à estatina ou
utilizado em sua substituição.
3) Bloqueadores
betadrenérgicos: são
drogas de primeira escolha no tratamento de DAC, pois reduzem a mortalidade
cardiovascular, isquemia e angina de peito. Reduzem a demanda de oxigênio no
miocárdio, inibindo os aumentos na FC, pressão arterial e contratilidade
miocárdica causados pela ativação adrenérgica.
Efeitos
colaterais: fadiga, diminuição da tolerância ao exercício, pesadelos,
impotência sexual, extremidades frias, claudicação intermitente, bradicardia,
redução da condução AV, insuficiência de VE, asma brônquica, intensificação da
hipoglicemia em indivíduos que fazem uso de hipoglicemiantes. A retirada deve
ser feita progressivamente.
4) IECA:
nos indivíduos com
maior risco a redução da mortalidade por melhora do perfil hemodinâmico,
perfusão subendocárdica e estabilização de placas ateroscleróticas.
De
rotina, quando há disfunção ventricular, e/ou insuficiência
cardíaca
e/ou diabetes melito
Grau
de recomendação I, nível de evidência A
De
rotina em todos os pacientes com DAC
Grau de recomendação IIa, nível de
evidência B
DAC e
infarto prévio
Grau
de recomendação I, nível de evidência A.
DAC
sem infarto prévio, com ou sem disfunção ventricular isquêmica
Grau de recomendação I, nível de
evidência B.
Tratamento
para reduzir os sintomas de isquemia miocárdica
1) Betabloqueadores
adrenérgicos: isoladamente
ou em associação aos bloqueadores de canal de cálcio ou aos nitratos constituem
a droga de primeira escolha na redução dos sintomas isquêmicos miocárdicos.
Devem ser utilizados de rotina em indivíduos com angina de peito de esforço.
2) Bloqueadores
dos canais de cálcio:
seus efeitos farmacológicos incluem: 1) relaxamento da musculatura lisa,
redução da pós-carga, efeitos inotrópicos negativos e redução do consumo de
oxigênio. Os derivados diidropiridínicos (nifedipina, anlodipino e outros), os
benzodiazepnicos (diltiazem) e as fenilalquilaminas (verapamil) constituem os
principais grupos.
·
Vaparamil:
reduz a condução AV, tem efeito inotrópico negativo, relaxa a musculatura lisa
vascular causando vasodilatação e aumentando o fluxo sanguíneo e reduzindo a
pós-carga.
·
Diidropiridínas:
relaxam a musculatura lisa vascular, não modificam a velocidade da condução AV
e por mecanismo reflexo aumentam a FC.
·
Ditiazem:
efeitos semelhantes ao do vaparamil porem com depressão miocárdica menos
intensa.
Na angina estável vasoespástica
(diidropiridínicos de ação
prolongada, verapamil e diltiazem)
Grau de recomendação
I, nível de evidência B38,39
Na contra-indicação
absoluta do uso de betabloqueadores
(Preferentemente verapamil
e diltiazem)
Grau de recomendação
I, nível de evidência B33-40
Diidropiridínico associado
ao betabloqueador, quando este não controlar a angina
Grau de recomendação
I, nvel de evidência B33-40
Diltiazen associado ao
betabloqueador, quando este não controlar a angina
(com cuidado, por poder
levar a bradicardias intensas)
Grau de recomendação
IIb, nível de evidência B40
Diidropiridínicos de ação
rápida e curta
Grau de recomendação
III, nível de evidência B
3) Nitratos:
os nitratos
sublinguais de ação rápida exercem efeitos imediatos (1 a 3 minutos). Os efeitos
vasodilatadores perduram por 30 a 45 minutos. O alívio dos sintomas advém da
vasodilatação, diminuição da pós-carga e dilatação coronariana. O uso contínuo
pode levar a tolerância.
Para
tratar a crise de angina, forma sublingual ou spray.
Grau
de recomendação I, nível de evidência C
Preparações
de ação prolongada em pacientes sintomáticos, mesmo betabloqueados.
Grau
de recomendação I, nível de evidência B
Preparações
de ação prolongada, como monoterapia na intolerância ao betabloqueio
Grau de recomendação IIa, nível de
evidência B
4) Trimetazidina
Associado
a outros antianginosos ou substituindo nitrato de ação prolongada, em pacientes
ainda sintomáticos mesmo com terapia otimizada e múltipla.
Grau de recomendação IIa, nível de evidência B
Uso
como terapia única ou associada aos nitratos, na intolerância aos
betabloqueadores e antagonistas de cálcio.
Grau de recomendação IIb, nível de evidência C
Tratamento
invasivo
Embora o tratamento básico dos
pacientes com CI seja clínico, conforme descrito anteriormente, muitos
indivíduos se beneficiam dos procedimentos de revascularização coronariana.
Estas intervenções devem ser realizadas simultaneamente ao tratamento clínico.
a) Intervenção
coronariana percutânea (ICP): envolve dilatação com
balão em geral acompanhada da colocação de stent. Indicação: angina de
peito apesar de tratamento clínico em pacientes com sinais de isquemia
detectada durante prova de esforço.
b) Revascularização
do miocárdio com Bypass coronário (CRM): com este procedimento faz-se anastomoses de uma ou duas artérias
mamárias internas, ou de uma artéria radial, com as artérias coronárias distais
às lesões obstrutivas. Para outras obstruções não-suscetíveis ao desvio
arterial, utiliza-se um segmento venoso (geralmente a veia safena) para
estabelecer uma comunicação entre a aorta e a artéria coronária distal à lesão
obstrutiva. Indicação: sexo masculino, idade inferior a 80 anos, não apresenta
comorbidades agravantes, possuí angina incomoda ou incapacitante que não pode
ser controlada satisfatoriamente com o tratamento clínico, tolera mal o
tratamento clínico, apresenta estenose grave de duas ou mais artérias
epicárdicas com sinais objetivos de isquemia miocárdica como causa do
desconforto torácico.
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